Os dons que colocamos a serviço da missão são também um presente para nós
Letícia Carlos Moreira de Carvalho e Silva – É uma alegria exercer o dom que nos foi dado pelo Espírito Santo para servir aos outros, muitas vezes é justamente em nossa entrega ao serviço que vamos descobrindo os nossos dons.
“A messe é grande, mas operários são poucos” (Mateus 9, 35)
Quando nos colocamos à serviço da Igreja, muitas vezes somos desafiados a nos entregar além do que imaginamos ser capazes – e são nessas grandes entregas que podemos descobrir os dons que Deus nos deu.
“Cada um exerça o dom que recebeu para servir aos outros, administrando fielmente a graça de Deus em suas múltiplas formas. (1Pedro, 4:10-11)
Os dons que recebemos de Deus estão diretamente relacionados ao serviço e é impossível dizer que nosso serviço à Igreja não se reflete em nossa vida na sociedade, em nossas decisões para escolhas de uma carreira profissional ou em nossa atuação dentro do ambiente de trabalho, por exemplo.
Nossos trabalhos apostólicos enriquecem nossa vida profissional, afinal, participar da pastoral da liturgia, por exemplo, nos desafia a fazer uma leitura em público, a desenvolver textos para animação da celebração, instigando a criatividade e a interpretação. Um catequista é desafiado, além de compartilhar seus ensinamentos catequéticos, a lidar com conflitos de seus catequizandos, a motivá-los. Os músicos que animam as celebrações são desafiados muitas vezes a lidar com improvisos, ou com personalidades diferentes para compor uma banda harmoniosa. O convite de uma simples palestra para um grupo de jovens pode nos desafiar a preparar uma apresentação de slides, algo que, se não fosse por este convite, talvez nunca nos desafiaríamos a fazer.
Todas essas experiências, quando as experimentamos em forma de entrega à serviço da missão, em um ambiente onde olhamos para aquilo como serviço a Deus e por isso conscientemente sabemos que Ele está agindo através de nós, são propulsoras para que possamos utilizá-las também de forma mais confiante. Mas, por vezes, isso passa desapercebido em nossa vida profissional.
É possível que um dirigente de ramo, por exemplo, já tenha recebido algum elogio em seu trabalho pela sua condução de liderança, ou que um jovem que sempre prepara os vídeos e palestras para os retiros, se destaque em seu trabalho pela sua facilidade em preparar apresentações para reuniões gerenciais, por exemplo. Certamente a experiência de ter coordenado a festa da padroeira o levou a ter uma visão mais experiente sobre como coordenar um projeto na empresa.
É fundamental que valorizemos as experiências que temos a serviço da missão em nossa vida profissional.
Poder falar sobre aquilo que motiva nossa vida espiritual durante uma entrevista de trabalho é com certeza uma experiência excelente sobre como devemos conscientemente trazer aquilo que aprendemos e oferecemos dentro do ambiente sagrado da Igreja para todas as situações que nos cercam. Já experimentou poder falar sobre Schoenstatt, sobre Missões durante um momento de muita tensão que é uma entrevista para um novo emprego? É essa a experiência que tenho a cada entrevista, quando o entrevistador lê em meu currículo que fui membro da Juventude Apostólica de Schoenstatt, dirigente e missionária.
Poder falar sobre o que eu sou, além das minhas qualificações profissionais, é experimentar um dos inúmeros privilégios que temos quando colocamos nossos dons à disposição de Deus e de nossa Mãe.
O trabalho desempenha um grande papel no plano de Deus, nos abre um caminho de apostolado, é no trabalho que colocamos à disposição nossos talentos e os dons. Valorizemos os dons que nos são despertados no serviço à missão como presentes de Deus para nós.
O trabalho dá-nos sentido, une-nos aos outros homens, forma a nossa identidade. (Thomas Vasek)