O cenário atual exige de nós uma confiança e vivência da Filialidade Heroica
Bárbara Rafaela Bezerra Rodrigues de Mélo – Recordamos hoje o 20 de agosto de 1949, em que, pelas mãos do Fundador Pe. José Kentenich, a Mãe de Deus foi coroada como Rainha da Filialidade Heroica, no Santuário Tabor, em Santa Maria/RS. Título dado a Maria e missão dada aos schoenstattianos, sobretudo, nesse momento em que o mundo enfrenta uma crise sanitária mundial, causando em tantas pessoas sentimentos como medo, inseguranças, tristeza, e até o luto.
A Filialidade Heroica traz consigo um significado profundo que nos ajuda a encontrar respostas para os mais diversos questionamentos que enfrentamos no tempo atual.
Ver em tudo o bom Deus
O Pe. José Kentenich explica em que consiste a Filialidade Heroica, nela “Amo a mim e a todas as criaturas unicamente por causa de Deus. Isto supõe um total desprendimento interior de tudo e de toda a vontade própria, um desprendimento capaz de ver em tudo o bom Deus” ¹.
A inclinação em ver em tudo Deus Pai, inclusive nos sofrimentos, expressa o heroísmo de abandonar-se nos braços do bom Deus, como crianças, que depositam uma confiança inabalável em seus pais.
O cenário obscuro que se encontra o mundo atualmente exige de nós uma confiança a nível da Filialidade Heroica, de uma fé que amadureça nos momentos mais duros e que possa dar frutos: em tudo está um Pai que nos ama, cuida e nos quer bem.
A fé na Divina Providência como visão de mundo
A vivência da Filialidade heroica nos impele a ver o mundo pela ótica da Providência Divina de Deus. “A luz da fé na Providência leva-nos a interpretar sempre os golpes do destino, a cruz e o sofrimento como condução de Deus.”²
Parece um tanto difícil ver Deus ao se deparar com situações, por exemplo, nas quais se perde o emprego em um tempo tão volúvel, vindo a comprometer a realidade familiar; pessoas que amamos se encontram hospitalizadas, ou até mesmo já se encontram na eternidade em decorrência do Covid. O Pai e Fundador diz que o bom Deus quer pessoas ousadas através da Divina Providência, que possam dar saltos mortais e, a partir destes, a escuridão será superada.
Ele ainda expressa sobre a fé prática na Divina Providência:
“Ela nos diz que por trás de tudo está o bom Deus: Deus é Pai, Deus é bom e bom é tudo que ele faz!” ³
Dificuldades da época são tarefas da época
A crise sanitária que estamos enfrentando nos impulsiona ao mais alto grau de filialidade: é tempo de Filialidade heroica. O Pe. José Kentenich diz que as dificuldades da época são tarefas [4], isto quer dizer que devemos tomar as dificuldades da vida pessoal como missão que Deus nos confiou a partir da aspiração da Filialidade Heroica.
O caminho que nos conduz à santidade e ao Pai é dinâmico e surpreendente, mas, para enxergamos a dimensão desta realidade, devemos buscar e pedir a graça de enxergamos tudo com um olhar voltado para a Divina Providência: o que o Pai quer é sempre o melhor para mim, ainda que humanamente eu não perceba, Deus nos ama e nos conduz ao seu amor.
A Mãe de Deus atua como nossa grande companheira nesta missão: educa-nos para vivermos a autêntica filialidade, bem como mostra-se seu poder como rainha de toda dificuldade que enfrentamos em nossa vida.
Hoje é dia de mais uma vez entregarmos a coroa da Filialidade Heroica à Rainha, entregando em suas mãos todas as limitações que nos impedem de viver este ideal em sua plenitude e a confiança inquebrantável em seu poder maternal.
Rezemos um trecho da Oração de coroação e renovemos em nosso coração esse momento importante da Família de Schoenstatt do Brasil: “Não queremos simplesmente deixar-nos educar por ti, mas deixar-nos educar à culminância da filialidade heroica. Professamos assim que te damos o poder de nos moldar e permitimos que nossa alma seja moldada, como corresponde à bondade paternal de Deus.” [5]
[1] KENTENICH, José. Filialidade – Brasil Tabor 2, p. 17.
[2] KENTENICH, José. Filialidade – Brasil Tabor 2, p. 62.
[3] KENTENICH, José. Filialidade – Brasil Tabor 2, p. 66.
[4] KENTENICH, José. Filialidade – Brasil Tabor 2, p. 52.
[5] KENTENICH, José. Filialidade – Brasil Tabor 2, p. 93.