Nossa vida é como uma mala: como olhamos para ela?
Monique Vaz – Hoje, 20 de novembro, recordamos a data da ida da Ir. M. Emilie Engel ao céu. Podemos ter, através do seu exemplo, uma resposta para os tempos difíceis, como é o caso de 2020 com a pandemia do coronavírus. Ela dizia “Sim, Pai” diante as aflições interiores e exteriores, confiava que esse “sim” traria uma liberdade interior, cura, transformação e santificação.
A Ir. Emilie Engel costumava dizer que cada pessoa tem uma grande mala com todos os seus bens. E, por amor ao Pai Eterno, tínhamos que entregar a Deus dizendo: “Eis-me, aqui eu te dou tudo, inteiramente tudo o que sou e tenho. Tudo recebi de ti; agora, com toda a liberdade, podes tomar tudo novamente”. E então o Pai receberia com alegria e nos daria novamente essa mala, dizendo que poderíamos ficar com tudo o que tem nela, mas que, ocasionalmente, buscaria aquilo que mais lhe agradasse.
Quando Deus Pai vem buscar, pode ser difícil dar as coisas tão valiosas de nossas malas. Mas para Ir. M. Emilie, o sorriso reinava quando Deus vinha buscar algo e, apesar do sofrimento, ela não se zangava ou questionava, também não queria pegar de volta aquilo que lhe foi tirado, agradecia por tudo aquilo que o Pai ainda havia lhe deixado e poderia vir buscar mais tarde. Percebia o quanto a sua mala não estava vazia!
Em setembro de 1935 ela adoece gravemente, uma tuberculose pulmonar aguda. E realmente Deus havia tirado muitas coisas de sua mala: o corpo estava quase paralisado, a boca já não pronunciava uma só palavra, somente lhe restavam os movimentos do braço direito, os olhos, ouvidos e a razão. Também, em certo período, teve que ir para um sanatório de doenças pulmonares e transformou o local em sua escola de santidade. Percebeu que a santidade não é uma consequência de seus atos, mas sim uma tarefa que precisava assumir.
Aprende, e experimenta, que Deus é um Pai misericordioso que ama e não espera a perfeição, mas o amor de sua filha. E assim, com a certeza que era muito amada, conseguiu suportar todos os sacrifícios que lhe foram exigidos até a sua partida ao lar eterno.
E nós, será que estamos dispostos a dizer um “Sim, Pai” confiantes na condução de Deus em nossas vidas? O que será que Deus veio buscar das nossas malas esse ano? Conseguimos ver o amor de Deus mesmo em meio a uma pandemia?
Que possamos refletir como estamos agindo e aproveitar o dia de hoje para dizer: SIM PAI!
Um breve relato sobre como vivi meu “Sim Pai” nessa pandemia
Em 2017 participava do Schoenstatt Zeit [1] e tive a oportunidade de conhecer Metternich [2] e, ali, a história da Ir. M. Emilie Engel começou a me inspirar, principalmente nas dificuldades e em como lidar com elas. Nós duas temos o mesmo temperamento, o melancólico, então me sinto compreendida, mas também consegui me espelhar em como educar minhas angústias e sofrimentos com alegria. Algo que em 2020 foi muito necessário! Além da pandemia, surgiram vários problemas no mesmo período, como: lidar com desemprego, retorno para a casa dos meus pais, doença da minha mãe… e em cada um deles eu pude dizer o meu “Sim Pai, confio cegamente!”
E foi após esse “sim” que comecei a ver outros caminhos, percebi que tinha que olhar para os desígnios de Deus como a Ir. Emilie olhava – e minha vida se transformou totalmente. Em vez de olhar para as oportunidades que haviam sido “tiradas” da minha mala, resolvi ver o que eu poderia fazer com o que eu ainda tinha nessa mala. E assim comecei a trabalhar como freelancer e em paralelo abri a minha loja, o @blumedesignsanto, onde já tenho um bom retorno e estou investindo para ser minha renda principal, algo que só seria possível se não tivesse em um emprego estável. Então percebi que Deus tinha tirado algo, mas eu teria algo muito maior ali. Também resolvi cuidar da minha saúde mental, pois ano passado tinha sido diagnosticada com crise de ansiedade e, para isso, resolvi resgatar um hobby de infância: voltei a desenhar, algo que me faz tão bem e ainda por cima consigo evangelizar através dele, um hobby que está ganhando um espaço no ambiente digital @desenhocatolico e me permitiu conhecer muitas pessoas.
Esses são apenas alguns exemplos do que eu precisei fazer com o que tinha na “minha mala” e dizer diariamente “Sim, Pai!” para seguir em frente. Agradeço à Ir. Emilie por ter me ajudado a ser assim, ser minha companheira nesse período, e rezo pela sua beatificação.
[1] Programa desenvolvido pela Juventude Feminina de Schoenstatt para aproximar as jovens do Santuário Original, da história do Movimento e de locais importantes para a
[2] Metternich é o local onde Ir. M. Emilie viveu, sede da Província Providência, das Irmãs de Maria. Ela também foi sepultada neste lugar.
Que histórias lindas que incentivam as pessoas as olhar para si e perceber que Deus nos ama tanto que sempre que nos tira algo é porque Ele quer desenvolver outros talentos que já existe em nós ,porém não os desenvolvemos. Muito obrigada.
Aprendi muito.
Eu sempre tive uma Santa curiosidade nos grandes Encontros do Movimento Apostólico de Schoenstatt Mãe Rainha aqui na Arquidiocese de Montes Claros onde sou Missionária da Mãe Rainha Peregrina há quase 21 anos, também sou Dirigente de Grupo da Liga de Mães. Escolhi está noite para abrir a Mala e agora já sei porque as Coordenadoras colocam uma Mala no Cenário principal dos Eventos e vou refletir com as outras famílias e a minha o quê temos guardado e como nós ajudar interiormente pra sermos mais felizes e ajudar outras pessoas com as nossas 34 malas. Obrigada.
Porém eu fui informada que nossa Irmã está na fase de Canonização e só falta um Milagre para o Papa Francisco Eleva-la à Honra dos Altares.
Lindas histórias e lindo desenho ❤️
Parabéns pela linda mensagem, Monique!
Com certeza, do céu, Ir. M. Emilie acompanha você e intercede por seus trabalhos!
Este é o segredo de nossa vida, do nosso caminhar até Deus: dizer sempre um “Sim, Pai!” alegre e confiante, como Ir. M. Emilie o fez tantas vezes em sua vida!
Muito obrigada por partilhar sua experiência, que iluminará com ela muitas pessoas!