“… eu, como esposa, o que aprecio no meu marido? De novo trata-se de Cristo! Vendo-nos todos como imagens de Cristo, não deve surgir uma profunda e respeitosa, uma maravilhosa e amorosa doação mútua?” (Pe. José Kentenich) [1]
Maria Roseli Frige Ruelli/ Gláucia Maria Berti Girotto – Pe. José Kentenich, fundador de Schoenstatt, percebia em cada mulher a imagem de Maria, portadora de riquezas espirituais e dotes peculiares, sem os quais nenhuma família poderia ser completa e feliz. Para as esposas schoenstattianas, essa é também sua “receita”: olhar para Maria.
De 4 a 8 de setembro de 1950 aconteceu um curso de retiro direcionado a dirigentes da Liga das Mães de Schoenstatt [2]. Dentre várias reflexões, o Pe. Kentenich falou sobre o papel da mulher enquanto esposa.
Como é a esposa schoenstattiana?
Pe. Kentenich salientava que a esposa deveria ser a sacerdotisa do lar, o coração da família e a garantia do espírito religioso no ambiente familiar [3]. Também advertia que, antes de ser exigente com o esposo, para ter uma vida familiar ideal, a esposa deveria ser exigente consigo mesma [4].
Para este objetivo ser alcançado, Pe. Kentenich sugeria o cultivo da vida interior, no espírito da filialidade. A filialidade – ser filha diante de Deus – precisa, segundo ele, ser resgatada em todas as esposas. “Devemos aceitar a vida diária com todas as suas aflições assim como Deus no-las preparou…Sem a oração, com o tempo isto é impossível”, disse ele [5].
Toda mulher deve ser despertada para viver a filialidade diante de Deus, base de todo o desenvolvimento da personalidade. A Filialidade é o fundamento para a relação da pessoa com ela mesma, com Deus e com os outros. A filialidade cultivada e educada, como fruto da graça batismal, gera uma espontaneidade nobre e singela que, num primeiro momento, pode ser vista como “infantilismo”, mas que, em Aliança com Maria, na escola do Santuário, se transforma em maternidade madura, desprendida de si, que se doa em amor e generosidade aos demais, seja na família, no grupo a que pertence ou na comunidade eclesial.
Nas palavras do Fundador, dirigidas às mães: “Para mim o essencial é a serviçalidade vigorosa, o desinteresse, a maternidade… Existimos para doarmo-nos sempre de maneira nobre, para presentear tudo o que possuímos: nossa inteligência, vontade, nosso coração e nossas mãos…” [6]
Também nas conversas com casais do Movimento, Pe. Kentenich refletia sobre o papel do homem e da mulher no matrimônio. Ele mostrou-se exigente com os maridos e dedicou horas de reflexão sobre o papel deles (tudo isso você encontra na coleção “Às Segundas-feiras ao Anoitecer”). Com as mulheres ele também é exigente e diz certa vez: “A esposa, por sua vez, procure sempre agradar ao marido. Importa, também agora, recordar os tempos do primeiro amor. Como a jovem comportou-se diante do rapaz! Bem… tenho de saber, como mulher, como agradar ao marido, com que vestido, com que modo de me comportar […] Precisamos aprender a procurar fazer feliz o outro em primeiro lugar. Na prática quer dizer: mais fortemente passar do eu para o tu. […] Ter o cuidado que o amor sempre possa crescer, crescer como foi no tempo do noivado”. [7]
Em Schoenstatt, ser esposa é dom e missão!
É dom de Deus, que colocou na mulher as suas perfeições femininas e a fez filha, esposa e mãe; Ela é igual ao homem em dignidade, porém, diferente em seu modo de ser e pensar, de forma que um complementa e enriquece o outro.
Em Schoenstatt, cada esposa descobre a sua missão pessoal, seu ideal de vida, aquilo que Deus sonhou para ela desde a eternidade. Ser uma esposa schoenstattiana significa possuir consciência de missão, ter um perfil mariano que conduz à plenitude de vida interior e a ser portadora de Cristo e Maria aos demais.
Por isso, “tudo o que é pequeno combina conosco” [8]: ou seja, as pequenas atitudes e os pequenos gestos feitos com amor são a maior motivação em tudo o que fazemos. São eles que levam às atitudes e aos atos grandiosos.
O perfume de Nazaré
Na Carta do Papa João Paulo II às mulheres, no ano de 1995, ele escreve: “A Igreja vê, em Maria, a máxima expressão do “gênio feminino” e encontra nela uma fonte incessante de inspiração. Maria definiu-se a “Serva do Senhor (cf. Lc 1,38). É por obediência à Palavra de Deus que Ela acolheu a sua vocação privilegiada, mas nada fácil, de esposa e mãe da família de Nazaré. Pondo-se a serviço de Deus, Ela colocou-Se também a serviço dos homens” [9]. Dessa forma, a esposa deve assumir-se Serva como Maria. A serva que se realiza na entrega pelo outro, sabendo que através de seu sacrifício e renúncia ela irá aproximar sua família de Nossa Mãe e de Jesus.
Jesus disse: “Pois o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate por muitos” (Mt 20,28). É missão da esposa: buscar encarnar estas palavras do Mestre e pela doação de seus dons, ela deve ser a ponte que conduz sua família a Jesus. Com isso, todas as suas atitudes devem estar revestidas deste objetivo.
Os gestos, as atitudes e as palavras da esposa, ou seja, todas as tarefas que ela desempenha, dentro e fora do lar, devem ter esta intenção. Pelo seu “Ser” e “Atuar” a esposa pode ser um bom instrumento para a transformação de toda a sua família.
Pedimos a Nossa Mãe Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Schoenstatt que acompanhe as esposas nesta bela missão e as transforme em “Pequenas Marias”. Assim, seus lares poderão respirar a verdadeira alegria, aquela alegria de Deus que habitava em Nazaré.
*Contribuição da União Apostólica de Mães de Schoenstatt
Referências:
[1] KENTENICH, Pe. José. Às Segundas-feiras ao Anoitecer, vol. 20 – tomo II. 20 de março de 1961
[2] Nessa ocasião, ao final desse retiro, foi fundada a comunidade da União de Mães
[3] KENTENICH, Pe. José. O Fundador nos Fala, página 21
[4] KENTENICH, Pe. José. O Fundador nos Fala, página 43
[5] KENTENICH, Pe. José. O Fundador nos Fala,página 68
[6] KENTENICH, Pe. José. O Fundador nos Fala, página 65
[7] KENTENICH, Pe. José. Às Segundas-feiras ao Anoitecer, vol. 20 – tomo I. 13 de fevereiro de 1961
[8] KENTENICH, Pe. José. O Fundador nos Fala, página 64
[9] JOÃO PAULO II. Carta às Mulheres. 29 de junho de 1995