A confiança filial faz parte do nosso ideal nacional: ser Tabor
Rosângela Marramarco Lovato – Iniciamos 2021 ainda sob o furor de uma Pandemia, que se arrastou por todo 2020 e parece não ter data para terminar. Vivemos o distanciamento social, o uso da máscara, do álcool gel. Nosso convívio fraterno com amigos, vizinhos, nossa Comunidade de fé e, em alguns casos, até com familiares próximos, ficou apenas na saudade, nas fotos antigas. Alguns perderam pessoas da família, amigos, conhecidos, pacientes, de Covid-19 e de tantas outras causas. Sim, as pessoas morreram. E elas morrem todos os dias. Porque a morte faz parte da vida. E é o único acontecimento do qual temos absoluta certeza desde que nascemos – Vamos morrer!
Mas parece que a partir do ano passado as pessoas começaram a pensar nisso?! E se apavoraram! Somos imortais? Meu filho, meu esposo, meu neto, minha mãe, minha tia, minha sobrinha, minha melhor amiga, meu colega pode morrer? Pode, a qualquer momento, e não apenas de Covid! Não sabemos o dia nem a hora. E durante todo o ano foi assim. Nossa! Perdi tantos amigos, pais de amigos, uma tia, padres conhecidos, de outras causas que não Covid e, há 3 semanas, 1 colega de Covid. Tantos se recuperaram e estão se recuperando, desta e de outras doenças. Até uma nora grávida está passando pela doença. Tive medo? Sim, tive. Mas não a ponto de paralisar a vida e os relacionamentos. O trabalho diário com a doença e a saúde certamente nos prepara mais para a morte, mas o medo que tive, realmente, foi o de morrer sem o acesso aos Sacramentos. Porque estes, por um período, nos foram tirados.
Morrer em pecado, em pecado mortal, morrer para a Vida Eterna, longe de Deus pela Eternidade. Este é o nosso MEDO? Este deveria ser o nosso principal medo. Nosso corpo está sujeito a padecer de tantas doenças que podem surgir tão agudamente apesar de nossos cuidados. Mas e nossa alma imortal? Ela não está doente? Estamos cuidando da nossa alma, do espírito que anima nosso corpo e nos recorda que fomos feitos à imagem e semelhança de Deus?! Estamos cuidando da nossa vida sacramental? Alguns talvez estejam novamente impedidos do acesso à ela. Mas quando podemos, temos coragem de ir, ou ficamos comodamente na frente da TV achando que isto é o suficiente?
O que fizemos da nossa vida em 2020? O que acrescentamos à nossa biografia neste período? Medo?
Muitos falaram em reinventar-se, novo normal…mas o que de fato vivemos e testemunhamos como bons católicos? Nossa fé num Deus que nos Ama desde sempre, desde antes de nossa concepção e que tem um Plano de Amor para nossa vida? Que somos objeto de seu Amor infinito, que não nos é dado por algum merecimento, mas por pura misericórdia. O nosso Deus sabe bem, qual o dia da nossa morte. E isto nos basta.
Para navegar nesta tempestade atual, Jesus nos pergunta, como aos apóstolos? Por que este medo, gente de pouca fé? (Mateus 8,26). E o que diria a cada de um de nós, nosso Fundador Pe. Kentenich? Tenham medo? Escondam-se? Não comunguem? Não confessem? Podem se contaminar na missa? Ao abraçar sua mãe ou seu pai idoso? Certamente esta não seria a atitude de um homem de Deus que enfrentou o Campo de Concentração de cabeça erguida e trabalhou para o Reino de Deus dentro do inferno de Dachau. Nem dele, nem de uma miríade de santos e mártires que enriquecem nossa Igreja Católica Apostólica Romana há mais de 2000 anos. Pedimos que eles rezem por nós e conosco ao Bom Deus para que possamos viver sem medo e morrer com a dignidade de Filhos de Deus e fazendo de nossa história pessoal uma caminhada Rumo ao Céu!