O que não pode faltar a um líder schoenstattiano
Alexandre Rossi – Em tempos de índices, números, metas sobre metas, cobranças de resultados, siglas, custos, taxas, impostos, lucros… tempos de polarização e forças antagônicas, tempos de pensamento segmentado em “caixas”, tempo de super especialistas… encontramos homens e mulheres, indivíduos com suas capacidades e limitações, com sua inteligência e vontade, com sua razão, afetividade e alma, empresários, empreendedores, autônomos, profissionais liberais, líderes em suas próprias empresas ou em cargos de chefia e gerencia de grandes companhias, chefes de si mesmo ou atuando em pequenos grupos; levantam-se líderes schoenstattianos!
Com características próprias, desenvolvidas a partir da visão de nosso Pai e Fundador, Pe. José Kentenich, e forjados na Aliança de Amor com a Mãe de Deus, podemos destacar, sem se limitar a elas, algumas características comuns nestas personalidades:
Forma de pensar e viver orgânica
“O homem é uma unidade múltipla de muitos estratos. O corpo, a alma, o espírito se enraízam num só núcleo da personalidade, num único portador. Desenvolvem-se conforme determinadas leis simultaneamente, mas não na mesma medida”. “O homem cuja razão foi excessivamente formada, em detrimento das outras dimensões, se caracteriza por um pensar separatista, mecanicista, um pensar doentio que separa a ideia da vida.” [1]
Um líder tem a consciência de que precisa se desenvolver em todas estas dimensões, caso contrário, falaremos de uma mutilação da natureza humana [2]. Ele trabalha para que o Espírito possa iluminar a razão, que controlará a afetividade e o físico e, assim, estará totalmente submetido e submerso em Deus, formando uma totalidade orgânica, indivisível. Não se trata de conhecimento, mas sim de vida aplicada. “Não devemos esquecer que atuamos muito mais na educação por nosso ser e por nossas ações do que pelas palavras e medidas pedagógicas” [3].
Em um mundo polarizado, separatista e concorrência a qualquer preço, Schoenstatt faz contra ponto através das vinculações, de vivências e experiências pessoais com Deus e com o outro, de uma cultura do encontro, do sobrenatural com o natural, de estar imerso em Deus e próximo das pessoas, da ciência com a fé, da razão com a alma, da lógica com o sentimento, do lucro com o bem estar dos colaboradores, das metas com as necessidades individuais do ser humano, do aumento das vendas com o consumo consciente, das negociações que fazem sentido e geram riqueza para todos, do chefe e do pai, do funcionário e da comunidade, da cultura do ganha-ganha, do colaborativismo e compartilhamento de conhecimento, do desenvolvimento do propósito de existência pessoal, do propósito da equipe de trabalho e da empresa, tornando-se fermento na massa.
Consciência da debilidade humana e humildade
“Tudo o que sou e tenho, eu devo à Mãe de Deus.” [4] Um constante exercício de autoanálise para maximizar seus pontos fortes, enobrecer seus pontos frágeis e reconhecer suas debilidades, traz o equilíbrio necessário para que um líder se mantenha com os pés no chão e os olhos no céu. Conhecer seu próprio temperamento e perceber o temperamento das pessoas com quem trabalha dá a base para a construção de uma sólida estrada de comunicação assertiva e confiança mútua.
Um empreendedor schoenstattiano reconhece que “o Bom Deus o ama pessoalmente, como a pupila de seus olhos” [5], e com esta convicção, sabe que pode cometer erros, pode se mostrar frágil e sentir-se inseguro, mas também sabe onde recorrer para ter “colo” e força necessária para manter-se firme no seu propósito pessoal e empresarial.
“Em vão trabalham os operários se o Senhor não edificar a casa” [6], assim entendemos Santo Agostinho, quando, resumindo o seu modo de pensar, nos conscientiza da importância da oração, com as palavras “Faze o que podes e o que não podes, pede-o”! Não dispomos suficientemente do “vinho” do conhecimento, das técnicas exatas, da certeza que o caminho está pronto e sinalizado, mas temos no Bom Deus a certeza do que necessitamos para desempenharmos bem nossa tarefa de educadores (afinal, todo líder é um educador) e espalhamos alegria, apesar de todas as necessidades, faltas e falhas próprias e dos que nos seguem. Um líder tem a capacidade de perceber o coração das pessoas e conduzi-los ao alto, de exigir o máximo de cada um, pois é capaz de acolher o erro.
Fé na Divina Providência
“Observe os pássaros do céu, não semeiam nem colhem e Deus os alimenta. Não valeis mais do que eles?” [7] Assim age um empresário e empreendedor de Schoenstatt, com a certeza da realização das coisas que não se veem, das portas que irão se abrir, do sustento diário que o Senhor proverá, uma fé inabalável e uma firmeza indestrutível que o conduz a jamais abandonar seus princípios e sempre fazer o certo, em qualquer circunstância, se negando a agir fora dos padrões legais, éticos e morais, ainda que esteja sobre as maiores pressões, como em um campo de concentração [8]. Por fim, uma fé prática, pois mesmo sabendo que Deus o sustentará, não fica sentado esperando que as coisas aconteçam [9], mas sai em busca de entender através das vozes do tempo, da alma e do ser a vontade de Deus e colocá-la em prática em sua vida, na vida da sua empresa, na vida dos seus liderados, na vida das pessoas impactadas com seus negócios.
Mas afinal, empreendedorismo e liderança são natos? Como schoenstattiano tenho a alegria de afirmar: Isso pode até ajudar, mas tudo isso se desenvolve, liderança se conquista!
Schoenstatt tem uma (I) pedagogia, baseada em cinco estrelas condutoras [10] a pedagogia do ideal, das vinculações, da aliança, da confiança e a pedagogia de movimento, possui uma (II) metodologia pautada na fé prática na Divina Providência, na santidade da vida diária e no ser humano integral e domina (III) os instrumentos para o desenvolvimento humano como o Horário Espiritual e o Exame de propósitos, proporcionando um caminho seguro de educação na conquista de hábitos e virtudes e no enobrecimento de pontos fracos, contribuindo assim para formação do homem novo: firme, livre e serviçal… o líder de tempos moderníssimos.
* Contribuição da CIEES Paraná – Comunidade Internacional de Empresários e Executivos de Schoenstatt
Referências
[1] KENTENICH, Pe José. Que se faça do novo homem. Santa Maria 1999. Pag 51-55
[2] Lc 2,52 – Jesus se desenvolvia em sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e dos Homens
[3] KENTENICH, Pe. José. Linhas fundamentais de uma pedagogia moderna para o educador católico. Irmãs de Maria de Schoenstatt, 1984, pag 38
[4] BARBOSA, Maria Augusta. Padre José Kentenich – Pai e Educador Carismático. Secretariado PJK 4ª edição – 2009. Pag 29
[5] BARBOSA, Maria Augusta. Padre José Kentenich – Pai e Educador Carismático. Secretariado PJK 4ª edição – 2009. Pag 13
[6] SL 127, 1-5
[7] MT 6, 26
[8] “Todos os membros da família de Schoenstatt deveriam ser capazes de viver num Campo de Concentração” – BARBOSA, Maria Augusta. Padre José Kentenich – Pai e Educador Carismático. Secretariado PJK 4ª edição – 2009. Pag 145
[9] Nada sem nós, nada sem Vós – Lema onde contamos com a Intercessão da Mãe de Deus, se fizermos nossa parte.
[10] KENTENICH, Pe. José. Linhas fundamentais de uma pedagogia moderna para o educador católico. Irmãs de Maria de Schoenstatt, 1984, pag 143
Achei fantástico esse artigo , por que me deu a certeza que estou no caminho certo. Sou da campanha e agora também na Liga de Mães de Natal RN e pela falta do trabalho (turismo)e no começo da pandemia comecei a produzir um produto. Com a ajuda dos amigos tenho me sustentado e sei com absoluta certeza que foi Mãe Rainha é o Pe. Kentenich que me fizeram empreender e continuam comigo nessa empreitada… todos sabem que anuncio Maria e peço a canonização do Pai fundador…
Louvo a Deus pelo presente que venho empreendendo com minha vivencia de aliança e pelo carisma de Schoenstatt…
Deus abençoe todos! NCPP