Elas fazem parte da nossa vida diária
Ir. M. Ana Paula Hyppólito – Iniciamos o mês de novembro celebrando, no dia 1º, Todos os Santos. A Igreja recorda nesses dias todos os santos conhecidos e amados e também todos aqueles santos não canonizados e desconhecidos. É um tempo especial para recordar que todos nós somos chamados à santidade. Em Schoenstatt aprendemos a trilhar o caminho da santidade no heroísmo da vida diária, em nossa “extraordinária vida comum”, seja na vida familiar, no ambiente do trabalho, no relacionamento com os amigos e o próximo e, principalmente, no nosso relacionamento com Deus.
No livro Santidade de Todos os Dias, o Pe. José Kentenich nos estimula a praticar as pequenas virtudes, como expressão da nossa fé, amor a Cristo e ao próximo. São imprescindíveis para se viver bem em família, em comunidade, no Movimento, no trabalho.
Vamos conhecê-las?
“As virtudes a que nos referimos chamam-se pequenas, porque passam quase despercebidas, são pouco apreciadas e valorizadas aos olhos do mundo. Todavia, o cristão dispensa particular atenção a estas virtudes, porque são boas auxiliares na santificação.
1. Pe. Roberti, orientando-se em São Francisco de Sales escreveu um opúsculo sobre as pequenas virtudes. Começa sua exposição dizendo: “As pequenas virtudes são muitas. Vou nomeá-las brevemente: indulgência com as faltas dos outros e prontidão para perdoá-las, ainda que não haja o direito de se pedir tais considerações; certa dissimulação que parece não ver as faltas salientes do próximo, o que, como vês, é justamente o contrário daquela triste perspicácia de descobrir as faltas ocultas; certa compaixão que torna seus, os sofrimentos dos infelizes e oprimidos e uma alegria que partilha da felicidade dos que são felizes, para aumentá-la; certa flexibilidade de espírito que aceita sem repugnância o que é certo e razoável nas opiniões de um companheiro ou companheira, mesmo que não a tenha compreendido no momento e que apoia, sem inveja, as opiniões alheias, reconhecidas como melhores; certa solicitude em ajudar os outros, a fim de evitar-lhes a aflição e a humilhação de precisarem constantemente pedir auxílio; generosidade do coração, que sempre faz o possível para ser útil, obsequioso e agradável aos outros e ainda que só possa fazer pouco, demonstra o desejo de fazer muito mais; delicada afabilidade que sabe ouvir os importunos sem observações e aborrecimentos; certa cortesia nos deveres de urbanidade, que não se assemelha à falsa amabilidade dos mundanos, mas exterioriza, uma sincera cordialidade cristã”.
O Bispo Carnus nos relata um diálogo que manteve com seu amigo São Francisco de Sales. Certa vez disse o santo: “Como deveríamos apreciar as pequenas virtudes que desabrocham aos pés da cruz, pois são regadas pelo sangue do Filho de Deus!”
— Quais são estas virtudes? perguntei-lhe.
— A humildade — respondeu ele — a paciência, a caridade, a bondade, o saber suportar o próximo, a tolerância, a mansidão do coração, a docilidade, a cordialidade, a compaixão, o saber perdoar as faltas de atenção, a simplicidade, a sinceridade e outras virtudes semelhantes a estas. Tais virtudes são como as violetas, crescem no frescor da sombra, alimentam-se do orvalho, e, mesmo sendo tão pouco vistosas, espalham o mais suave perfume em torno de si!
Perguntei-lhe: “Há então outras virtudes que crescem no alto da cruz?” E ele me respondeu: “Muitas. São as que irradiam grande brilho, quando acompanhadas de um amor sensível, como por exemplo: a sabedoria, a justiça, a magnanimidade, o zelo, a prodigalidade, a esmola, a coragem, a pureza, a mortificação exterior, a obediência, a contemplação, a perseverança, o desprezo dos bens e das honras terrenas e outras virtudes semelhantes a estas. Todos gostariam de possuí-las. São mais apreciadas e por isso muitas vezes preferidas, pois conferem maior honra e prestígio à pessoa. No entanto, deveríamos desejá-las tão somente porque são mais apreciadas por Deus e nos servem de meio para provarmos o nosso amor, de modo mais elevado.
2. As pequenas virtudes possuem uma grande importância porque são consideradas sociais, seguras, comuns e razoáveis. Sociais, porque são a alma da vida em comum, que sem elas não poderia existir com tranquilidade. Seguras, porque oferecem pouca possibilidade de honra exterior e por isso, tão facilmente, não nos levam ao orgulho. Dizemos que são comuns, porque surgem muitíssimas ocasiões de praticá-las no dia a dia. E ainda, devemos dizer que são bastante razoáveis, porque todos sabemos por experiência que, se não as possuímos, os outros sofrem por nossa causa e nós, pelos outros.
Em seu livro sobre a humildade, Leão XIII nos dá uma norma de ouro para a vida prática: “Durante uma conversa, nunca contradigas a ninguém, em se tratando de questões duvidosas, que podem ser apreciadas ora de um modo, ora de outro! Cede, portanto, em coisas de menor importância, mesmo que estejas convencido de serem errôneas as convicções alheias! Mas em todas as ocasiões em que seja conveniente defender a verdade, age com coragem, todavia sem paixão, sem te exaltares, sem mostrar desprezo. Podes estar certo de que vencerás mais facilmente com serenidade e moderação do que através da impetuosidade e descortesia”.”
Fonte: maeperegrina.org.br
Amei este texto, pois nos auxilia na caminhada à santidade da vida diária com toda a naturalidade e simplicidade que ela deve ter.
Obrigada Ir. M. Ana Paula Hyppólito pela tão necessária partilha conosco.