Para fazer germinar a semente do Evangelho
Ir. M. Nilza P. da Silva – A Igreja, no Brasil, logo após 1700, vive uma situação difícil. Especialmente os jesuítas – grandes missionários nos primeiros séculos de nossa história – eram muito perseguidos, até que foram expulsos por Marquês de Pombal. Com as missões cada vez mais ameaçada, muitos brasileiros correm o risco de não conhecer Jesus ou não ter apoio suficiente para alimentar a sua fé.
Uma imagem ferida e enlameada
Maria é Mãe de misericórdia, é Mãe e Educadora que ama sem reservas os seus filhos, por isso, decide ela mesma interferir, em defesa dos pequenos. Ela não apenas intercede por eles, diante de Deus Pai, não apenas pede ao Filho que realize mais uma vez o milagre, como em Caná. Mas, ela deixa-se acidentar e ferir, lança-se na lama de um rio, para deixar-se encontrar, enlaçada nas malhas da rede, a fim de que nenhum filho se envergonhe de aproximar-se dela. Assim ela chega até nós! Ela é a Mãe e imagem da Igreja descrita pelo Papa Francisco: “Uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas.” [1]
Lançar-se ao solo como semente
Coração (corpo) e cabeça da Imaculada, a mais pura entre os puros, são encontrados sujos de lama, porque ela não é somente a missionária que saiu a semear, mas, ela mesma lança-se ao solo como semente. Como disse o Pe. José Kentenich, no envio das primeiras missionárias de Schoenstatt ao Brasil: “Queremos ser semente da MTA. Semear é algo de grande, mas talvez seja maior ainda: lançar-se a si mesmo como semente, semente de um novo mundo.” [2] Grande missionário é quem tem coragem de lançar-se à lama: aceitar que vai ser criticado, que seus defeitos, os quais se esforça para vencer, serão expostos à vista de todos, que muitos irão conhecer suas limitações, que muitos não o compreenderão, grande missionário é ir ao encontro das pessoas que não são consideradas, é doar-se sem nada esperar em retribuição, é amar simplesmente como Jesus amou.
Porque fez-se pequena, como uma semente lançada na água suja, porque se inclina ao nosso nada, até hoje, Maria conquista milhões de corações para seu Filho, Jesus. Ninguém tem medo de aproximar-se dela, ninguém receia confiar-lhe suas necessidades e entregar-lhe o coração e a razão. Assim, Ela nos ensina como agir e educa-nos em nossa missão. “Maria é a grande missionária, continuadora da missão de seu Filho e formadora de missionários.”[3]
Ela peregrina nos ombros e nas mãos de seus burrinhos
Esse seu modo e agir se repete também em Schoenstatt: revestida de uma simples moldura de madeira, Maria continua a ir ao encontro de seus filhos, nas águas enlameadas do cotidiano. Sobre os ombros e nas mãos de simples missionários, que a exemplo de Pozzobon, se deixam educar até se tornarem simples burrinhos: “Depois que começaram as cruzes… me transformei numa criança espiritual. Quando a Campanha cresceu, me transformei num burrinho que carregava a Mãe”.[4]
Maria, na pequena imagem de Aparecida, em madeira escurecida pela lama, e em sua simples moldura de madeira, como Mãe e Rainha, eduque-nos como autênticos evangelizadores, com “Um coração missionário que se faz fraco com os fracos e tudo para todos. Nunca se fecha, nunca se refugia nas próprias seguranças.”[5]
Referências
[1] Papa Francisco, Evangelii Gaudium, 49
[2] Pe. José Kentenich, 12 de maio de 1935
[3] Conf. de Aparecida, 269
[4] João Luiz Pozzobon, Heroi hoje, não amanhã, p. 117
[5] Papa Francisco, Evangelii Gaudium, 45