25º Domingo do Tempo Comum: O amor do Pai não tem hora
Pe. Carlos Padilla – Hoje Jesus me mostra como ele atua em minha vida. Parte sempre ao meu encontro e não se importa onde estou, em que circunstâncias da minha vida: “O Reino dos Céus é como a história do patrão que saiu de madrugada para contratar trabalhadores para a sua vinha. Combinou com os trabalhadores uma moeda de prata por dia, e os mandou para a vinha. Às nove horas da manhã, o patrão saiu de novo, viu outros que estavam na praça, desocupados, e lhes disse: ‘Ide também vós para a minha vinha! E eu vos pagarei o que for justo’. E eles foram. O patrão saiu de novo ao meio-dia e às três horas da tarde, e fez a mesma coisa. Saindo outra vez pelas cinco horas da tarde” (Mt 20, 1-6).
Jesus fala de um Deus que sai em busca do homem, que não espera por mim em sua torre de vigia, mas que chega até o lugar onde estou. Não uma vez, mas muitas vezes. Ao amanhecer. Ao meio dia. No meio da tarde. Ao cair da noite.
O evangelho diz: “Ele saiu de novo”. É um Pai que sempre sai à procura dos homens. Que não se dá por vencido. O próprio Jesus faz isso na terra. Alcança as estradas e sai ao encontro do homem. Não fica sentado esperando. Vai até o lago e busca os pescadores. Faz-se encontrar com os discípulos de Emaús.
Gosto de olhar assim para Deus
Deus sai a me buscar em todas as horas de minha vida. Gosto de olhar assim para Deus. Ele busca a cada um. Cada um tem uma hora na sua vida. E Deus dá mil oportunidades. Isso me dá paz. Sempre tive medo de deixar Deus passar e não vê-lo. Por que temer? Deus voltará a me buscar. Chama a todos. Ele me busca pelos caminhos. Busca aos distintos homens em distintos momentos de sua vida.
A uns ele encontra ainda crianças, em meio a uma família que zela pela fé, nesse amor paternal que é um reflexo de um amor infinito de Deus. É o amanhecer da vida. A outros ele chama no meio de uma crise da juventude, quando não sabem o que fazer da vida. É o meio-dia de seu caminho. Têm tudo pela frente.
A outros ele busca em momentos de cruz, ou numa grande bênção, passados alguns anos. Ou em uma encruzilhada de sua vida, quando tocaram o fracasso. Outros ele chama ao descobrirem o amor verdadeiro no meio de seu caminho. Ou ao encontrarem um medo profundo, quando tudo estava cheio de paz e calma. Pode já ser o meio da tarde em suas vidas. A outros, diante de uma enfermidade ou da morte, ele vem chamar. É a última hora do dia, em que surgem as perguntas mais verdadeiras. Ao cair da tarde. Para todos ele tem o mesmo amor, a mesma proposta, o mesmo desejo, a mesma pergunta. Deus sai a me buscar todas as horas do dia. Mesmo se eu disser não pela manhã, convida-me novamente à tarde. Nunca é tarde para mim. Meu momento nunca passa. Deus sai novamente para me encontrar.
Ele me chama, me convida. De manhã, quando minha vida está cheia de esperança. Ao meio-dia, quando vivo atarefado. No meio da tarde quando estou cansado, ou triste, ou cheio de dúvidas. Sai também em meio à minha noite, quando só tenho perguntas. Deus chega de novo e me ama igual. Não me diz que perdi meu tempo pelos caminhos. Ele fica igualmente feliz se eu lá estive toda a minha vida ou se acabei de chegar. Sempre há um lugar para mim junto dele, ao seu lado. Seu amor não tem medida.
Isso está claro para mim. Quero acreditar que Deus é assim comigo. Para poder ser eu também igual com os demais. Para aproximar-me de novo daquele que me magoou e chamar com paixão aquele que falhou comigo, procurar com ternura aquele que fugiu, deixando-me só. Quero fazer como Ele faz comigo. Eu quero ser assim. Isso me custa muito porque minha mente estreita tende a pensar que Deus é como eu, que recompensa ou pune de acordo com os méritos, que olha o relógio, a hora do dia, e julga. Mas Deus sempre me transborda. Porque me dá tudo, ainda que eu não dê nada. Para ele, é curioso, um minuto ao seu lado vale uma vida inteira, e minha vida inteira se mede em um minuto. E Ele sai de novo a me buscar, de novo e de novo, em todas as horas da minha vida. Qual é a minha hora quando Deus me chama neste momento?
Esta reflexão é um trecho da homilia do Pe. Carlos Padilla, de 24 de setembro de 2017. Para ler a homilia completa, em espanhol, clique aqui
O Pe. Carlos Padilla pertence ao Instituto Secular dos Padres de Schoenstatt da Espanha, seus materiais estão disponíveis no site: padrecarlospadilla.com