A missão de ser mulher é um dom para todas as situações
Joelma Francisca Melo – O Movimento Apostólico de Schoenstatt nasceu, em 1914, em um ambiente masculino: o seminário dos Pallotinos. E então, nos primeiros anos da história de Schoenstatt, podemos constatar o nascimento e crescimento da coluna feminina. Foi necessário que algumas mulheres tomassem a iniciativa e tivessem a coragem de bater à porta e insistirem para entrar. O Fundador da Obra, Pe. José Kentenich, vendo nessa presença feminina o atuar da vontade de Deus, abriu a porta e as deixou entrar. A partir desse caminhar juntos, homens e mulheres, cada um na sua originalidade, o Movimento se desenvolveu harmoniosamente e, sob a condução da Santíssima Trindade e da Mãe, Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Schoenstatt, está hoje inserido na Igreja e na sociedade.
Este “olhar” para o início do Movimento de Schoenstatt quer direcionar nossa reflexão para um ponto específico, que sempre foi muito valorizado pelo Pe. José Kentenich e que orientou pedagogicamente toda a coluna feminina do Movimento: a necessidade de preservar interiormente o ser feminino, o “ser mulher” e valorizar a grande contribuição que a mulher traz para o mundo do trabalho.
O cuidado para não tornar-se uma caricatura
Durante séculos de história, do oriente ao ocidente, as mulheres têm avançado para conquistar seu lugar no mundo ao lado dos homens. Essa busca já conseguiu avançar bastante, mas ainda faltam muitos campos a serem conquistados. Hoje vemos muitas mulheres em ambientes antes considerados “masculinos”, como alguns cursos técnicos e universitários, e também em algumas profissões. Não é uma conquista fácil. Há forte pressão de muitos lados: da família, da sociedade e também de si mesma. Como então preservar esse ser feminino e não deixar-se transformar em uma caricatura de homem? Como não sucumbir ao desejo de ser “igual”, de ser tratada da mesma forma, de adotar uma postura masculina?
Sendo uma Policial Civil, muitas vezes, no início da carreira, antes de conhecer Schoenstatt, eu me sentia pressionada a ter atitudes tipicamente masculinas no falar, vestir e reagir às situações que são frequentes na profissão. Esse tipo de comportamento me aprisionava dentro de um estereótipo criado há séculos e eu não tinha a firmeza e a liberdade interior para ser quem eu realmente desejava. Sentia-me elogiada quando ouvia comentários do tipo: “Você é mulher, mas é mais polícia que muito policial homem!”.
Este comentário, que à princípio parece um elogio, carrega em si uma visão preconceituosa do ser feminino e da profissão. Faz com que a mulher, inconscientemente, deseje ter características tidas tipicamente como masculinas para ser aceita. Neste contexto, se não se tem um conhecimento aprofundado da natureza feminina, das suas potencialidades e da sua originalidade, a mulher se torna apenas uma caricatura bem distorcida do que poderia ser.
Existem meios pedagógicos a dispor de cada mulher
Para crescer neste conhecimento e ter domínio da sua própria personalidade, é necessário um crescimento orgânico. Assim aconteceu comigo e acredito que com muitas mulheres em Schoenstatt. Utilizando o Sistema Pedagógico de Schoenstatt, onde há um profundo respeito à natureza feminina e às suas características essenciais e potencialidades, é possível adquirir a liberdade e firmeza interior para conseguir ser aquilo que se é: mulher!
A Sra. Rosana Silva, do Instituto Nossa Senhora de Schoenstatt, ressalta com objetividade e clareza sobre a natureza feminina e a forma com que a mulher, plena de si mesma e vinculada a Deus e à Mãe de Deus, expressa no ambiente que atua: “A tendência da mulher em expressar-se pessoalmente leva-a a dar um selo de originalidade em tudo o que faz. Enquanto o homem se expressa através de suas ideias e opiniões, a mulher o faz através do mundo que a rodeia. Sua alma está presente nos gestos, na maneira de se comportar, no ambiente que gera em torno de si, em sua forma de se vestir, de se arrumar. Cada forma é um caminho de exteriorizar algo de sua pessoa, da sua alma”.
Ao fazer desabrochar na mulher o sentido da filialidade divina e levá-la a compreender sua natureza nobre e, ao mesmo tempo, singela e pronta para o serviço, Pe. Kentenich contribui sensivelmente para que muitas mulheres, que a ele confiaram sua educação – e eu me incluo entre elas – se fortalecessem interiormente e alcançassem a liberdade interior, tão necessária para se manterem firmes em ambientes difíceis.
Hoje, especialistas reforçam a valorização do ser feminino e dão dicas e conselhos em total sintonia aos ensinamentos do Fundador, difundidos há mais de meio século.
Elaine Saad, gerente-geral e coordenadora de operações na América Latina da consultoria de recursos humanos Right Management, aconselha as mulheres que trabalham em ambientes masculinizados a adotarem uma postura firme, mas não masculina, pois a mulher é, de fato, mais emocional, se envolve mais com situações e com pessoas. Mas, por outro lado, a mulher é mais intuitiva e pode ser mais hábil em contornar conflitos. “Por isso, primeiro seja mulher, depois pense em melhorar o que precisa ser melhorado como profissional”, afirma a especialista.
O Papa Francisco ressalta muitas vezes a originalidade feminina:
“Os dotes de delicadeza, sensibilidade e ternura peculiares, que enriquecem o espírito feminino, representam não apenas uma força genuína para a vida das famílias, para a propagação de um clima de serenidade e de harmonia, mas uma realidade sem a qual a vocação humana seria irrealizável. E isto é importante! Sem essas atitudes, sem esses dotes da mulher, a vocação humana não consegue realizar-se!” [1]
Atualmente as mulheres estão conquistando o espaço que lhes cabe no mundo, mas essas conquistas não podem custar a perda da sua originalidade e dos dons especiais que Deus Pai lhes concedeu. Aquelas que receberam a missão de serem reflexos de Maria no mundo de hoje, devem se inspirar sempre nas mulheres que lhes precederam e continuarem a missão, pois, “sem a mulher não há harmonia no mundo” (Papa Francisco – Missa Santa Marta 09/02/2017).
* Contribuição da União Apostólica Feminina de Schoenstatt
[1] Papa Francisco – 25 de Março de 2014, Sala Clementina, no Vaticano – Discurso do Papa Francisco às participantes no Congresso Nacional do Centro Italiano Feminino
A mulher é o centro de todo universo de uma base familiar!
Deus é, sempre foi e será perfeitíssimo!
Não foi a toa a criação de dois seres humanos, um mais emocional e intuitivo e outro mais racional; sendo assim se complementam, nasceram para estarem lado a lado equilibrando o “andar” do mundo.
Vivam os seres humanos e toda a criação Divina!