No ano centenário das mulheres em Schoenstatt, conheça mais sobre aquela que foi co-fundadora da Obra de Famílias
Ir. M. Nelly Mendes – Sophie Helene Keespe nasceu em 7 de fevereiro de 1891, em Attendorn, Alema-nha. Seus pais eram Anna Keespe e Joseph Keespe. Há relatos de que o pai era um comerciante em At-tendorn, mas também agente imobiliário ou um fazendeiro. Helena era professora graduada e também poetisa – há um livro com seus poemas, guardado até hoje. Casou-se em 1922 com Fritz Kühr e eles não puderam ter filhos.
Em janeiro de 1938, Helena veio ao Brasil conhecer as terras que compraram em Rolândia/PR. Durante sua estada no país, soube que os nazistas invadiram a Áustria, que seu marido fora preso por eles e que, por isso, ela não deveria voltar mais para lá.
Helena Kühr fica sem rumo, completamente abalada. Em Londrina/PR, numa estação de trem, encontra uma Irmã de Maria que a conhecia quando estagiaram juntas numa escola na Alemanha. Descobriu du-rante a guerra que seu marido estava vivo e que fora levado ao campo de concentração de Dachau.
Helena Kühr vai para Rolândia e inicia a construção da primeira casa de madeira, que mais tarde torna-se uma fazenda. Ela, que era professora, teve muita dificuldade para trabalhar no campo, sozinha e distante de sua terra natal, mas fez um trabalho admirável nessas terras. Viveu grande solidão e desejo de reen-contrar seu querido esposo Kühr – ele, enquanto isso, estava preso com o Pe. José Kentenich em Dachau e ambos se tornavam grandes amigos.
Em 1947, o Pe. José Kentenich chega ao Brasil pela primeira vez e visita a Sra. Helena – o Dr. Kühr ainda não conseguira vir ao país.
Após a chegada do Dr. Kühr ao Brasil, o casal viveu juntos somente por mais três anos, pois ele sofria com câncer e faleceu em 1950. Ambos se tornaram, unidos ao Pe. Kentenich, os co-fundadores do Instituto de Famílias de Schoenstatt e os pioneiros na Obra de Famílias.
A Sra. Helena mudou-se para São Paulo/SP e lá faleceu no dia 13 de dezembro de 1973. Helene e Friedrich foram sepultados em locais distantes, mas os restos mortais de ambos foram transladados ao Santuário de Schoenstatt de Londrina e estão presentes no Monumento aos Heróis. A intenção é que ambos per-maneçam juntos, mesmo após a morte, inspirando novas famílias a partir de seu exemplo.
Amor conjugal
Fritz e Helena Kühr deram um exemplo de casal, em que o amor mútuo foi uma profunda realidade du-rante toda a vida. Especialmente nos anos da separação, o seu estar espiritualmente um no outro e um com o outro foi uma fonte de graça para poderem sobreviver (Fritz no Campo de Concentração de Da-chau e Helena no Brasil – 10 anos longe um do outro). O amor mútuo foi provado definitivamente quan-do, em 1950, se teve a certeza da doença terminal de Friedrich Kühr.
Como uma grande inspiração para as mulheres, vemos em Helena a tradução da palavra resiliência. Ela soube adaptar-se de maneira extraordinária às diversas realidades que viveu. Seja acompanhando seu marido em eventos importantes na Áustria (ele foi secretário geral no Ministério do Trabalho), seja cui-dando da terra e conduzindo uma fazenda no Brasil, mostrou-se uma mulher forte e determinada. Vale ressaltar que a cidade de Rolândia, quando ela chegou, era ainda um local de mata nativa e uma pequena vila, sem muitos recursos.
A Sra. Mathilde Schlommer, de Rolândia/PR, foi aluna da Sra. Helena quando era pequena e conviveu com ela por cerca de dez anos. Assim nos conta: “Ela era uma pessoa extremamente humana, era muito dócil, uma senhora carinhosa, que nos recebia com guloseimas. Era uma pessoa alegre, sempre de bom humor, ela jamais demonstrou momentos de tristeza, de depressão, de impotência, de fracasso. Ela foi em frente até onde Deus permitiu forças. Tornou-se também uma grande amiga, uma grande companheira, que sempre nos auxiliou em todos os momentos. Nós temos lembranças gratificantes dessa grande mulher, porque ela certamente tinha uma missão a cumprir, que era a continuação [da missão] do Dr. Fritz, de unir as famílias, de passar aquele amor, as boas-vindas para todos aqueles que iam à fazenda”.