Secretaria Nacional do Jumas Brasil – Schoenstatt não tem uma pedagogia, mas é uma pedagogia. Ela começou a ser traçada por ocasião da nomeação do Pe. José Kentenich como diretor espiritual no seminário Palotino, em 1912, o qual conhecemos como o Documento de Pré-Fundação de Schoenstatt. Qual era o contexto? Grande descontentamento dos jovens! O Pai e Fundador fez uma “revolução” e nos presenteou com cinco linhas condutoras.
O Pe. Kentenich pode ser considerado como um “forjador profético de homens”. Suas ideias fundamentais circundam a formação de um novo homem inserido em uma nova comunidade. Esse traço da personalidade do Pe. Kentenich em forjar personalidades é base de toda a pedagogia de Schoenstatt.
Outro fato importante para compreender a pedagogia é a compreensão de que estamos em tempos de mudanças na sociedade e podemos afirmar, como schoenstattianos, que a necessidade maior de nosso tempo é a educação. Para Schoenstatt, não adianta se pensar em estruturas econômicas, sociais ou políticas se o interior do homem e suas relações humanas estão desintegrados. Sendo assim, é imperativo uma análise profunda de nossa época.
A originalidade da pedagogia de Schoenstatt reside na interação teórico-prática. A pedagogia nasce da experiência com as pessoas, aliada ao conhecimento psicológico e teológico do Pe. Kentenich. Sendo assim, partindo da existência concreta das pessoas e da sociedade, ele buscou as verdades dos desígnios de Deus para gerar algo real e verdadeiro.
A força criadora do carisma parte de um pressuposto psicológico: a serviço da vida. Isso passa a ser mais importante que dogmas; é o contato vital que “dá rosto” à pedagogia de Schoenstatt. No entanto, um ponto que não pode se perder é o que chamamos polo metafísico, que corre o risco de gerar uma soma desintegrada de experiências, ou vivências superficiais. É importante, todavia, que a pedagogia tenha objetivos claros! O homem não pode ser escravo do momentâneo.
O serviço à vida, serviço de amor e respeito, é sinônimo de autêntica educação. Podemos lembrar-nos da frase do Pai e Fundador: “Uma vida só se acende em outra vida”.
Pedagogia do Ideal
Ideal não pressupõe algo moldado em que se deve “encaixar” o educador ou o educando. Pe. Kentenich afirma que o homem é um desejo encarnado de Deus, mas ainda inacabado e é convidado a ser mais, mas isso depende do talento de cada ser humano. De fato, a Pedagogia do Ideal consiste que cada ser perceba a forma original de amor, que é Cristo, e que nós somos sua imagem e semelhança, ou seja, nosso grande impulso seria amar como Jesus o fez.
Tal pedagogia se fundamenta na realidade de que cada indivíduo é chamado a ser ele próprio, na fidelidade em si e na “ordem do ser”, cada um tem o direito e dever de buscar sua realização pessoal. Nesse sentido, a crise de identidade das pessoas, onde se valoriza o “ter” e o “aparecer” faz-nos distanciarmos do “ser”.
Assim, a busca pelo ser não diz respeito somente a uma ideia pessoal, mas o Pai e Fundador enfatizou o significado social que isso problematiza. Nesse sentido, sua luta foi contra a massificação e mecanização do homem, que separa Deus da vida e razão da fé. O homem deve lutar por sua liberdade, que se conquista a partir do respeito à identidade individual, cultivada pela autoeducação.
Pedagogia das Vinculações
Antes de tudo, é importante saber que o processo de personalização do homem se dá pela aculturação (assimilação das realidades) do mundo com que se relaciona. Para se tornar si mesmo, o homem invariavelmente precisa do outro, seja isso pessoas, coisas ou Deus.
Pode-se compreender então que o vínculo é “atar-se a um laço estável e seguro”, ou seja, vínculo aqui pressupõe uma relação aprofundada de afeto. Como dito antes, essa relação pode ser com pessoas (o ‘eu’ e ‘você’), ideias (uma força propulsora), lugares (o ambiente físico fala) e Deus, formando o organismo de vinculações natural e sobrenatural. Aqui reside uma diferença dos homens aos outros seres vivos: só nós conseguimos desenvolver os vínculos, pois somos os únicos capazes de amar! Aqui está um ponto chave para sermos realmente vinculados.
Um dos traços que mais se destacam em Schoenstatt é a sua atualidade. Aqui se pode perceber, pois uma das preocupações do Pai e Fundador, já no Documento de Pré-Fundação de 1912, era referente à ruptura de vínculos que o homem moderno tem vivenciado. A nova maneira de se relacionar com a família e os impulsos tecnológicos têm nos distanciado do outro. Do mesmo modo, os sistemas políticos foram ambos criticados por Pe. Kentenich. O liberalismo com uma demasiada competitividade tem nos aprisionado nas propriedades privadas. Do mesmo modo, o marxismo, que afirmou a igualdade social, vem disso um meio para criar um estado totalitário e que negasse o indivíduo e sua dignidade.
Pedagogia da Aliança
A pedagogia em questão dá um enfoque nos vínculos sobrenaturais. Pode-se perceber uma relação entre as pedagogias das vinculações e da aliança, sendo que esta se aprofunda vinculação a Deus.
Para o Pe. Kentenich, esse encontro com Deus é fundamental para a plenitude da pessoa e, sem isso, todos os outros vínculos ficam em perigo. Segundo o Pai e Fundador, “humanidade sem religiosidade é bestialidade”. Nesse sentido, fica uma crítica ao mundo separado de Deus, cujos tempos atuais têm se evidenciado, em especial pelo desenvolvimento das ciências, que têm explicado muitas coisas, antes atribuídas ao transcendental.
É na Pedagogia da Aliança que se enraíza o gesto de confiança e faz realizarmos um pacto com Deus. Aqui, há uma construção de um Deus da vida, que se revela na história e por isso podemos manter com Ele um diálogo. Na plenitude divina, Deus nos envia Cristo – através de Maria – para que pudéssemos nos incorporar à sua Pessoa e Missão.
Além da Aliança com o Deus da vida, como dito anteriormente, a Aliança por meio de Maria também é fundamental e muito característica em Schoenstatt. Pe. Kentenich responde o porquê Maria: “Por desígnio divino, o grande meio é Maria. Ela foi colocada como modelo e modeladora de homens e comunidades aliadas com Deus”. É importante termos Maria como exemplo, pois ela sendo um ser humano, incorporou Cristo em sua vida de modo particular; Maria gera valores no homem.
A Pedagogia da Aliança se fortalece na pedagogia mariana, pois tal carisma aproxima vitalmente as pessoas da Trindade, familiariza-as com o mundo sobrenatural, fazendo da Igreja um lar para os seres humanos. Sendo assim, a lei fundamental de tal pedagogia é a vinculação à atitude mariana.
Pedagogia da Confiança
Ainda que necessitemos do divino, no catolicismo o homem também tem um papel importante. Por isso, toda pessoa para se desenvolver necessita de um ambiente onde pessoas confiem nela e demonstrem isso. A atitude de respeito também é vista como ponto fundamental, pois é visto pela pedagogia de Schoenstatt como um fundamento do amor. É renúncia a todo tipo de dominação e concretização do serviço desinteressado à vida. Schoenstatt diz que o respeito exige uma profunda valorização da personalidade do outro; e como inimigo: dos muitos que há, o perigo do educador que aplica conforme moldes pré-estabelecidos. Há também inúmeros benefícios, mas podemos nos deter na importância da reciprocidade. Se trato bem meu educando, este também me tratará. Há um processo de confiança entre um e outro. Segundo o Pe. Kentenich, cada pessoa leva um céu, uma esperança consigo e, sendo assim, é importante reverência e respeito, cuidado e tratamento nobre.
Pedagogia de Movimento (voltado ao processo educativo)
A vida está em constante movimento e, como sempre enfatiza o Pe. Kentenich na sua pedagogia, é necessário acompanhar a vida das pessoas para que a pedagogia possa ser de fato um serviço à vida. Ao contrário disso, teríamos uma pedagogia estática e para isso o educador necessita ter flexibilidade e capacidade de adaptação às novas situações.
Um dos principais pontos refere-se à lei da adaptação, levando em conta que a necessidade de adaptação à perspectiva de interesse do educando para que os estímulos emitidos possam ser bem assimilados. Ou seja, é importante que o ensinamento esteja vinculado ao processo de vida da pessoa a qual se ensina/educa. É necessária uma sensibilidade ao ser humano atual.
Para entrar em sintonia com a pessoa e seus interesses, o Pai e Fundador pensou em duas “artes” para que isso fosse realizado: a “arte de escutar” e a “arte de ajudar o outro a abrir-se”.
Outro ponto de destaque dessa pedagogia são as correntes de vida. Servem para mobilizar as pessoas que comungam um mesmo valor. Isso se dá pela importância de criar uma atmosfera propícia para ser realizado o processo educativo. A corrente de vida é um processo comunitário e de livre adesão a um modo comum de pensar e amar.
Referencial teórico:
PONTES, Pe. José; STRADA, Pe. Angel. Proposta Pedagógica de Schoenstatt: Rumo ao 3º milênio. 2ª ed. São Paulo: Editora C.I, 1998.
Fonte: jumasbrasil.com.br
7 Comentários