“E Deus criou o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou” (Gên 1, 27)
Ir. M. Sandra Maieski – A Sagrada Escritura nos revela que cada ser humano foi criado à imagem de Deus. Se nos detemos no significado da palavra “imagem”, encontraremos duas definições:
1. Representação, reprodução ou imitação da forma de uma pessoa ou de um objeto.
2. Aspecto particular pelo qual um ser ou um objeto é percebido; cena, quadro.
Quanto à primeira definição, pode-se inferir que cada um de nós, em nossa individualidade como seres únicos, representamos a Deus. Pela fé, reconhecemos a grandeza incomensurável do Criador que nenhum ser criado é capaz de representar na totalidade, mas que é chamado a revelar em um aspecto particular, como nos aponta a segunda definição da palavra imagem. Neste contexto, se encontra a realidade do Corpo Místico de Cristo que, ligado à Cabeça, possibilita a ação.
Pe. José Kentenich faz menção à realidade do Corpo Místico de Cristo quando afirma: “Quem é meu nariz? Quem é a ponta do meu dedo? Que mais? Preciso de uma mão, preciso de um pé. Se não os tenho, não posso fazer nada. Devemos a aprender a superar nossos complexos de inferioridade. Devemos reconhecer nosso valor próprio”.[1]
A beleza humana é reflexo da beleza divina
Sabemos quão importante é cada uma das partes de nosso corpo, independentemente de qual seja. É verdade que a algumas acabamos valorizando mais do que a outras. Contudo, não se deve menosprezar a nenhuma delas. Disso tomamos consciência quando algum membro ou parte de nosso corpo está doente ou já não o possuímos.
A segunda definição da palavra “imagem” nos possibilita reconhecer que cada ser humano é a revelação de uma faceta de Deus. Não temos, portanto, razão para não nos aceitarmos: foi Deus quem nos criou e nos deu uma originalidade única, pela qual quer passar por este mundo.
Que acontece muitas vezes? Não vemos nossa própria beleza como um reflexo da beleza de Deus. Todas as pessoas são belas e tanto mais belas se tornam quanto mais trabalham no aperfeiçoamento de seu ser. Nesse aspecto, não se precisa de muitas explicações. Todavia, talvez estejamos já como cegos que não podem ver. Por isso, Pe. Kentenich nos estimula a pedir a graça de um profundo autoconhecimento que nos leva a suplicar: “Senhor, que eu veja?” [2]. Ver-nos como realmente somos: seres dotados de corpo e espírito e que têm na Mãe de Deus o seu ideal, pois ela, a Imaculada, é o modelo de toda a beleza feminina.
Como tornar-nos mais belas? E aqui se deve acentuar o mais realmente como advérbio de intensidade, pois todas somos belas por sermos imagem de Deus. Porém, se quero ser MAIS bela, então devo:
Suplicar a graça do autoconhecimento: “Senhor, que eu veja!” (Lc 18, 41). Aqui vale a pena contar com a ajuda daqueles que convivem conosco, pedindo-lhes que nos digam como nos veem;
A partir do autoconhecimento, elencar quais são os lados positivos de minha natureza e quais os aspectos que devo enobrecer para que a imagem do Criador conferida a mim, ou seja, meu ideal pessoal, possa transparecer. Junto ao autoconhecimento, faz-se necessário o autorreconhecimento para, a partir dele, elaborar um plano de ação concreto, ou seja, não com atitudes, mas com atos.
Estes são, na verdade, os meios de autoeducação que Schoenstatt nos oferece e que, se tomados realmente a sério, são capazes de tornar a natureza humana, quebrantada pelo pecado original, realmente bela. Qual o primeiro passo? A aceitação de minha própria natureza. Muitas vezes o Pe. Kentenich, ao se referir a este realidade, fazia a seguinte comparação: macieira é macieira e ameixeira é ameixeira. Não devo, porque não posso, querer ser como a outra pessoa. Cada uma tem a sua originalidade. Que posso fazer então? Aperfeiçoar a minha natureza e ser, agora utilizando a linguagem figurada: a melhor macieira, a melhor ameixeira!
Referências
[1] (04.03.1949 – manuscrito não publicado)
[2] (05.02.1949 – manuscrito não publicado)