Dois pais que assumem o plano de Deus em suas vidas
Ana Paula Paiva – O 20 de janeiro sempre foi um marco histórico profundo e não facilmente compreendido, uma vez que existe sempre a dificuldade de análise histórica do que foi a perseguição nazista, quanto aos motivos pelos quais ela se direcionou aos sacerdotes alemães (incluindo o fundador) e porquê o regime enxergava neles uma ameaça.
Sabe-se, contudo, que foi uma época muitíssimo difícil para a Obra de Schoenstatt e para toda a Igreja, além – evidente – das graves ofensas humanas e do horror da guerra. Correspondências foram interceptadas, investigações sem qualquer crivo processual levadas a efeito, prisões e consequentes encaminhamentos a campos de trabalho (e extermínio). A guerra agravou a crise econômica em toda a Europa, e toda a humanidade sofreu com a morte, com a fome e com o temor pela perda da liberdade.
No mesmo período em que Adolf Hitler alçava postos significativos dentro do partido e começava a vencer eleições, com discursos e narrativas absolutamente contrários à doutrina da Igreja, nosso Fundador percorria grande parte da Alemanha pregando retiros para sacerdotes diocesanos e falando, aberta e claramente, sobre os riscos do nacional-socialismo, do bolchevismo, da massificação e mecanização, bem como da absoluta importância da liberdade, da personalidade forte, da colaboração com Deus e da filialidade heroica.
O Fundador, certamente, incomodou. Preso pela Gestapo em Coblenza, sendo intimidado em diversas ocasiões (e tendo demonstrado profundo vigor pessoal), e lhe sendo oportunizado (por membros da Família de Schoenstatt) a utilização de um exame médico que lhe favoreceria e, provavelmente, não o levaria ao campo de trabalho (um paradoxo absolutamente bizarro pois, sob o pretexto de trabalharem, eram exterminados), o Fundador disse não. Era 20 de janeiro de 1942.
Vemos um José profundamente firme, corajoso, íntegro. Um José que sabia as consequências dos seus atos, mas ainda assim, que colocou a Providência como protagonista de sua própria história pessoal. O Fundador foi a Dachau não apenas por ele mesmo, mas por cada um de nós.
Temos um outro José como referência, patrono da Igreja, pai de Jesus. Um José que longe de ser aguado e pouco participativo, foi absolutamente eficiente em sua missão: corajoso, viril, protetor da Virgem Maria e do Menino Deus. São José é um grande exemplo de serviçalidade, humildade, força, silêncio, amor, entrega e fé, e o ano a ele devotado é salutar nesse tempo em que a família é duramente atacada e a autoridade paterna esquecida.
A Sagrada Família de Nazaré não teve uma vida simples. Em meio a uma perseguição sangrenta, São José pegou o Menino e Sua Mãe e fugiu para o Egito, proveu todo o sustento necessário à Família, garantiu segurança aos seus, valentemente confiou na Providência e seguiu Seus planos. São José é o heroico protetor da Família de Nazaré e, também, da nossa.
E o que esses dois José’s, tão queridos por nós, têm em comum?
Há muito o que dizer: Nosso Fundador, José Kentenich, espelhou, em tantas importantes medidas, seu onomástico São José. Foi valente, íntegro, forte e, ao mesmo tempo, silencioso, honrado, casto e heroico. Também espelhou São José, atuando – em sua vida sacerdotal – com zelo pelas almas, as confiando à proteção de Maria – que foi a única que, realmente, o influenciou em toda sua vida, tal como o esposo castíssimo de Maria, fiel em todas as circunstâncias.
Que nesse ano em que nos dedicaremos a estudar mais sobre o Santo Patrono de nossa Igreja, possamos incorporar em nossa vida suas virtudes, tal como fez o Fundador da Obra de Schoenstatt, e carregar em nossa vida a integridade e firmeza que o vimos manifestar no 20 de janeiro de 1942, marco da confiança divina, da fidelidade aos planos de Deus e da integridade ante os desafios morais.
Gratidão por tantos artigos maravilhosos. Leio e acompanho todos. Compartilho também com as missionárias da Arquidiocese de Goiânia- Go. Magnífico trabalho. Estão de parabéns. Nesse tempo tão turbulento, ter essas palavras de ensinamentos e autoeducação é fundamental.