Um pouco antes do Natal, o que recordamos na história de Schoenstatt?
Ir. Glória Maria de Melo Leite – Recordamos a Audiência do Pai e Fundador, Pe. José Kentenich, com o Papa Paulo VI em 22 de dezembro de 1965, dois meses após o seu retorno do exílio.
No livro “Uma vida à beira do vulcão”, encontramos a descrição dessa audiência. A autora, Ir. M. Doria Schlickmann, recorda que obter uma audiência papal não era algo tão simples, pois, segundo informações da Prefeitura Apostólica, esta equivale a uma manifestação pública de reabilitação. Pouco antes do Natal, o Cardeal Antuniutti emite uma recomendação, e o Padre Kentenich recebe do Vaticano a notícia e o bilhete de entrada para a audiência.
Pai e Fundador com o Papa
Em 22 de dezembro, o Pe. José Kentenich é recebido pelo Papa Paulo VI. Quando chega na sala, um dos guardas lhe acena discretamente para ele que se coloque no final da fila dos participantes, justificando em segredo: “O Santo Padre deseja dedicar-lhe mais tempo”.
Chegada a sua vez, o Fundador se encontra, finalmente, diante do Papa, segurando na mão uma pequena malinha preta que então abre. Dela, ele retira um cálice de ouro, que presenteia ao Papa como dádiva para a planejada Igreja comemorativa “Mater Ecclesiae”.
O Papa lê um breve discurso preparado, com seus agradecimentos ao Fundador. Pe. José Kentenich, por sua vez, agradece ao Santo Padre toda a benevolência, e promete que Schoenstatt trabalhará com todas as suas forças em favor da missão pós-conciliar da Igreja. O Papa ainda recorda o testemunho de um amigo seu que esteve preso com o Padre Kentenich no Campo de Concentração, em Dachau: na difícil época de fome, o Padre Kentenich salvara a sua vida graças às encomendas de alimentos que recebia.
Terminada a audiência, quando já se encontrava rodeado pela Família de Schoenstatt, o Fundador relata com alegria esse acontecimento e o interpreta da seguinte maneira: “Representa, certamente, um selo extraordinário sobre Schoenstatt como Obra, Schoenstatt em sua estrutura, Schoenstatt em sua missão”.
A partir desse dia, na lista dos desejos de Natal de toda a Família de Schoenstatt, restava apenas um único e grande desejo: que o Padre Kentenich pudesse passar o Natal em Schoenstatt.
Nas mãos da Mãe de Deus
Novamente, o Cardeal Antuniutti entra em cena: no dia 23, quando este, junto ao Papa, perguntou se o Padre Kentenich poderia passar o Natal em Schoenstatt. Não obteve logo a resposta. Tudo permaneceu em aberto até o último minuto. Entre os que estavam em Roma e em Schoenstatt reinava grande expectativa.
Na manhã do dia 24, chegou a notícia de que ele poderia passar o Natal em Schoenstatt. Depois de 14 anos ele pode retornar!
Em meio a uma alegre agitação, todos começaram a arrumar as malas. Uma Irmã, movida por grande confiança, havia comprado as passagens para todo o grupo, mesmo sem saber da confirmação.
Retorno ao Santuário
O Fundador chegou a Schoenstatt na vigília de Natal de 1965. Para a maioria parecia um “Milagre da Noite Santa”. Sua primeira visita, naturalmente, o levou ao Santuário Original, onde se ajoelhou na frente, em silêncio. Só Deus sabe o que naqueles minutos colocou, em oração, aos pés de sua Mãe.
O ginásio do colégio de Maria estava repleto. O Pe. Kentenich entrou ao som de um imenso aplauso. Embora tudo parecesse irreal, tornara-se realidade o que todos aguardavam há 14 anos.
Houve discursos de boas-vindas e saudações. Enfim, o Pe. Kentenich subiu ao palco e começou a sua breve alocução: “Minha querida Família de Schoenstatt, imagino que aguardam com expectativa as primeiras palavras que lhes penso dirigir depois de 14 anos, nesta solene celebração. Poderiam ser duas. Eu poderia ficar com os senhores na terra; mas também poderia subir com os senhores às estrelas, subir até o céu”.
Todos admiravam que ele não pronunciara nenhuma palavra acusadora, nenhum ‘ajuste de contas’ com os que o fizeram sofrer. “Subir até o céu” significa para ele “olhar para dentro do coração de Deus, procurar descobrir os planos de Deus, aplicá-los a nossa própria vida, a fim de poder olhar com mais clareza para o futuro”.
Suas palavras não se referiam apenas àquela noite. Esta intenção determinou o programa dos anos vindouros. Como coroação desse dia, à meia-noite, o Pai e Fundador celebrou a Santa Missa de Natal no Santuário Original.
Pai e Fundador, Mãe de Deus e Santuário: os Três Pontos de Contato com a graça para os schoenstattianos.
Edição: Marina Mendes Moreira, Jufem de Petrópolis/RJ
Fonte: jufem.com.br
Que coisa maravilhosa acabei de ler. Como o Espírito Santo nos leva para o momento certo: quase véspera do Natal tive o privilégio de fazer esta leitura fazendo uma reflexão de como teria sido esse 22 de dezembro….e assim sucessivamente até o Santuário Original…qual não foi a grande festa dedicada ao Pai Fundador pela família schoenstatiana após 14….Deus é Pai !