Há vida nova e esperança onde tudo parece destruído
Ir. M. Nilza P. da Silva – “Nada é impossível para Deus!” (Cf. Lucas 1,37), disse o anjo a Maria, no momento da anunciação. Quantas vezes, em situações difíceis, quando não vemos saída e nem um ponto de luz no fim do túnel, essa frase vem à nossa mente e renova nossa esperança.
Nossa história de vida e a de nossa Família é repleta de situações e planos que deram errado. Torna-se doente quem não tem coragem de olhar de frente para os fracassos pessoais e dos outros, como se errar nos tornasse menos valiosos e menos amados por Deus. “Esta santificação exijo de vós”, diz a Mãe de Deus, na Aliança de Amor, e pede que elevemos “ao máximo a exigência para conosco mesmos”. Mas, em nenhum momento, diz ou promete que não teremos fracassos. Por quê? Porque Deus constrói suas obras a partir do nada.
O sofrimento não é a palavra final
Quando lemos, na Bíblia, a voz de Deus, que anuncia a destruição, por meio dos profetas, o desfecho final é sempre vitorioso, porque Deus cria as pessoas para serem felizes. O sofrimento não é a palavra final, quando estamos com Deus.
Esta é uma grande mensagem que podemos meditar também no acontecimento de 18 de julho de 1914: “No ‘Panorama Geral’, jornal semanal de Munique, o Pe. Kentenich leu um relato do conhecido capuchinho, Pe. Cipriano Fröhlich, sobre a origem de um lugar de peregrinações no Vale de Pompeia, perto de Nápoles – clique para ler o texto do jornal. Este relato despertou nele uma série de perguntas, principalmente esta: O que aconteceu no Vale de Pompeia não poderia tornar-se realidade também em outro lugar, por exemplo, em Schoenstatt?” [1]
Ruínas de Pompeia
O Vale de Pompéia é a escavação das ruínas de uma antiga e próspera cidade, que no ano 70 d.C. foi totalmente destruída pelo vulcão Vesúvio. A morte dos mais de 12 mil habitantes e o nada que restou impacta de tal modo que até hoje chega ao conhecimento de todos que estudam história. O jovem Pe. José Kentenich é um dos que se deixaram tocar por isso. Deus escolheu esse “fracasso”, para erigir um dos santuários marianos mais conhecidos e influentes, o Santuário do Rosário de Nossa Senhora de Pompeia.
Ruínas de Schoenstatt
O que Deus fez sobre essas ruínas, entra fundo no coração do jovem leitor desse artigo, em 1914. Ele também vive uma situação de fracassos: “Saúde fraca, conduta acanhada, nervosismo, ciência irrelevante tanto em formação geral como clássica. Em resumo: falta das mais elementares condições e falta de tempo e ocasião para adquiri-las devido às inúmeras ocupações,”[2] assim ele descreve a si mesmo. Além disso, sua comunidade religiosa fora desalojada, o colégio fechado, os seminaristas foram para casa, porque os padres não podem garantir a segurança deles e, nem todos se comprovaram nesse período: “Existem apenas ruínas de nossa florescente Congregação”, diz o Diretor Espiritual na palestra para o reinício das atividades escolares, em uma Capelinha de quase 800 anos, conseguida como lugar de reunião, porque para nada servia, a não ser para se guardar ferramentas do jardim.
Vitória da Aliança com Deus
Sim, esse 18 de julho nos conduz a essa realidade: Onde tudo é destruído e o fracasso parece ser o resultado final, Deus se inclina para o nada e manifesta sua bondade e seu poder, realizando grandes e maravilhosas obras. Nascemos para a vitória e os fracassos são apenas meios para fortalecer os alicerces e provar que a vitória vem de Deus que sela Aliança conosco.
Para finalizar, meditemos na estrofe desse poema escrito pelo Pe. Kentenich num dos piores lugares de destruição: o campo de concentração de Dachau:
“Conhece a terra pronta para o combate, habituada a vencer em todas as batalhas, onde Deus desposa os fracos e os escolhe como instrumentos; onde todos confiam nele heroicamente e não se apoiam em próprias forças; onde, jubilosos, estão prontos a entregar por amor o sangue e a vida?
Sim, eu conheço esta terra maravilhosa. É o prado de sol no brilho do Tabor, onde nossa Senhora Três Vezes Admirável impera no meio de seus filhos prediletos e retribui fielmente todos os dons de amor, revelando sua glória, sua infinda e rica fecundidade: é minha terra natal, minha terra de Schoenstatt!” (Rumo ao Céu, 605)
[1] Pe. Engelbert Monnerjahn – Pe. José Kentenich Uma vida pela Igreja
[2] Idem