A pandemia renova os “centros de rotação” da vida humana
Pe. Heinrich Walter – Na avaliação da crise do coronavírus, fala-se até mesmo de uma mudança de época na qual estamos sendo conduzidos. Isso faz lembrar o ponto de virada de Copérnico*, quando ele mudou completamente a visão do mundo. Foi reconhecido que não é o sol que gira em torno da terra, mas o contrário, a terra gira ao redor do sol. Essa constatação coincidiu com uma lenta mudança na maneira de pensar e agir das pessoas.
Qual é o centro da humanidade? Nossa sociedade global hoje gira em torno do mercado de bens. A oferta e a demanda determinam a dinâmica. Buscamos a eficiência e temos prestado menos atenção à estabilidade. Tudo gira em torno de números e cotas. O objetivo final é o crescimento. Quantos somos? Quanto temos? O que podemos fazer para sermos mais?
E então, o pequeno vírus veio e deteve esta dinâmica por enquanto. O foco mudou em algumas semanas. Isso aconteceu em todo o mundo. O foco mudou para ajudar, considerar, salvar vidas humanas, incluindo as dos asilos de idosos. A mídia mostrou imagens de corresponsabilidade e valorização das profissões que, de repente, se tornaram relevantes, como a coleta de lixo.
A sociedade começou a girar mais e mais em torno da pessoa humana. A humanidade foi movida para este foco sem precedentes na vida humana.
E assim a pergunta é: O que é o homem? Quão livre é o homem? Esta liberdade pode ser limitada para salvar os outros? O que inclui a dignidade do ser humano? E em todo o mundo está surgindo um novo tipo de vínculo, conectado entre estratos da sociedade, entre moradores da mesma rua anteriormente desconhecidos. Começou-se a ser levada em consideração a vida do outro, a família se tornou uma convivência estreita. Na grande necessidade, a preservação do mercado foi relativizada em favor do ser humano. Em torno de que centro giramos?
No momento da necessidade, a impotência tornou-se evidente, e cada semana de novo, como agora com os novos surtos do vírus. Está chegando uma segunda onda? Não temos tudo sob controle, como sempre acreditamos: Yes we can! (sim, nós podemos)? A insegurança e o medo estão se espalhando. Onde colocar esses medos? Os textos das Escrituras falam de um Deus amoroso: “Não temais… todos os cabelos em sua cabeça estão contados”! Também se fala da graça. A graça é a promessa de Deus de que somos amados, aceitos e abrigados. Graças a um Criador que é um Deus pessoal e olha para cada um de nós com amor.
Como cristãos, somos convidados a girar em torno de Deus. Nossas formas de sociedade, nossa economia de livre mercado, nosso mundo em uma rede de possibilidades ilimitadas, tudo isso não é o meio, não é o objetivo e não é o significado. Tudo isso só é saudável e só se desenvolverá de forma saudável se girar em torno do centro, que não é o que fazemos, mas em torno de um centro que nos é dado. Tudo nos foi confiado por Deus, o Criador, que é vida. Em Jesus Cristo, este centro recebeu um rosto humano. Em sua morte e ressurreição somos redimidos do eterno giro ao redor de nós mesmos.
No Santuário de graças em Schoenstatt, Maria está atuando. Seu Santuário é para nós como uma escola que nos ensina a girar em torno do Deus da vida. Quando nos unimos a ela, ela nos educa para esta dinâmica de girar em torno de Deus com nossa vida, trabalho, preocupações e esperanças.
Fonte: schoenstatt.com
* Nicolau Copérnico foi matemático, astrônomo, médico e cônego da Igreja Católica. Autor de uma das mais importantes hipóteses científicas: a teoria heliocêntrica, que reposicionava o Sol no centro do Sistema Solar. Antes de sua teoria, acreditava-se que a terra era o centro do universo. (https://www.infoescola.com/biografias/nicolau-copernico/)