Solenidade da Anunciação do Senhor
Ana Paula Paiva – Celebramos hoje a solenidade da Anunciação do Anjo a Maria, narrada pelo Evangelista Lucas (1, 26-38) e que retrata o momento no qual Maria recebeu a mensagem do Arcanjo Gabriel, mensageiro de Deus, de que seria a Mãe do Salvador e ocasião, também, em que se decidiu por seguir a vontade de Deus e dizer sim a Seus planos. O Verbo se faz carne a habitar entre nós. Todo nosso agradecimento é pouco para tamanha Graça!
O primeiro impulso que temos, ao meditar a grandeza de Deus nesse acontecimento, é acreditar que Maria se manteve passiva ante a uma manifestação tão esplendida de Deus Pai e de sua pequenez. É verdade que a sempre doce Maria silenciou, meditou e refletiu; que a sempre Imaculada preocupou-se com as conjecturas dessa missão; que a sempre humilde Maria se sentiu insegura. Mas, também é verdade que seu silêncio e reflexão culminaram no reconhecimento de Deus como Pai de bondade, que exige uma resposta de amor, que Ela dá corajosamente.
No momento da Anunciação se plenifica a encarnação do Verbo – Deus, que se faz Homem por amor a nós, habita o seio de Maria, o primeiro tabernáculo e a toda Cheia do Espírito Santo. Logo Ele nascerá na gruta de Belém, junto a Maria e ao nobre José, valente guardião da Sagrada Família. Mas, nossa reflexão acerca dessa solenidade não para por aqui. Nosso Fundador, Pe. José Kentenich, dizia que:
“A cena da Anunciação quer ser revivida. Nós não só devemos considerá-la, senão praticá-la em nossa vida, repeti-la nas menores coisas da vida diária. Deve ser a obra mestre de nossa vida. Se nós meditamos a cena da Anunciação, poderemos reconhecer a forma e a maneira com que a Mãe responde a mensagem de Deus. Ela medita, pergunta, pronuncia seu Fiat e atua. Cada acontecimento, cada pessoa, o que sucede, estímulos interiores, a estrutura de ser das coisas, podem ser para nós semelhantes a um Anjo do Senhor. Nossa tarefa consiste em ter sempre a delicadeza de ouvir, meditar o que é esta saudação, e a ela responder com uma contra-saudação. Nós queremos dar uma resposta mariana a cada mensagem do Anjo”.
Ao lado do Fiat narrado no Livro do Gênesis (“Faça-se a luz, e a luz foi feita”), provavelmente escrito por Moisés (existem outras teorias teológicas, mas essa é a mais aceita), e que relata a unilateralidade da ação de Deus Trino – vemos o Fiat de Maria, criatura perfeita de Deus e concebida sem pecado original, mas que teve resguardado também sua liberdade.
Nossas “anunciações de cada dia”
Em nossa vida cotidiana, e levado em consideração toda a desproporção que temos para com Maria Santíssima, também somos interpelados por Deus, que comunica sua vontade a nós e espera uma resposta. Também somos convidados a silenciar e meditar os acontecimentos, avaliar os influxos da vontade divina que se manifesta neles e saudar a Deus por meio de nossa resposta.
Poderíamos refletir: Antes de responder ao Anjo, qual era a postura de Maria? Como Ela ouviu a saudação? Será que estava imersa nos acontecimentos corriqueiros e incapaz de ouvir a Deus em meio ao barulho e as distrações? E quando Deus nos saúda, será que nos encontra ocupados demais com as atualizações de nossas redes sociais e com os prazos de nossas tarefas?
Reviver a anunciação no cotidiano de nossas vidas exige, como diz o Fundador, a delicadeza de ouvir e de meditar a voz de Deus que se manifesta em nossas vidas. É um trabalho hercúleo, mas de grande significado – silenciar, meditar, responder e agir conforme a decisão tomada – e parece ser também a trilha mariana de busca pela santidade.
Que possamos, sempre mais, dedicar nossa vida a responder as saudações de Deus e buscar as virtudes tão belas que encontramos em Maria Santíssima, vaso do Espírito Santo e que carregou o Senhor para nos trazer a nós.