Conheça a história do artista que criou a imagem da MTA
Karen Bueno – Quando o pintor italiano Luigi Crosio sentou-se diante do quadro em branco e fez os primeiros esboços desta imagem, ele certamente não podia imaginar quão impactantes seriam suas pinceladas. Por suas mãos e pela inspiração divina, nasceu o quadro da Mãe e Rainha Três Vezes Admirável de Schoenstatt.
Luigi Crosio nasceu em Acqui Terme, na Itália, em 15 de agosto de 1834. Viveu e trabalhou na cidade de Turim, onde também faleceu, no ano de 1915 – o mesmo ano em que o seu quadro chegou a Schoenstatt (fato que ele não teve conhecimento). Era um artista de moderada reputação, cujas obras seguiam um estilo clássico e realista.
Crosio frequentou a Accademia Albertina di Belle Arte, em Turim. De início, dedicou-se a trabalhos com pinturas comerciais, mas depois especializou-se em pinturas com cenas românticas do século XVIII, retratos ou personagens de época ou cenas de Pompeia. Ele também gostava de ópera e retratou várias cenas de óperas populares.
Segundo o site italiano artslife.com, “sua pintura, que pode se inserir no pleno movimento romântico típico do século XIX, é especializada em um gênero de caráter histórico-social, com cenas de admirável execução, precisas e descritivas […]. Os personagens são inseridos como num cenário teatral, buscando um equilíbrio, tanto nas massas quanto nas cores. Erotismo e sensualidade não são considerados dignos de serem representados na tela. Não temos conhecimento de nus de mulheres ou de temas obscenos nas obras de Crosio, que, ao contrário, chega com convicção a obras de natureza religiosa”, frutos de sua devoção pessoal.
Em 1898, ao que tudo indica, ele pintou o famoso quadro Refugium Peccatorum Madonna (Maria, Refúgio dos Pecadores), que foi levado a Schoenstatt e lá recebeu o nome de Mãe Três Vezes Admirável.
O Pe. Eugene Huggle comprou este quadro, feito por Crosio, numa loja de antiguidades de Friburgo, no sudoeste da Alemanha. Pagou em torno de 23 marcos pela obra. Pe. Huggle, sem conhecer a origem da imagem – uma aquarela de Nossa Senhora com o Menino nos braços – a presentou aos jovens congregados de Schoenstatt.
O quadro da MTA
O quadro de Crosio, que se converteu na imagem de graças de Schoenstatt, não é uma obra clássica famosa. No entanto, alcançou o mundo todo. A pintura original que inspirou suas cópias foi, durante muito tempo, propriedade exclusiva da empresa dos Irmãos Kuenzli, em Zurique, na Suíça.
Respondendo à curiosidade da Família de Schoenstatt, os responsáveis pela empresa escreveram:
“O criador da pintura ‘Mãe Três Vezes Admirável’ – o título original era ‘Refúgio dos Pecadores’ – é Luigi Crosio, que pintou várias obras para a empresa dos Irmãos Kuenzli: pinturas religiosas, cenas do quotidiano, da ópera e outros…. Assim, existe uma declaração escrita e assinada por Luigi Crosio, datada ‘Turino, 10 de outubro de 1898’ cedendo aos Irmãos Kuenzli o direito de posse e o exclusivo direito de reprodução da pintura ‘Refúgio dos Pecadores’. O quadro deve, assim, ter sido pintado naquele ano.
Os Irmãos Kuenzli, que mantinham um contato pessoal com Crosio, já faleceram há muitos anos. Porém, a tradição oral entre os membros da empresa conta que foi a filha do artista [a filha de Crosio] que posou como modelo para o referido quadro [o quadro da MTA] e para outras pinturas de Nossa Senhora.
Tenho recordação de ter visto uns documentos referentes a um processo legal de plágio (mas isto foi já há algumas décadas). O copista – como este tipo de pessoas sabe fazer – apostou e manteve-se firme: teria que se provar que tinha sido ele a copiar de Crosio e não Crosio a copiar dele. Nessa época, os Irmãos Kuenzli utilizaram uma fotografia da família de Crosio para provar que uma das filhas de Crosio tinha sido a modelo para o quadro de Nossa Senhora… Não disponho de qualquer informação sobre o modelo usado para o Menino Jesus.
… Os últimos quadros que os Irmãos Kuenzli compraram foram pintados em 1911”.
Além fronteiras
O alcance dessa imagem, atualmente, surpreende cada vez mais a Família de Schoenstatt, especialmente pela Campanha da Mãe Peregrina, que chega a todos os continentes.
É interessante saber que o autor da imagem, Luigi Crosio, não pintou apenas um quadro da Mãe e Rainha, mas reproduziu a mesma imagem da MTA pelo menos três vezes – o que demonstra o carinho que ele tinha por essa obra. Essas cópias, duas delas com a assinatura do autor, foram encontradas em lugares inesperados, como na África do Sul, na América do Sul e até mesmo em Milwaukee/EUA, onde um casal recebeu uma grande cópia retangular, em 1900, como presente de casamento.
Em 1966, a Província Suíça das Irmãs de Maria de Schoenstatt conseguiu comprar a estampa original e os direitos autorais dos Irmãos Kuenzli, oferecendo-os ao Pe. Kentenich. A estampa encontra-se, neste momento, em posse das Irmãs de Maria em Schoenstatt, na Alemanha, onde ainda hoje serve de referência original para impressões da imagem da MTA.
Estes são os títulos de alguns quadro de Luigi Crosio, que facilmente são encontrados hoje na internet:
A Virgem do Rosário com o Menino e os Santos Dominicanos (1865)
São José com o Menino, a Coluna do Espírito Santo e os Anjos (1865)
Interior com senhoras (1868)
Interieur med elegant dame (1875)
Uma beleza clássica (1877)
Spielende Mädchen mit Hunden (1878)
Uma mão amiga (1878)
A pomba branca (1878)
Uma gota de boas-vindas (1879)
Brincadeira de crianças no palácio (1880)
Kerkerszene aus Verdis Oper The Troubadour (c.1900)
Retorno da pastagem de inverno (1901)
No poço (1903)
Namoro (1903)
Tocadora de cítara romana em um interior (1903)
Sem título (1904)
Texto feito com informações de:
NIEHAUS, Pe. Jonathan. Herois de Fogo – A Fundação de Schoenstatt. 2ª edição portuguesa
https://artslife.com/history/2014/11/crosio-luigi-1835-1915/
Muito interessante a história do quadro da Mãe Rainha Três vezes admirável, eu desconhecia o fato.