Sim, este convite é para você: olhar e descobrir os heróis que habitam ao nosso lado / ser esse herói do dia a dia
Ana Paula Paiva – Hoje recordamos Tiradentes, único revolucionário da Inconfidência Mineira que consta em nosso calendário de celebrações nacionais. E a par de sua história ser controversa (questionável e que possui diversas linhas teóricas de análise) – o que não nos caberia aqui abordar – poderíamos nos perguntar: por que somos uma geração com tão poucos heróis?
O que se passa: será que nossos critérios de heroísmo político nacional, ou mesmo canônico, estão em desuso, ou será que nosso olhar para o que significa esse heroísmo não mais encontra quem dele possa se imbricar?
Das duas maneiras parece que somos uma geração que vive sob o constante risco de perder seus referenciais, a uma pela distância temporal com nossos heróis de Schoenstatt, apenas para citar um exemplo (pensemos e recordemos que não são muitos os que ainda vivem e que conviveram com eles), e a duas porque nosso olhar não tem procurado mais por esse heroísmo da vida cotidiana, alheio aos grandes feitos externos, mas profundamente enraizados em Deus. O olhar moderno quer grandes acontecimentos, luzes, fogos de artifício e fama. O heroísmo cristão, pelo contrário, se esconde no silêncio de uma vida de abnegação e de magnanimidade e, de fato, não são muitos os que desejam viver assim.
Mas de algo gostaria de lhes assegurar: somos uma geração que não enxerga o heroísmo, mas não uma geração que não os tem. Falsamente depositamos nossa confiança em pessoas que encargam posições de liderança (políticos, artistas, youtubers, esportistas, etc), sem prescindirem de elementos de verdadeira santidade. Carisma é diferente de heroísmo. “Nossos heróis morreram de overdose”, diria Cazuza. Mas não, não morreram. A grande sacada que Cazuza não teve, é que ele procurava heroísmo no local errado.
Não pode haver relativismos na vivência da fé, o que não significa que não a possamos experimentar conforme os fortes influxos do Espírito Santo, para os novos tempos. Relativismo aqui é empregado para lembrar que o dinamismo pastoral não é o mesmo que flexibilidade doutrinal. E que, especialmente, se hoje Deus não me pede que morra como herói da fé no Coliseu Romano, sou convidado a cumprir meus deveres com amor, sem reclamar e entregando tudo para a maior Glória de Deus. O “fiel e fidelíssimo cumprimento do dever”, da nossa fórmula de Aliança de Amor, é dificílimo! Imediatistas que somos, nossa dimensão de heroísmo deve passar, especialmente, pela vitória aos nossos sentidos e vaidades. Com alegre disposição e coragem de filhos de Deus: a alegria é o ambiente onde brotam as virtudes heroicas, nos diz o Fundador.
São Gregório Magno dizia que todos no céu levam a palma do martírio: alguns de sangue, outros da paciência, mas todos heróis da e pela fé. As possibilidades de uma vida concreta que busque a santidade e inspire os que estão à nossa volta, são inúmeras, e pouco importa se “meus inimigos estão no poder”: não precisamos de ideologias modernas quando temos Schoenstatt. Por Schoenstatt, podemos ser e ter verdadeiros heróis. Avante!