A missão da Igreja e de Schoenstatt se estende em todas as direções da terra
Karen Bueno – Toda quinta-feira, ao visitar o Santuário Original de Schoenstatt, encontra-se sobre o altar um ícone da Cruz Oriental – você pode comprovar isso fazendo uma visita virtual na próxima quinta: clique aqui para isso. Essa cruz foi levada ao Santuário Original, no dia 5 de julho de 1951. Nesse dia, um grupo de estudantes foi enviado em missão à Rússia e, nesse contexto, a cruz foi entronizada no Santuário, representando a missão de Schoenstatt e da Igreja em direção ao oriente.
A Sra. Paula G., da Alemanha, participou da solenidade e descreve como foi esse dia:
Gostaria de contar o que vivi em Schoenstatt no dia 5 de julho de 1951. Foi um grande acontecimento. Meu pai e eu estivemos em Schoenstatt apenas durante esses dias de julho. Enquanto eu participava de um retiro para a Liga, meu pai ficou em uma casa particular. Ele queria descobrir mais sobre o “mistério de Schoenstatt” e muitas vezes rezou no Santuário Original. Assim, vivemos juntos o grande dia da missão para o oriente.
O dia começou com uma Santa Missa solene seguindo o Rito Oriental, na Igreja dos Peregrinos. O presidente da celebração foi o Pe. Mitnacht, agostiniano de Würzburg. Ele nos contou que viveu muitos anos no Oriente e conheceu bem a mentalidade e os costumes do povo russo. A antiga Igreja dos Peregrinos foi decorada de forma festiva. Havia vários ícones bonitos e coloridos no Santuário. Os seminaristas estavam à direita. Estávamos no centro. A igreja estava lotada.
[…] Naquela tarde, a Cruz do Oriente foi abençoada solenemente. Isso estava relacionado com o envio de estudantes que se comprometeram a trabalhar no Oriente. Durante essa celebração, falaram-nos o Pe. [Adalberto] Turowski, superior geral dos Palotinos, e o nosso Fundador, o Pe. José Kentenich. Foi a primeira vez que ouvimos o Pe. Kentenich. Ele falou com grande entusiasmo sobre a Aliança de Amor com a MTA (a Mãe Três Vezes Admirável). Ele disse que a Mãe de Deus queria partir em uma marcha de vitória, no Oriente e no Ocidente, e que ela queria converter o povo russo. Vale a pena nos dedicarmos totalmente a esse objetivo; temos que seguir o caminho da Cruz com nosso Senhor e com ele sermos pendurados na cruz, disse o Fundador. Para sublinhar suas palavras, o Pe. Kentenich estendeu os braços sabiamente. Seu amor pela cruz me impressionou. Ele viveu isso como um exemplo para nós. Toda a sua vida foi uma vida de entrega amorosa. Tenho certeza de que ele também deu sua contribuição para a conversão da Rússia. Na época, não adivinhávamos a situação difícil em que nosso fundador se encontrava. Pouco depois, seu caminho da cruz começou: 14 anos de separação de seu Movimento.
A celebração atingiu seu ápice depois que a cruz oriental foi abençoada e carregada em procissão solene até o Santuário Original. O Pe. Mitnach, com um manto, carregou a Cruz do Oriente enquanto conduzia a procissão. Ele foi seguido pelo Pe. Turowski, pelo Pe. Kentenich, alguns sacerdotes palotinos, pelas Irmãs de Maria e pelos fiéis todos. Enquanto isso acontecia, meu pai viu de perto o Pe. Kentenich e ficou profundamente impressionado com sua personalidade sacerdotal. Ele estava muito satisfeito por tê-lo conhecido. Foi assim que vivi Schoenstatt junto com meu pai.
O significado dessa Cruz
Segundo a Faculdade São Basílio, na Cruz Oriental Jesus não é mostrado usando uma coroa de espinhos, mas uma auréola de glória.
A barra superior representa o quadro que Pilatos ordenou pendurar, em zombaria, sobre a cabeça de Cristo, no qual estava escrito: “Jesus Nazareno, rei dos judeus”, abreviado pelas iniciais gregas “INBI” ou pelas iniciais latinas “INRI”. Também na barra superior, esta inscrição foi complementada com o título: “Rei da Glória” (Царь славы).
No topo da cruz, acima dos anjos, está a imagem do rosto de Cristo “não feita por mãos humanas” – o sudário – mostrando a face do Cristo vivo. Ministrando ao Senhor Crucificado estão dois anjos voadores, com a inscrição entre eles: “Anjos do Senhor” (Ангели Господни).
A barra do meio é aquela na qual as mãos do Senhor foram pregadas. A inscrição “Filho de Deus” (Сынъ Божіи) é colocada em ambos os lados da cabeça de Cristo. O desenho ao lado das mãos de Jesus representam uma imagem do sol e da lua, pois “O sol escondeu sua luz e a lua se transformou em sangue” (Joel 2,31). O sol e a lua são frequentemente mostrados nos ícones da crucificação. Abaixo dos braços de Jesus lemos a inscrição: Nos prostramos diante de Tua Cruz, ó Mestre, e adoramos Tua santa Ressurreição (Хресту Твоєму поклоняємось, Владико, і святеє Воскресення Твоє славимо).
O apoio para os pés da cruz é inclinado para nos lembrar que a Igreja compara a cruz a uma “trave de justiça”, pela qual um homem é condenado ou justificado pela maneira como eles respondem à cruz de Cristo. Segundo a Igreja Russa na Argentina, essa barra inclinada lembra os dois ladrões crucificados ao lado do Senhor. O ladrão que estava do lado direito de Jesus se arrependeu e entrou no paraíso (a parte alta da barra). O ladrão do lado esquerdo morreu blasfemando contra Cristo (a barra transversal indica a descida).[1]
Nesta representação da Cruz, do Santuário Original, há a imagem das pedras e do monte Calvário. As imagens da Mãe de Deus e de São João são mostradas aos pés de Jesus, junto com as mulheres que os acompanhavam.
Com informações de:
https://fasbam.edu.br/2020/09/09/o-significado-das-inscricoes-na-cruz-eslava/
http://urheiligtum.de/EN/01-History/07-1939_-_1969/15-1951_Day_for_the_East.html
Muito interessante está matéria. Todos os dias colocamos a imagem ao vivo do Santuário Original (pelo Youtube) durante nossas orações e temos observado que em dias diferentes há cruzes diferentes colocadas sobre o altar. Ótimo conhecer a origem e história dessas cruzes! Nós enriquecem espiritualmente.