“É santo quem sempre está vinculado a Deus, mesmo nas ações mais comuns da vida” [1]
Suellen Figueiredo – Segundo o Catecismo da Igreja Católica, “estamos em oração quando o nosso coração se dirige a Deus. Quando uma pessoa ora, entra numa relação viva com Deus” (2558-2565). Todos os dias, ao acordar, temos um novo dia com novas oportunidades de nos dirigirmos a Deus por meio da oração.
Contudo, não podemos deixar que este momento de conexão com Deus esteja delimitado a um determinado horário do dia ou da noite: somos chamados a fazer do nosso dia uma oração. Ao longo do nosso dia facilmente esquecemos de Deus, preenchemos as nossas horas com a rotina, as tarefas de casa, do trabalho, os assuntos familiares e os estudos. E deixamos que Deus fique a nos observar. Confiamos em seu amor e por sabermos que Ele está sempre a nossa espera, anseia por nós e nos procura a todo momento, o deixamos na “sala de espera”, marcamos seu “horário” como um dos nossos muitos compromissos e tarefas a serem cumpridas ao longo do dia.
Mas, quando nos sentimos sozinhos, em perigo, ou em grandes aflições, a oração é a nossa primeira reação. Orar é para nossa alma algo tão simples como a nossa respiração, ela busca estar em oração a todo momento e precisamos aprender a perceber esse desejo.
Maria estava em oração quando o anjo foi ao seu encontro na anunciação. A oração nos leva a uma postura de abertura com Deus para que Ele nos mostre seus desejos. Porém, não se aprende a orar do dia para noite, ou quando conseguimos decorar alguns versos e frases. A oração é um dom que só se aprende orando, é dom do Espírito Santo.
Mas afinal, como fazer do nosso dia uma oração?
Em primeiro lugar, devemos ter em mente que todas as situações do dia são acenos de Deus, aos quais podemos lhe responder em oração. Seja com uma oração específica ou de forma espontânea, podemos sempre voltar nosso olhar ao Pai. Santa Tereza de Àvila falou que “a oração não é outra coisa senão tratar intimamente com aquele que sabemos que nos ama, e estar muitas vezes conversando a sós com ele”. [2]
E é por sabermos que Ele nos ama que devemos procurá-Lo: enquanto dirigimos ao trabalho podemos entregar-lhe nossos compromissos; ou quando arrumamos a casa; durante uma difícil lição da escola ou faculdade; ao atender o filho pequeno que chama; ou escutar o que nos conta nossa esposa/esposo… São nesses momentos que podemos nos voltar em oração!
“Em certo sentido, todo o ato da vida cristã pode chamar-se de oração. Assim pois, se vivermos conforme nosso estado de vida numa atitude religiosa, se manifestarmos nossa dependência diante de Deus e nossa entrega a Ele por meio de uma vida cristã, por meio de nossa conduta na vida prática, então estaremos rezando”, nos diz o Pe. José Kentenich [3].
Segundo ponto importante é buscar entender como você gosta de se comunicar com Deus – se sou mais formal, mais emotivo, mais racional… Nossos heróis nos dão exemplos vivos de como era sua comunicação com Deus e a Mãe de Deus. Para José Engling, por exemplo, “Mãezinha” era uma forma natural de se dirigir à MTA. Para o Pe. José Kentenich, em essência, a oração precisa ser uma conversa pessoal com Deus, precisa ter “jeito de criança”, ou seja, filial (uma conversa de filho para Pai), e tudo deve estar unido à vida prática – fazer das palavras uma ação concreta.
“Minha conversação com Deus deve ser pessoal. Frequentemente insistimos que Deus alegra-se em especial ao ouvir nossos desabafos. Não precisa ser através de uma conversa douta. Deus entende todas as linguagens e dialetos, consoante reza um provérbio popular: posso falar com Deus ‘como me cresceu o bico’ [4]. Minha linguagem pode ser alemã, inglesa… Falo com Deus ‘como me cresceu o bico’! Expressando-me mais profundamente diria: como o coração se desenvolveu!”, diz o nosso Fundador [5].
Em Schoenstatt, aprendemos uma forma muito simples de estarmos em oração constante, nos voltando sempre a Deus e à Mãe de Deus. Pelas ofertas ao Capital de Graças, oferecidas diariamente, estamos fazendo, mesmo que de forma inconsciente, uma pequena oração, deixando que Deus seja lembrado por nós ao longo do dia. Também podemos incluir a oração na nossa rotina de forma ainda mais concreta, seja com a oração do Santo Terço, a oração do Ângelus, criando uma jaculatória para rezar sempre, buscando em todo ambiente que nos rodeia oportunidades de oração.
Referências
[1] KENTENICH, Pe. José. Santidade de Todos os Dias
[2] Livro da Vida 8, 5
[3] KENTENICH, Pe. José. Santidade de Todos os Dias
[4] Expressão popular para dizer que podemos rezar da forma que falamos normalmente, da forma que aprendemos a falar desde criança.
[5] KENTENICH, Pe. José. Como é bonito rezar.