A transformação do mundo começa no coração filial
Pe. Nicolás Schwizer – Se olharmos para o mundo de hoje, podemos nos perguntar: por que nós cristãos, em mais de 2000 anos, mudamos tão pouco o mundo? Por que se perdeu aquele espírito de conquista, dos apóstolos e primeiros cristãos? Não será porque se há vivido o cristianismo de uma maneira egoísta e individualista? Algo disso acontece também com alguns santuários cristãos: convertem-se em lugares de refúgio, onde as pessoas só giram em torno de seus próprios problemas, onde se escondem das exigências do mundo e da vida.
Nossos templos não são um refúgio, mas um lugar de onde Deus e Maria nos enviam. Enviam-nos a renovar nossa cultura e sociedade atuais, a mudar a história da Igreja e do mundo.
Como nós podemos colaborar com essa graça? Como podemos alcançar a transformação do mundo? Creio que devemos começar transformando nosso pequeno mundo pessoal: nosso lar, o entorno familiar, o ambiente de trabalho, vizinhos, amigos, grupo, etc.
Geralmente não se tratará de fazer coisas extraordinárias, mas de cumprir bem e com amor nossos afazeres de cada dia. E ver esses afazeres diários, por mais monótonos ou pesados que sejam, à luz e ao serviço da grande missão, porque são a contribuição que Deus nos pede nesse momento, para construir um mundo novo.
Podemos também sair de nosso pequeno mundo e ajudar a mudar o grande mundo de nossa pátria. Por exemplo: a política, a cultura, os meios de comunicação, a sociedade. Esperam-nos para muitas e grandes tarefas, para sermos colaboradores aptos de Deus e da Virgem na transformação de nosso mundo:
1. Devemos ser homens e mulheres filiais. O filho diz sempre ‘sim’ para a vontade do Pai. O filho luta por um mundo digno do Pai, onde reinam a fraternidade, a justiça, a paz. E essa abertura e disponibilidade filial diante de Deus é o que permite abrir caminhos para um mundo novo. Porque é a atitude que deixa lugar à atividade paternal de Deus na história, tal como o fez Cristo.
Trata-se aqui de uma atitude filial madura, própria de um filho adulto do Pai e co-responsável de sua obra. É o homem que enfrenta a história confiando no Pai e que, por isso, é ousado e criador. Recordemos que a grandeza ou a miséria de nossa vida não se mede por nossas capacidades nem por nossos limites, mas pela magnitude da obra a qual nos consagramos: “Um heroi é quem consagra sua vida a algo de grande”, costumava dizer o Pe. José Kentenich, Fundador do Movimento de Schoenstatt.
2. Devemos ser homens e mulheres diferentes. Creio que todos percebemos que esta missão de transformar o mundo e criar um mundo novo, nos converte em homens diferentes, em homens e mulheres que vivem de maneira diferente dos demais. Temos que atuar de forma diferente no matrimônio, na vida familiar, nos negócios e na empresa, na política, na relação com os homens. Em tudo isso temos que ser diferentes da sociedade atual com seus valores.
Também os primeiros cristãos tiveram a ousadia de ser diferentes. E por isso criaram um mundo novo; um mundo impregnado pelos valores cristãos. Ser diferente significa, muitas vezes, passar por louco, assim como os primeiros cristãos.
Significa também lutar contra o pecado em todas suas formas, começando por si mesmo, mas também lutar contra muitas situações de pecado no mundo que nos rodeia. É por isso que os antigos cristãos diziam: “não vai sem sangue”. O Reino de Deus não avança sem sangue, sem sacrifício, sem dor, sem luta. O mundo não se transforma sem sangue. Por isso, temos que nos arriscar a sermos diferentes, a passar por loucos, a lutar contra o mal em nós mesmos e assim viver antecipadamente o mundo do amanhã.
Perguntas para a reflexão
1. Sinto-me um enviado a transformar meu ambiente?
2. Como cristãos, em que somos diferentes dos demais em nosso dia a dia?
Se desejar se escrever, comentar o texto ou dar seu testemunho, escreva para: pn.reflexiones@gmail.com
Foto: Schoenstatt International Communication Office 2014