Junto com a máscara, caneta, álcool e o título, levamos no domingo o poder de decisão para um país melhor
Ana Paula Paiva – As eleições se aproximam e somos convidados a refletir sobre a importância de nossa participação na definição concreta do futuro político de nossas cidades, bem como sobre como nossa influência pode ser crucial na construção de novas comunidades e de uma nova ordem social, pautada por nossos valores e que busque a dignidade dos filhos de Deus na convivência social.
A CNBB emitiu uma nota muito pertinente nesse tempo, em que trata dos critérios que devem nortear nossas decisões eleitorais, à luz da doutrina social da Igreja e do magistério do Papa Francisco. Para tanto, ela salienta (o documento pode ser encontrado aqui) que, se é verdade que o protagonismo do leigo católico na sociedade se expressa também em sua efetiva participação e influência no campo político – é importante que nos pautemos por nossos valores católicos na escolha dos candidatos que exercerão suas candidaturas.
Em outras palavras, é salutar que compreendamos que um candidato que defende abertamente o aborto ou que não se preocupa com medidas para proteger o meio ambiente (para citar dois exemplos dados pela própria CNBB) não pode conduzir o exercício de seu cargo de outro modo que não viabilizando políticas públicas que caminham em desacordo com nossos ideais. Analisar o histórico dos candidatos tem justamente esse condão: o de conhecer como o candidato se posiciona a respeito de temas morais que são importantíssimos para nós. Vale lembrar que não se posicionar (caminhando sempre ao sabor do vento das pressões partidárias) também é um mau sintoma.
A mensagem emitida, entre outras coisas, também evidencia a importância do “pós-eleição”, ou seja, na organização popular para avaliar e fiscalizar os mandatos dos vencedores (ainda que não sejam aqueles que receberam nossos votos), não como medida de revanchismo, mas como atitude de responsabilidade eleitoral.
Nesse ponto, nosso Fundador, Pe. José Kentenich, também nos dá pistas essenciais: nosso senso de construção de uma nova comunidade e nova ordem social passa pelo nosso protagonismo – não apenas na ação primeira de votar e ser votado (características da cidadania dos povos democráticos), mas também na influência que devemos exercer na gestão administrativa de nossas comunidades. Acompanhar as pequenas e grandes decisões, manifestar-se respeitosamente, pressionar (sadiamente) na tomada de decisões políticas, fiscalizar as contas públicas, cobrar transparência nos atos administrativos (legislativos e executivos), também é protagonizar uma nova história política, que depende muitíssimo de nossa postura diária.
A apatia é inimiga da responsabilidade. É preciso que sejamos ativos e corresponsáveis. O tempo se aproxima: que nosso olhar diante dos acontecimentos desse ano nos torne cada vez mais coerentes e norteie as decisões que tomaremos no próximo domingo.