Qual seria sua resposta pessoal a essa questão?
Dom Lindomar Rocha Mota – Uma pergunta é um modo de fala que sempre está aberto e evolui indeterminadamente.
Há quem diga que uma boa pergunta é até melhor do que respostas apressadas e assertivas. Por isso mesmo, o cristianismo é uma religião de perguntas que se desenrola no tempo em torno da fé, da ciência, da caridade, da sociedade. Porque é a religião de Deus feito homem, os cristãos estão sempre perguntando.
Assim, Jesus se coloca diante dos seus discípulos com a pergunta, aparentemente, mais óbvia que se poderia fazer: quem sou eu para vocês?
Estupor e assombro com a variação de respostas – “Alguns dizem que é João Batista; outros que é Elias; outros ainda, que é Jeremias ou algum dos profetas”. Nem os apóstolos sabem ao certo a quem estão seguindo. Recorrem a citações e rumores que ouviram pelas redondezas. Até mesmo a resposta de Pedro não parece promissora, pois, ao ser o único que acerta, sabemos que será contestado em outro lugar, por não admitir que o Messias passe pelo sofrimento da Cruz.
Entretanto, a pergunta de Jesus continua presente e, a partir de Pedro, estende-se para todo cristão: e vós quem dizeis que eu sou? Fundamentalmente, o trabalho do cristão é responder a esta pergunta. O desenrolar de sua vida e a constituição do ser cristão passa por este imperativo: quem é Jesus para você?
A resposta não cabe no arco de uma vida. Por isso, engana-se aquele que reduz esta pergunta ao parco ponto de vista de sua existência. Para começar a elaborá-la adequadamente precisamos da vida somada de todos os apóstolos. A começar por Pedro, os outros dez que estavam com ele e Matias, que se juntou depois; por Paulo até os santos dos dias de hoje.
Quem é Jesus é uma resposta muito grande para caber na definição de quem quer que seja, embora a parte que cada um encontra já é suficiente para a sua vida.
Ao aceitar a resposta de Pedro, de que Jesus é o Filho de Deus, podemos arriscar também a nossa, onde Pedro também pode nos inspirar. Ao começar a sua missão os Atos dos Apóstolos, nos lembra que ele foi com João ao templo e lá encontraram um homem coxo de nascença que lhes pediam esmolas. Olhando para ele, Pedro disse: não tenho ouro nem prata, mas o que tenho eu te dou: em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda! (cf. At. 3,1-7).
Então Pedro, como Jesus, também se compadece do pobre e sofredor, dando-lhe a cura e a paz. A partir daí, também me é possível formular uma resposta. Para mim, Jesus é o Filho de Deus que faz o bem. E ainda mais! Ele não apenas faz e ama o bem, mas inspira a todos que se aproximam dEle a também fazê-lo e amá-lo.
Artigo de Dom Lindomar Rocha Mota, bispo de São Luís de Montes Belos/GO
Fonte: cnbb.org.br