Uma reflexão da Juventude Feminina de Schoenstatt sobre o cuidado com a casa comum
Maria Eduarda Garcia – Em tempos de distanciamento social, muito se fala sobre “ficar em casa”. Hoje, que tal refletir um pouco sobre o cuidado com a casa comum? O convite foi feito algumas vezes ao longo da história e, de forma especial, em 2015 na Encíclica Laudato Si escrita pelo Papa Francisco. Em nossa reflexão, será pontuado como o cuidado com o planeta é reflexo de uma vida cristã.
De forma concreta, o Pontífice detalha a relação pessoal que existe com o planeta e a necessidade gritante de entender as dores que o violam, pontuando desde o desmatamento até o acesso à água. A Laudato Si apresenta um frutífero conteúdo. É importante ler um trechinho:
“O Patriarca Bartolomeu tem-se referido particularmente à necessidade de cada um se arrepender do próprio modo de maltratar o planeta, porque «todos, na medida em que causamos pequenos danos ecológicos», somos chamados a reconhecer « a nossa contribuição – pequena ou grande – para a desfiguração e destruição do ambiente” (LS 8,2015)
Ao entender como, de alguma forma, todos são responsáveis pelo nosso planeta, ficam algumas perguntas: é fácil lembrar de quantos copos descartáveis você usou no último mês? Quantas sacolas plásticas trouxe do supermercado? Na sua casa, o lixo reciclável tem destinação correta? Os restos de alimento que por vezes sobram vão para o lixo comum? Se alguma dessas respostas foi muito complicada, esse texto tem um convite especial para você. Que tal aproveitar o tempo em casa e começar uma ação concreta de cuidado com a casa comum?
Ainda na Encíclica, o Papa diz que é necessário passar do consumo ao sacrifício, do desperdício à capacidade de partilha. Isso significa que precisamos aprender a doar, não simplesmente renunciar. Quem vivencia um horário espiritual pode entender de forma prática o que se propõe aqui: o cuidado com o outro como uma forma de cuidado com a casa comum. A Laudato Si explica que:
“À cultura do descarte, que afeta tanto os seres humanos excluídos como as coisas que se convertem rapidamente em lixo. Note-se, por exemplo, como a maior parte do papel produzido se desperdiça sem ser reciclado. Custa-nos a reconhecer que o funcionamento dos ecossistemas naturais é exemplar: as plantas sintetizam substâncias nutritivas que alimentam os herbívoros; estes, por sua vez, alimentam os carnívoros que fornecem significativas quantidades de resíduos orgânicos, que dão origem a uma nova geração de vegetais. Ao contrário, o sistema industrial, no final do ciclo de produção e consumo, não desenvolveu a capacidade de absorver e reutilizar resíduos e escórias” (LS 22, 2015).
Combater a cultura do descarte é necessário para quem decide viver de forma orgânica. No cotidiano, existem diversas oportunidades em que se pode escolher cuidar de nossa casa comum. A exemplo de São Francisco, que propôs uma ecologia integral e vivida com autenticidade, é possível cuidar da casa comum ainda que de dentro da sua casa!
Referências:
DOS BISPOS, ASSEMBLEIA ESPECIAL DO SÍNODO. Amazônia: novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral. Instrumentum laboris para a Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a região pan-amazônica. Brasília: Edições CNBB, 2019.
FRANCISCO, Papa. Laudato si’. Edizioni piemme, 2015.
Fonte: jufem.com.br