Nossa Senhora de Guadalupe: Padroeira da América e dos nascituros
Ana Paula Paiva – Todos nós conhecemos o contexto em que se deram as aparições de Nossa Senhora de Guadalupe: a figura mestiça, o manto, as flores que brotaram, os milagres, o índio, e também que se trata de uma das poucas vezes em que a Virgem Maria se apresenta grávida, razão pela qual é venerada não apenas como Padroeira da América, mas também como protetora dos nascituros.
Hoje celebramos as aparições de Nossa Senhora não apenas ao povo mexicano, mas, a todos nós, filhos, justamente no Advento, tempo em que estamos à espera do Menino Jesus e, também, tempo de desafios intensos, dúvidas e angústias.
Guadalupe, na língua asteca, significa “perfeitíssima Virgem, que esmaga a deusa de pedra”. Poderíamos supor que Maria realiza essa aparição para converter o povo asteca, adoradores da deusa de pedra, mas não podemos parar por aí. Nossa Senhora de Guadalupe também nos convida, hoje, a deixar que Ela esmague a cabeça de todos os deuses de pedra que querem avançar em nosso coração. Os deuses de metal, de plástico, de fibra óptica, de energia. Os deuses do consumo, da vaidade, dos pecados. Nos convida a sermos seus filhos prediletos e a Lhe entregar tudo o que rouba nosso tempo e nossa atenção e nos desvia do Pequeno Menino, que Ela nos traz no ventre.
Estamos quase às vésperas do Natal e poderíamos refletir sobre como este ano foi desafiador, e com razão poderíamos mergulhar em uma infinidade de bons motivos para manter nossa atenção desviada do pequeno presépio de Belém. Mas também a isso a Virgem de Guadalupe nos responde. Quando encontra Juan Diego (e, acreditamos, a cada um de nós), lhe diz: “Juan Diego, não deixe o seu coração perturbado. Eu não estou aqui? Não temas esta enfermidade ou angústia (se referia à doença de seu parente). Eu não sou sua Mãe? Você não está sob minha proteção?”
Ao celebrar, alegremente, essa aparição de nossa Mãe, nos lembremos que, também a nós, Maria dirige essas palavras de acolhimento e cuidado. Também em nós quer fecundar um espírito filial e confiante, esperançoso do cuidado maternal da Virgem e consciente da própria pequenez.
Que possamos aproveitar esse tempo de Advento, em que esperamos pelo nascimento de Jesus, para entregar à Nossa Senhora de Guadalupe todos os deuses de pedra que têm nos rondado, ameaçando nossa saúde espiritual, bem como lhe entregar, também, nossos medos e angústias, conscientes de que Ela permanece tendo o perfeito cuidado de tudo.