“Se o homem é um ser como um pêndulo, um ser que paira no ar, o seu último ponto de apoio e de segurança, seu repouso só se encontra no alto, nas mãos de Deus” [1]
Gertrud Pollak – Nas estações de trem e espaços públicos piscam os relógios digitais. Em nossos contextos privados são simplesmente os mostradores que transmitem de forma precisa o horário via rádio. Onde ainda há estes relógios não eletrônicos, com um pêndulo móvel? O pêndulo se move da esquerda para a direita e volta em ritmo audível. O suave som do pêndulo acalma e, quando os tons do relógio aumentam, podemos ouvir que horas são. O pêndulo é suspenso com segurança, para e se move num só ritmo.
Eu vi um relógio destes só entre conhecidos. O que me impressiona é a calma e, apesar de relógio, sua atemporalidade. Somente a partir disso posso imaginar o que significa o que li em diferentes contextos sobre “segurança de pêndulo”. “Não importa o quanto nos asseguremos, de um dia para o outro, tudo pode ser destruído. Posso ocupar um cargo seguro e amanhã ser afastado” [2], diz um texto de retiro de 1946, que li nos últimos dias. Quantas pessoas estão passando por isso agora mesmo, em 2020?
A pergunta sobre onde as pessoas, onde nós, em nossos tempos, encontramos segurança e proteção, não é uma questão banal. São questões existenciais, muito pessoais, que nos afligem diariamente. Tranquilidade despreocupada e serena não se faz sentir com frequência. Ao contrário, esta imagem do pêndulo – de movimento e oscilações que poderiam dar errado – não seria apropriada não fosse por este ponto de fixação que o torna seguro: a segurança do pêndulo!
A vida, cada dia, traz vibrações, movimentos com grande amplitude, com incertezas e medos. O que bate a hora pode ser difícil e incompreensível. “O ser humano não tem segurança nas coisas do mundo, nem mesmo nas leis e costumes”, continua o texto do retiro: “A segurança só existe lá em cima, na mão de Deus. A pessoa ousada sabe ver, em toda parte, plano de vida de Deus e a se integrar nele.”
Uma grande exigência, um consolo profundo, mas também se pode imaginar um caminho viável! Nos meses em curso, não podemos contar com a tranquilidade sem incertezas. Há muita coisa em andamento, contestada e confusa em vista do futuro. A política e a Igreja podem mostrar limites, até mesmo alcançá-los, individualmente, porém, permanece esta oportunidade, que exige uma decisão: segurança de pêndulo em Deus.
Não fuja das trepidações do tempo e das incertezas atuais, não finja que não há dúvidas, confusões e ambiguidades! Não há segurança sem uma decisão por algo a mais do que as pessoas oferecem. Buscando a segurança do pêndulo na fé num Deus que caminha conosco, que nos acompanha nas trepidações, oscilações em dúvidas e ambiguidades. O pêndulo precisa de pontos de contato, precisa de uma fixação em Deus. Nós precisamos decidir-nos. Segurança como locais de descanso certamente não há nos dias de hoje. Mas amparo no Deus da vida, que conhece todos os nossos caminhos e vai conosco “em modo pendular”, isto é segurança em movimento, segurança de pêndulo! No retiro, lê-se mais: “O sentido da insegurança é, em última análise, uma segurança de pêndulo em nível superior, a segurança de pêndulo em Deus.”
Dr.ª Gertrud Pollak, Diretora do Ordinariado de Mainz (licenciada),
Superiora Geral do Instituto Nossa Senhora de Schoenstatt.
Texto publicado no site basis-online.net, reproduzido com autorização dos editores
Tradução ao português: Dr.ª Geni Maria Hoss
[1] Pe. José Kentenich. Ser Filho Diante de Deus, vol 1. Quinta Conferência
[2] Demais citações: José Kentenich, Kampf um die wahre Freiheit, 1946.
Uma mensagem muito boa. Precisamos alimentar o nosso coração com coisas boas e que nos interrogam sobre o contexto em que vivemos. Só assim podemos dar uma resposta apropriada e eficaz.