Como rezar, quando já não consigo mais?
Suellen Figueiredo – O Dia Mundial do Enfermo foi criado para que possamos nos lembrar, e lembrar toda a sociedade e comunidade mundial, da necessidade de ter um olhar mais atento a todos aqueles que estão em condições que necessitam de cuidados de saúde.
Seja aquela pessoa que está em um leito de hospital, ou aquela que convive todos os dias com algum tipo de doença crônica; também todos aqueles que trabalham nos cuidados dos enfermos, várias vezes sem condições adequadas. Neste dia queremos, como Igreja, lembrar essa situação e fazer o apelo por melhores condições a todo aquele que precisa.
E neste ano em que ainda enfrentamos a pandemia causada pela Covid-19, que nos assola desde 2020 e tem feito, até hoje, 106.643.519 (cento e seis milhões e quarenta e três mil, quinhentos e dezenove) infectados – e tantos são os falecidos por essa enfermidade que atinge todo o mundo – temos convivido diariamente com a condição da doença.
Nesse contexto, como cristãos, podemos pensar: como viver uma vida de oração quando muitas vezes não conseguimos ter forças para realizar as mínimas tarefas do dia?
Como encontrar forças para manter o espírito de confiança na Divina Providencia e não esmorecer sobre o medo e as dificuldades que essa doença causa?
Com esses questionamentos, pus-me em busca de entender, com quem passou pela experiência de ter o diagnóstico positivo para Covid-19, como foi passar por isso e onde a espiritualidade de Schoenstatt pode ajudar a superar essa fase.
Aproveitando um tempo difícil para rezar
“Na condição de acometido pela pandemia, gostaria de tecer um breve relato. Tudo iniciou como uma irritação na garganta, sintomas de gripe e febre, até que após dois atendimentos de emergência e exame, foi comprovado o diagnóstico para Covid-19.
Em um terceiro atendimento, com o agravamento dos sintomas, ficou constatado o comprometimento de 70% dos pulmões que, graças à nossa MTA, não evoluiu para pior. Mas, devido a efeitos colaterais, precisei ser internado para exames. Foi quando, devido à condição do ar no ambiente de espera do atendimento, na recepção, senti uma sensação de sufocamento, que normalizou mudando de ambiente. Lembrei após, nos momentos de oração, do desespero que deve ser para os que evoluem para um quadro grave, de tudo o que passou o nosso Pai e Fundador, o Pe. Kentenich, no período em que passou no campo de concentração.
Durante a quarentena, para minha recuperação, que não permitia as atividades normais, reservava tempo para orações, entre elas o “Confio” e meditação no Rumo ao Céu”, conta C. R., de Olinda/PE
Rezando com o olhar
Muitas vezes é em casa que o enfermo está e é nela que vivenciamos a doença, com aqueles que amamos por perto. Foi o que nos contou a Priscila Araújo, de Olinda/PE:
“Estou casada há dois meses e, tanto eu quanto meu esposo, somos profissionais de saúde, eu formada em farmácia e ele enfermeiro de UTI. Já convivíamos com a realidade da Covid desde o ano passado quando no ano do nosso casamento veio a pandemia.
O meu esposo chegou a ser contaminado quando ainda estávamos noivos e casamos no final de novembro. Foi um ano cheio de desafios. No último mês, quando ele acabou sendo contaminado pela segunda vez, agora já casados, acabamos ficando os dois doentes.
O fato de sermos profissionais de saúde nos ajudou a cuidar um do outro quando o outro estava pior. E ter a vivência de Schoenstatt desde nosso tempo de juventude nos ajudou a manter a fé, mesmo quando não conseguíamos rezar como fazemos sempre.
Por muitas vezes, minha única oração foi voltar o meu olhar para a Mãe de Deus, no meu Santuário Lar da Sabedoria, que conquistei no último ano em que estive na Jufem, e pedir à MTA que cuidasse de nós e não permitisse que o medo e a doença nos fizesse piorar.
Hoje, estamos curados e voltamos ao Santuário Tabor da Nova Evangelização para agradecer à Mãe pelo cuidado de sempre”.
Somos seres frágeis, mas sabemos rezar
Que neste dia do enfermo, possamos rezar por aqueles que ainda sofrem nos leitos de hospitais, seja pela Covid-19, seja por outras enfermidades. Que, por intercessão de nossa Mãe e Rainha, possam manter-se seguros na fé e confiantes na vitória. Rezemos principalmente por aqueles que não conseguem mais rezar, para que possam enxergar a Deus agindo na vida de cada dia.
“A oração cristã infunde no coração humano uma esperança invencível: qualquer que seja a experiência que toque o nosso caminho, o amor de Deus pode transformá-la em bem. […] Somos seres frágeis, mas sabemos rezar: esta é a nossa maior dignidade, é a nossa fortaleza. Coragem! Rezar em cada momento, em cada situação, porque o Senhor está próximo de nós. Quando uma oração está em sintonia com o coração de Jesus, obtém milagres” (Papa Francisco, Audiência, 10 de fevereiro de 2020).