Uma reflexão sobre as finanças e a relação com o dinheiro na vida do casal
João Caetano e Maria Inês Faro – Antigamente, na grande maioria dos casamentos, as tarefas dos cônjuges pareciam estar bem definidas e havia uma certa aceitação do que deveria ser função do homem e o que deveria ser função da mulher.
Desta forma, se voltarmos uns 50 ou 60 anos no tempo, com certeza encontraremos uma sociedade onde o esposo sabia exatamente seu papel de mantenedor do lar, aquele que deveria suprir todas as necessidades materiais da família, buscando o sustento no trabalho normalmente executado fora de casa. Já a esposa – rainha do lar, como era chamada – tinha a responsabilidade de cuidar da casa, gerar os filhos, preocupar-se basicamente com a educação da prole e tarefas afins.
Por ser o provedor material do lar, via de regra, o marido cuidava da gerência financeira da casa, tomando praticamente todas as decisões no que dizia respeito a comprar, vender, investir, planejar e outras atribuições financeiras. A vida era relativamente simples, as pessoas não tinham muitas opções ou distrações, a não ser aquelas que aconteciam bem próximas do centro de decisão familiar.
A partir dos finais dos anos 50, e mais fortemente no decorrer da década de 60, observa-se um fenômeno de fortes mudanças de costumes, com a tecnologia atingindo cada vez mais o dia a dia das pessoas, e o fenômeno da urbanização cada vez mais forte, fazendo surgir grandes cidades, favorecendo o individualismo e o anonimato, bem como aquilo que se convencionou chamar de revolução sexual, trazendo consigo o controle da natalidade, os anticoncepcionais, o divórcio, novas formas de concepção de família e até mesmo movimentos e ideologias que pregam que a família não é mais necessária.
Os jovens continuam apostando na família
Mas, enganaram-se os que pregam que a família tradicional não tem mais vez nem voz e que é uma instituição fadada ao fracasso e à extinção. Contra todos os profetas do apocalipse familiar, o amor se renova a cada geração e os jovens continuam apostando que vale a pena unir a vida, formar família, gerar filhos, construir um novo amanhã, apesar de tantas dificuldades e de tantas vozes gritando que isso não vale mais a pena.
Esses jovens que acreditam no amor familiar como base de construção da sociedade, entretanto, cada vez mais se confrontam com a situação oposta àquela dos anos 50 e 60. Agora, as tarefas/funções dentro da casa já não têm uma atribuição tão clara no sentido de ser responsabilidade do marido ou da esposa e a vida por vezes se tornou uma sucessão de novos desafios a serem vencidos a cada dia.
Hoje é comum encontrarmos famílias nas quais os cônjuges escondem um do outro o valor salarial. Há também quem está desempregado e se sente constrangido em pedir dinheiro ao parceiro. Há esposos que ganham menos que suas esposas, e vice-versa, e se sentem inferiores por isso. Esses são exemplos de relações conflituosas em relação às famílias.
Mas, como seria uma relação ideal entre marido e esposa quando se trata do aspecto financeiro do casal?
Se acreditamos que o amor é a força que move o mundo, então começam a surgir pistas de atitudes que o casal deve cultivar para não condenar seu relacionamento ao fracasso quando se trata do tema finanças.
Algumas palavras-chave podem nos ajudar a trilhar o caminho da harmonia num terreno normalmente espinhoso, a saber: confiança mútua, cumplicidade, diálogo, planejamento, execução conjunta de tarefas, plena consciência das alegrias e cruzes do matrimônio.
Quando se fala de educação financeira do casal, podemos pesquisar na internet e rapidamente encontraremos dicas de todos os tipos, mas o importante é ter a consciência de que, quando duas pessoas se casam, elas não estão apenas unindo seu amor: também estão juntando suas contas, dívidas, ganhos e planos para o futuro. Por isso, é importante saber como organizar a vida financeira do casal. É preciso seguir um processo e dar alguns passos para conseguir realizar plano comuns, a começar da própria cerimônia do casamento, da tomada de decisão para a chagada de um bebê, se está na hora de comprar ou trocar de carro, se está madura a decisão de sair do aluguel e partir para a realização do sonho da casa própria, entre outras decisões. Mas, para isso, a educação financeira é mais que necessária para que o casal não se afunde nas dívidas, que agora podem vir em dobro.
Nesse sentido, cabem algumas dicas muito simples, mas absolutamente importantes:
1 – Se marido e mulher trabalham e têm renda, que ambos sejam sinceros e digam ao outro quanto ganham e que essa receita seja somada. A partir dela, registrar as despesas mensais. Assim, ambos dividirão a responsabilidade de não gastarem mais do que ganham.
2 – Poupar é preciso, não só pensando em futuros investimentos, a realização de um passeio sonhado ou a troca do carro, mas principalmente na formação de uma reserva para emergências e situações que o tempo trará: uma doença, a faculdade dos filhos, etc.
3 – Aprendam a anotar tudo, não só as receitas, mas também as despesas que vão acontecendo: IPTU, aluguel, mercado, IPVA, plano médico, luz, água, etc. Com o tempo, o casal saberá com uma boa certeza quanto ganha e quanto gasta em média, por mês, e isso dará tranquilidade, é como se a pessoa estivesse navegando e seguindo com uma boa bússola.
4 – Cuidado com os perigos do consumismo, tão presentes na vida moderna. O casal deve esforçar-se por não gastar fora do planejado e não ficar enchendo a casa de coisas que depois, muitas vezes, nem usa. Esse é um ponto importante quando chegam os filhos, pois é preciso saber dizer “não” a muitas vontades dos pequeninos.
5 – Cuidado absoluto com o cartão de crédito, ingrediente explosivo nas relações familiares, especialmente se cada um tiver seu próprio cartão. Não esquecer: se a gente compra tudo no cartão em 6, 12 ou 24 vezes, num determinado momento todas as parcelas começaram a cair juntas e passarão a consumir parte expressiva da renda familiar. Faturas jogadas para a frente pagam os juros mais elevados do mundo, e o resto a gente nem precisa falar…
Para nós, schoenstattianos, educação financeira tem a ver com meios ascéticos, que nós até poderíamos chamar de “autoeducação financeira”, não é verdade? Aprendemos a enxergar tudo dentro da ótica do organismo, sabemos que nada acontece de repente na vida e que nenhum objetivo importante é alcançado sem esforço e sacrifício. Se colocarmos mais um ingrediente – o da aliança – podemos então dizer: o sucesso do matrimônio também depende do Capital de Graças representado pelo cultivo da confiança em todos os sentidos – também na vida financeira – e o ideal somente será alcançado com fidelidade, confiança, perseverança e união do casal.
* Contribuição do Instituto de Famílias de Schoenstatt
Que reflexão rica!!!!! Gratidão pelo artigo!!! Sou educadora financeira e vejo o quanto as pessoas estão sedentas de saberem como lidar com essa parte que muitas e muitas vezes deixamos para lá, e esquecemos que essa área de nossa vida afeta diretamente as outras.
Bom dia 😚🌻😘!
Estás informações são importantes pois através delas, podemos adquirir conhecimento e experiência, para tornarmos nossas vidas e famílias UNIDAS, na PAZ,no AMOR 💞❤️ e na ALEGRIA 😹