Quem serão esses homens novos?
Ir. M. Nilza P. da Silva – Schoenstatt é chamado por Deus à vida numa mudança extraordinária de época. Na qual se inicia uma nova etapa da história. Pe. Kentenich, interpretando os sinais dos tempos e deixando-se guiar fielmente pela Fé Prática na Divina Providência, norteou a Família colocando-a ante tarefas de extraordinária envergadura. Hoje, inverte aceleradamente a imagem do homem e da sociedade.
Caminhamos para uma nova cultura pós-moderna ou “cibernética”, marcada por gigantes progressos científicos e tecnológicos. Novas tendências determinam um novo modo de viver, de relacionar-se, de trabalhar e de lazer. O grande incógnita é se a nova cultura será marcada pelo selo de Cristo. Humanamente, o contrário parece ser o mais provável.
No entanto, sabemos que Cristo é o Senhor da história e que da força de seu Espírito surgirá uma nova criação. Uma Igreja renovada está chamada a ser gérmen de uma nova cultura que leva o selo do Evangelho.
É a partir desta perspectiva que se entende o grande objetivo de Schoenstatt: formar um homem novo numa nova comunidade, ambos impulsionados pela força fundamental do amor, com um zelo apostólico universal. Ou, dito de outra forma mais sintética: formar uma nova comunidade sobre a base de homens novos.
O homem novo schoenstattiano é uma realização original do homem novo em Jesus Cristo, tal como São Paulo o anuncia (cf Efésios 4, 24; 2, 15; Gálatas 3, 27; Romanos 13, 14). É preciso despojar-se do “homem velho” para que surja o “homem novo” em Jesus Cristo. Cristo é o homem novo e Maria sua imagem mais perfeita. Maria é a primeira redimida. De ambos surge a nova criação, que exerce seu influxo na humanidade para renová-la até que surja “um novo céu e uma nova terra” (cf. Ap 21,1).
Este homem novo cristão vai tomando distintas formas segundo os desafios das diversas épocas históricas. A riqueza de Cristo e de Maria – imagem perfeita e inicio da Igreja –, não se esgota em um determinado tempo. Por isso, a época que se vislumbra no horizonte dos “novíssimos tempos” (essa é a expressão usada pelo Pe. Kentenich), vai significar uma profunda renovação do homem cristão “supratemporal”. O novo tipo de homem cristão nos vai mostrar um novo resplendor da vida e riqueza de Cristo, o Senhor de todos os tempos.
Qual é a originalidade deste homem novo?
O Pe. Kentenich percebe que o homem novo vai formar no futuro sua impronta mariana como nunca até agora o tinha visto a historia da Igreja. A nova cultura será uma cultura da harmonia entre a natureza e a graça, tal como Maria a corporifica. Ela é o “grande Sinal” que Deus mostra ao nosso tempo como sinal de luz e de esperança.
Este homem novo, marcadamente mariano, é um homem chamado a superar uma cultura individualista e sem alma; é um homem no qual o amor – lei fundamental do universo – se manifesta em todo seu poder. Uma cultura onde os valores do coração e do amor têm relevância e superam nossa cultura “hipervirilizada”. Maria abre as portas para uma nova “civilização do amor”. Ela é o coração da Igreja, chamada a ser alma do mundo. É a “Mãe do belo amor”, a Mãe da unidade. Ela congrega à Igreja como Família em torno da sua maternidade. Ela educa homens novos capazes de dar e de receber amor.
Nossa cultura, enferma pelo individualismo e a massificação, não sabe solucionar a tensão entre indivíduo e comunidade. O “homo faber” (homem mecanicista e maquinizado), destrói todos os vínculos queridos por Deus. O homem novo mariano, que Schoenstatt propõe, busca cultivar e viver em plenitude os vínculos do amor, tanto na ordem natural como sobrenatural.
Na ordem natural: é um homem que vive em, para e com a comunidade; que supera criativamente a tensão entre indivíduo e comunidade, o que integra harmonicamente o personalismo (a dignidade e autonomia de uma personalidade livre) com o solidarismo (a inserção e responsabilidade comunitária). E o faz também na ordem sobrenatural: Maria nos ensina a ser filhos ante Deus, a ser filhos em seu Filho, a desenvolver, com ela e como ela, um caloroso e poderoso amor filial a Deus Pai. A nova cultura mariana, por ser mariana, será uma cultura do Espírito Santo, o Deus do Amor. Maria, templo e instrumento perfeito do Espírito Santo, abre as portas em nosso tempo a uma nova irrupção do Espírito.
Este homem novo mariano, que orienta o ser e agir na espiritualidade de Schoenstatt, é um homem essencialmente livre. Para amar – e esta é a vocação essencial do ser humano – se requer possuir-se a si mesmo para dar-se ao tu e à comunidade; para entregar-se a Deus ao próximo. A Igreja e a sociedade necessita, hoje mais que nunca, de pessoas que sejam verdadeiramente livres, capazes de decidir por si mesmas e de comprometer-se, tal como o foi Maria, a Imaculada.
Só a pessoa livre pode amar. Só este tipo de homem cristão, guiado pela luz da Imaculada, da mulher plenamente livre, pode ser uma luz que ilumina as escuridões de uma sociedade onde reina o vazio interior, a massificação com todas suas escravidões, o materialismo, a angustia e a solidão.
A nova comunidade é sustentada por estes homens novos. Nunca haverá uma total renovação de nossa sociedade se não houver homens novos marcados com a impronta mariana. Somente sobre a base de homens verdadeiramente novos pode edificar uma nova sociedade.
Neste fundo se compreendem as características próprias que distinguem ao homem novo schoenstattiano. O homem novo mariano é um homem:
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