De que forma proteger esse castelo? Por que protegê-lo?
Heloisa Mucelini Aguiar – O Pai e Fundador, Pe. José Kentenich, na Propheta locutus est (14/08/1966) apresenta os cinco frutos da pureza: a antecipação da felicidade do céu, a antecipação da liberdade do céu, a regulação do instinto sexual, a dominação do instinto sexual e a manutenção da moral de excelência.
Tantos frutos não podem ser cultivados sem árduo trabalho: é difícil dizer sim à missão, é um sacrifício por um sacrifício, um coração por um coração; entregamos nossos esforços na Aliança de Amor e no Capital de Graças. Fazemos isso pois queremos, e é exigido de nós, fazer nossa santidade incompleta e em construção semelhante à santidade perfeita de Maria.
O Pe. Kentenich mostra-nos a pureza como um castelo que possui torres e que, protegendo-as, protege-se também toda a fortaleza.
Segundo ele, essas torres podem ser preservadas por três formas de expressão do amor: pela conservação, pela proteção e pela consolidação. “O amor é, por si, um grande meio para proteger a pureza do modo mais íntimo e profundo”. Assim, entregando a Deus nosso amor, ele não se desviará de seus caminhos.
Conservação
Mantém-se a pureza preservando-se por uma “fuga, animada e iluminada pelo amor, das ocasiões perigosas”. Foge-se do espírito mundano, focando nas tarefas que temos de desempenhar, no investimento de tempo na relação com Deus, ou seja, na fuga do supérfluo. Pratica-se também a “fuga prudente” do outro sexo, alcançada pela “atitude de profunda liberdade interior para com (…) todas as criaturas”, vendo-as como filhas de Deus, parte Dele, como pequenos santuários; vendo no outro um espectro de Deus, um espectro da Mãe. Deve-se evitar certas leituras, vídeos, imagens que podem criar fantasias inadequadas à vida de santidade.
Proteção
A pureza é mantida também quando nos protegemos. A proteção compreende o espírito de trabalho, o pudor e a moderação.
No que diz respeito ao trabalho, deve-se ter em mente que Deus deu ao homem o poder do criar, e não apenas do fazer. Entretanto, muitas vezes permanecemos neste segundo plano (o do fazer) e usamos a energia e a criatividade que estaria voltada ao criar para mecanismos errados. Portanto, é necessário que estejamos sempre desenvolvendo a criatividade em tarefas que tragam alegria e, caso isso não seja possível, como quando realizo uma tarefa que não traz satisfação, devo me autoeducar e usar minha criatividade para mecanismos certos, num plano superior.
Como assim? É importante abrir mão de certas atividades que podem levar ao pecado, por exemplo: em vez de “maratonar” séries com forte apelo sexual, poderia se usar esse tempo em atividades mais criativas, fazendo coisas produtivas e divertidas para si mesmo e para os outros.
O pudor é o instinto da nossa natureza que nos leva a ter vergonha de algo mau ou medíocre que temos em nós mesmos, com o fim de salvaguardar a dignidade da nossa personalidade. Ele é herança do pecado original, despertado por instintos desordenados, é um equilíbrio natural, instinto sobre instinto. Ele – quando bem educado – nos impele à gratidão, lembra-nos de nosso estado original, nos faz humildes, lembra-nos do homem que gostaríamos de ser, em plena liberdade interior.
Como usar o pudor como uma ferramenta a favor da pureza? É necessário ver nas próprias misérias pessoais um impulso para crescer. Podemos, por exemplo, conversar com um assessor, um orientador espiritual de confiança (alguém que conhece os princípios da nossa fé e tem discernimento para ajudar) sobre esse tema e sempre invocar o Espírito Santo, interrogar se devemos mudar nossa maneira de pensar a dimensão sexual.
Por fim, proteger a pureza envolve moderação, ou seja, a regulação dos instintos, seja na alimentação, no sono, etc, de modo a tomar para si o domínio da vida instintiva.
Consolidação
Outro modo de preservar a pureza, citado pelo Pai e Fundador, é a consolidação, ou seja, o fortalecimento dela. Isso se dá por meio dos sacramentos, da oração e da mortificação (do sacrifício oferecido conscientemente).
É importante ressaltar que todos esses aspectos devem estar em sintonia entre si e, principalmente, com o amor, o mais perfeito meio de proteção da pureza.
Que possamos sempre lembrar que “união de corações significa também união de sacrifícios” e que fazemos “tudo por amor, com alegria”.
* Contribuição da Juventude Feminina de Schoenstatt do Regional Sudeste
Texto inspirado e trechos retirados das seguintes bibliografias: Propheta locutus est; Que as rosas falem por nós; Envio das primeiras Irmãs ao Brasil; Eu saúdo os lírios e de um retiro destinados aos padres da Comunidade Missionária Bethlemita