Deus usa luvas! Sim! Essa é uma das imagens que o Pe. José Kentenich utiliza para explicar a ação de Deus em nossa vida, à luz da fé, por trás de todas as situações. É o atuar da Divina Providência em cada segundo do nosso dia.
Ele explica que a mão de Deus nos toca, muitas vezes, de forma indireta, em situações que podemos até não nos dar conta, por exemplo, por meio de “mãos humana”. Vejamos sua reflexão…
Pensem na outra imagem que nos é familiar: o bom Deus coloca luvas. Podem ser luvas duras, de ferro, e podem ser luvas macias.
Como são essas luvas? De onde provêm? As luvas são a mão humana que nos toca.
Podem ser…
LUVAS DE FERRO
São as pessoas que nos querem mal, que, por exemplo, nos caluniam ou querem prejudicar-nos financeiramente.
Por exemplo, uma determinada pessoa que conheço e que me quer mal. Suponho que ela é uma luva de ferro que me toca, mas dentro da qual está a mão macia do Pai. A mão humana pode prejudicar-me, mas, por meio dela, a mão do Pai quer dar-me algo de bom.
Vou contar-lhes um pequeno exemplo, singelo e concreto, para que esta realidade se grave nova e mais profundamente em nós…
Já lhes falei, algumas vezes, de um fato da vida do pequeno Geraldo Majella. Ele era um simples irmão leigo redentorista. Lá fora, no mundo, aprendera o ofício de alfaiate e no convento costurava o tempo todo. […] Ele tinha, desde criança, a mesma atitude sobrenatural que nós designamos como “viver do espírito de fé”. Na juventude fora aprendiz de alfaiate. Os auxiliares de seu mestre eram muito duros e cruéis para com o jovem aprendiz. Surravam-no […]. Sempre que ele cometia um erro, não se contentavam em ralhar com ele, surravam-no. E o pequeno Majella, o que fazia? Não se defendia, limitava-se a sorrir. Aquele que o maltratara ficou embaraçado, sem saber o que fazer. “É verdade – diz o pequeno Majella – eu rio”. Por que seria? A frase singularmente bela que devemos gravar é a seguinte: “Alegro-me porque a mão que me bate é a mão de Deus Pai”.
Isso é a aplicação concreta do que acabamos de explicar, compreendem? Entendemos o “espírito de fé” que semelhante atitude supõe? O heroísmo de fé que significa viver assim? Penso que devem deter-se neste exemplo e refletir como a mão de Deus os tocou, pessoalmente, na sua própria vida; ou seja, como Deus usou intermediários, mãos humanas, para tocá-los.
LUVAS MACIAS
Deus pode utilizar de mãos humanas cruéis, mas pode, de igual modo, ter utilizado mãos bondosas.
Permitam que chame novamente a atenção para um aspecto que habitualmente não tomamos tanto em conta. Achamos natural que as pessoas sejam boas para nós, não relacionamos logo esse fato com o bom Deus. Mas, à luz de Deus, à luz da fé, é sempre, de alguma forma, o bom Deus que nos toca! Não é por acaso que, de vez em quando, alguma pessoa vem amável e bondosamente ao meu encontro, me ajuda, me dá um conselho e assim por diante; ou que minha firma vai bem. Precisamos aprender a relacionar também todas essas coisas ao bom Deus e a agradecer-lhe de coração.
E por que isso?
Quero gravar especialmente nos senhores uma ideia que ainda não compreendemos em suficiente profundidade. Conhecem a velha expressão: “as pessoas propõem e Deus dispõe”? Por que os planos humanos são tantas vezes totalmente diferentes dos planos de Deus? É assim: o plano traçado pelo bom Deus desemboca sempre no além. (Para ele) o objetivo do mundo e o objetivo de cada pessoa é o céu, o além. Nós vemos apenas a vida das pessoas aqui na terra. É por isso que, na maioria das vezes, nossa previdência terrena é essencialmente diferente da Providência divina.
Acresce que o bom Deus não nos revela de uma só vez o seu plano para a humanidade, […] mas só abre um pouco a portinha, abre apenas uma janelinha. É uma obra de mestre olhar pela portinha e captar, em certa medida, o plano do bom Deus.
Todo autêntico filho de Schoenstatt vive da fé na Providência. […] Concretamente, perguntamos: quando vivemos da fé na Providência? A primeira resposta é: quando escutamos, em todas as situações da nossa vida, um chamado de Deus Pai. Ou, melhor ainda: devemos escutar um chamado do amor de Deus em todas as situações da vida individual e nos acontecimentos do mundo. O chamado de amor desperta uma resposta de amor. Uma segunda resposta, no mesmo sentido, [..] é sentir, em toda a parte, a mão de Deus!
Fonte:
KENTENICH, Pe. José. Às segundas-feiras ao anoitecer, Diálogos com famílias, vol 21 – Nossa vida à luz da fé. Sociedade Mãe e Rainha