Todos somos desafiados lançar sementes de um mundo novo
Karen Bueno – Imagine que você é convidado a embarcar numa missão muito importante e, em poucos dias, precisará aprender um novo idioma, preparar roupas, acessórios e se despedir de sua família. Um detalhe nada corriqueiro: o destino final da viagem fica do outro lado do oceano, num continente desconhecido, e é provável que você nunca mais reencontre seus familiares de novo. Parece loucura? Tudo depende do porquê dessa viagem.
Foi isso que aconteceu, em 1935, na vida das 12 Irmãs de Maria pioneiras que trouxeram o Movimento Apost. de Schoenstatt para a América. No dia 10 de junho elas desembarcaram no porto de Santos/SP com malas nas mãos e uma certeza na alma: “Queremos ser semente da MTA. Semear é algo grande, mas talvez seja maior ainda lançar-se como semente, como semente de um novo mundo” [1].
Ei, você também é um desbravador!
Olhar para as 12 pioneiras traz admiração e reconhecimento, mas não só isso: deve despertar a coragem de fazer Schoenstatt presente em todos os lugares onde estamos – na família, no trabalho, com os amigos, na vida da Igreja… Cada schoenstattiano é um pioneiro em sua realidade e tem a tarefa de desbravar novas terras para a Mãe de Deus.
A Sra. Gliceria Potrich sabia disso quando chegou à cidade de Dourados/MS, em dezembro de 1983. Ela, sobrinha de João Luiz Pozzobon, foi uma das primeiras missionárias da Campanha da Mãe Peregrina na cidade, que iniciou no ano 2000: “Logo que fiquei sabendo que a Mãe Peregrina estava aqui, fui procurar saber como fazer para ser uma missionária, pois aí estava a minha contribuição em ajudar a missão de João Pozzobon”.
Gliceria e os missionários de Dourados também levaram a Mãe e Rainha, em 2017, para a aldeia indígena Guarani Kaiowa Itay, em Douradina/MS. Ela comenta: “É preciso levar Schoenstatt para todos os lugares por onde andamos. A Mãe de Deus tem pressa para chegar ao maior número de lares em nosso país; muitos necessitam conhecer Jesus. De alguma maneira a Mãe nos molda à sua imagem para essa missão evangelizadora”.
Por que levar o Movimento até os indígenas? Ela explica: “Schoenstatt, para mim, é a escola de Maria. Ela é Mãe Missionária de seu divino Filho, que vai apressada ao encontro do outro para que todos experimentem as suas graças e seus milagres de transformação e de salvação! Com Schoenstatt aprendi que onde estivermos – seja perto, longe ou muito longe de um Santuário – a Mãe e Rainha está presente com seus filhos, formando em cada lar seu pequeno santuário”.
O primeiro “homem do Terço”
Na região norte do Brasil, o Sr. Antonio Fiock foi pioneiro do Terço dos Homens, que começou na Arquidiocese de Belém/PA. Ele conta: “Conheci o Terço dos Homens de Schoenstatt em São Luís/MA, onde estava em visita. Lá me convidaram para conhecer essa nova experiência de homens com Maria. Eu me apaixonei pelo que vi e trouxe para nossa Belém e região norte. Comandei a organização dos grupos e a operacionalização das rezas, com inúmeras formações realizadas por diversas comunidades e paróquias. Eu me sinto bem por ter feito o que fiz e isso vem dando muitos bons frutos para as famílias há mais de 15 anos”.
Também Gilvanilda Bulhões foi pioneira na formação do primeiro grupo da Liga das Mães de Schoenstatt em Maceió/AL: “Decidimos iniciar a Liga de Mães na Arquidiocese de Maceió, no dia 14 de março de 2017, porque percebi a nossa necessidade de sermos custódias vivas, levando Cristo para nossos lares, e que possamos vivenciar os valores do ser feminino. Isso despertou em nós, mães, o interesse pela renovação da Igreja e do mundo, formar belas pessoas, belos lugares, famílias santas, trabalhar o nosso Santuário Coração… Os desafios são grandes e nós, mães, precisamos enfrentá-los. E o melhor caminho é sendo pequenas Marias, espalhando amor, paz e alegria, vivenciando a espiritualidade de Schoenstatt”.
Transformar a vida das famílias
João e Neusa Rocha viviam em Cornélio Procópio/PR quando ingressaram na Liga de Famílias de Schoenstatt. Ao mudarem-se para Campinas, no interior de São Paulo, queriam levar consigo tudo o que experimentaram no Santuário. Foi assim que lançaram as sementes de Schoenstatt nesta cidade. “Em 1978 decidimos nos mudar e escolhemos Campinas pelas oportunidades que poderia oferecer à nossa família e pela proximidade do Santuário de Atibaia/SP. Começamos a convidar alguns casais, com os quais já rezávamos em família, para conhecer o Santuário e os apresentávamos à Mãe. Assim, no final de 1979 já tínhamos iniciado um grupo da Liga de Famílias”.
Vendo os frutos colhidos, eles comentam: “Após 43 anos do nosso estabelecimento aqui em Campinas, nós nos sentimos recompensados por tudo. Quando vemos a expansão do Movimento, o crescimento da Família de Schoenstatt em Campinas, como dos diversos ramos, a Campanha da Mãe Peregrina e até mesmo vocações para os Institutos das Irmãs de Maria, dos Padres de Schoenstatt e das Famílias, para nós ainda vale um lema antigo: tudo para Schoenstatt. Schoenstatt para a Igreja. A Igreja para o Deus Trino”.
Não é preciso partir
Vemos todos esses exemplos bonitos e existem muitos outros ainda. Mas, ao contrário do que podemos pensar, ser pioneiro não representa apenas partir para terras distantes, ou iniciar uma obra nova, super original. Pioneiro é também aquele que leva Jesus e a Mãe para um coração que não os conhece. Pioneiro é quem faz o que ninguém fez antes: quem tem a coragem de ser o primeiro a pedir desculpas ou de perdoar; quem tem a ousadia de propor novas ideias e mudanças que possam contribuir com a paróquia, a sociedade, o trabalho…; quem consegue sorrir quando todos estão tristes; quem aprende coisas novas para ajudar os amigos; o pioneiro é a pessoa que tem o coração inquieto para fazer do mundo um lugar melhor.
E, olhando para as pioneiras de Schoenstatt, vemos que um desbravador schoenstattiano é aquele que se deixa formar e educar pela Mãe, no Santuário, e avança com coragem no oceano da vida diária, sabendo que o Espírito Santo o inspira a fazer novas todas as coisas.
[1] Palavras do Pe. José Kentenich, dirigidas às pioneiras, na celebração de envio