Em certo lugar, o dia já declinava e escurecia. Um soldado aproximou-se de mansinho, em uma igreja, do altar de Nossa Senhora. Sua mãe havia falecido. Como era muito religioso, sentia-se confortado com o seguinte pensamento: “Perdi minha mãe terrena, porém, tenho outra mãe, que, não existindo mais a minha mãe terrena, maior responsabilidade assume por mim. Ela é verdadeiramente minha Mãe. Não possuo mais minha mãe terrena. Com maior razão, agora quero estar apegado à minha Mãe celeste”.
Em meio à escuridão, ajoelhou-se diante do altar de Nossa Senhora. Acreditava estar só na igreja, por isso rezava em voz alta, desabafando as suas dificuldades. De repente, ouviu uma voz: lá, diante do tabernáculo, estava ajoelhado outro soldado. Ele se dirigiu também até o altar de Nossa Senhora e não estranhou encontrar aí o colega; ao contrário, sentiu simpatia por ele. Bateu nas costas do primeiro soldado ajoelhado e confiou-lhe esta sua convicção: “Não é verdade, camarada, que somos felizes ao encontrar, em todas as nossas dificuldades, uma Mãe que jamais se esquece de nós?”
Entendemos o que este fato expressa. Sendo Maria verdadeiramente nossa Mãe e tendo, em nossa vida, inúmeras vezes se manifestado Mãe consoladora, compreendemos porque o amor a Ela está inscrito, com letras indeléveis, em nosso coração. Com letras indeléveis!
Sim, é possível que nosso amor a Deus tenha esmorecido. Com que frequência caímos em crise com Deus, crise de nossa fé em Deus?! Porém, apesar de tudo, conservamos nossa devoção plena e inquebrantável à Mãe de Deus. Nosso amor a Ela está inscrito, de forma indelével, em nosso coração.
Outro exemplo singelo. Aconteceu há longo tempo. Um sacerdote, aqui na América, perdeu-se em meio à escuridão de uma selva imensa. Havia anoitecido e ele perdera o caminho, o rumo. Olhava para a direita, para a esquerda, para frente e para trás – e não enxergava casa alguma. Sentiu-se perdido na escuridão e não sabia mais o que fazer.
Como acontece com todo católico autêntico, recorreu à Mãe de Deus e lhe fez um pedido insistente: “Deves me indicar o rumo; faze brilhar uma luzinha, a fim de que eu encontre o caminho que me possa salvar deste perigo de vida”. Não demorou muito, olhando à direita, viu acender-se uma luzinha, há cerca de uma hora de distância. Recuperou a tranquilidade. Seguiu em direção à luz e encontrou uma casa. Bateu à porta e aquelas pessoas pareciam estar a esperá-lo. O sacerdote contou-lhes o que havia ocorrido.
A mãe, que havia aberto a porta, que lhe contou? Um fato inédito! Sua filhinha dormia com a mãe e, de repente, acordou, chamou a mãe e lhe pediu: “Mãe, a mulher, a grande mulher, que acabo de ver em sonho, pediu que acendesse uma luzinha” – “Sim”, respondeu a mãe. Imaginei que minha filha estivesse sonhando e, por isso, não atendi o pedido; voltei-me para o outro lado e tornei a adormecer. Recomendei também à filha: “Dorme tu também, filha”.
Passado pouco tempo, a criança novamente acordou, insistindo: “De novo, mãe, a grande senhora não me deixa sossegada; tens que acender uma luzinha, deves acendê-la” – “Sim”, respondeu a mãe – E para tranquilizar a criança, acendi a vela e deixei-a consumir-se toda.
Compreendemos os sentimentos que esses fatos traduzem. O sacerdote, com o leite materno, assimilou também o amor à mãe de Deus, que penetrou, de forma indelével, em seu coração: “Por isto, em meio às dificuldades, a Mãe de Deus tem de me ajudar”. Como Ela o ajudou? Para os três era evidente – mesmo se tratando de um sonho – que a grande senhora era a Mãe de Deus.
Aceitamos que o amor de Maria Santíssima está inscrito, de forma indelével, em nosso coração. Estamos igualmente convencidos, não apenas quando a invocamos, que autêntico amor de Mãe que Ela abriga, a impele a zelar por nós de modo maternal, mesmo quando não a invocamos. Dupla ou triplamente, ela está pronta a nos ajudar quando, atendendo os impulsos de nossa natureza, acorremos filialmente a ela, em nossas dificuldades. Repito: Tudo que estou a propor reduz-se a um único pensamento: O amor à Mãe de Deus está inscrito, com traços indeléveis, em nosso coração.
Texto do Pe. José Kentenich
Fonte: A mais bela das Mães. Tradução: Pe. Irineu Trevisan