Saúde dos enfermos, curai-nos de nossas enfermidades!
Ir. M. Nilza P. da Silva – Com grande alegria, celebramos em breve a padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida! Todos nós católicos crescemos regados pela confiança na Mãe Aparecida, que nossos pais, avós ou algum parente testemunhou: “Ela fez o milagre da cura!” Para muitos, a súplica a Ela pela cura é até inconsciente, isto é, não se sabe explicar ou dar alguma prova intelectual sobre isso, mas, a verdade da experiência vivenciada é uma prova irrefutável: Ela cura!
Aparecida: Maria é a enferma que serve!
É para provar o seu amor e seu poder que Ele se manifesta por meio de milagres. Os mais de 30 milagres que Jesus realizou – 23 dos quais eram de cura – são um transbordamento de sua compaixão e misericórdia. Como gratidão ele solicita aos miraculados que creiam em seu amor e o testemunhe isso pela vida.
Em 1717, é Deus que novamente vem ao encontro dos mais fracos, por meio de uma pequenina imagem de sua Mãe. Ela mesma surge nas redes dos três pescadores, Domingos Garcia, João Alves e Felipe Pedrosa, necessitada de cura: o corpo tem a cabeça decepada. Mesmo “doente”, essa pequenina imagem já revela o poder de Deus, pela abundante pescaria, logo em seguida de seu encontro. Maria testemunha mais uma vez o que viveu, segundo narra Lucas 1, 39: Ela mesma gestante não pensa em sua fragilidade, mas seu olhar de amor dirige-se a sua prima e vai ao seu encontro para servir e realizar milagres.
Nunca somos impossibilitados de fazer o bem
Isso tem muito a nos ensinar: Quantas vezes, achamos que somos dispensados ou impossibilitados de fazer o bem porque estamos enfermos. É verdade que as fragilidades físicas atingem também nosso estado de ânimo, mas, nunca pode diminuir o amor. Deus continua presente em nosso corpo e quer manifestar aos outros o seu amor. Podemos servir aos outros por meio de nosso esforço em colaborar no tratamento, pelo reconhecimento e gratidão a cada um que nos serve, pela oração nas intenções de todos os que necessitam e por meio da oferta de nosso sofrimento ao Capital de Graças, para que Jesus transforme em graças e a Mãe e Rainha, tenha muito a oferecer aos que visitam com fé os seus Santuários de Schoenstatt. O que o Papa Francisco disse, nesses dias, vale também para cada um de nós: “Não saímos iguais dos tempos de crises, ou saímos melhores ou piores.”[1] E cada um de nós quer sair melhor.
“O Senhor enviou-me para curar-te!” (Tob 12,14)
Essa frase do anjo disse a Tobias, Maria diz, diariamente, em nosso Santuário Nacional, pela pequena imagenzinha de barro. Logo depois de pescá-la, como fez João Evangelista, Felipe Pedroso também a “levou para sua casa” (Jo 19,27), e a “curou”, uniu o corpo à cabeça, colocou-a em um pequeno oratório e, a partir daí, como que em gratidão por esse amor filial recebido, ela começa a realizar milagres. No primeiro milagre, ainda na casa de Pedroso – onde ficou por 15 anos – a Mãe Aparecida mostra que é portadora da luz – seu Filho Jesus – quando acende as velas. Depois, não se sabe ao certo quais foram em sequência, veio a libertação do escravo, a conversão do cavaleiro, a recuperação da vista, o salvamento em um rio. Mas é certo que eram tantos milagres que, em 1745 a Basílica Velha já possuía a Sala dos Milagres. Atualmente, chegam mensalmente certa de 30 mil milagres recebidos, sendo a imensa maioria, da cura de um enfermo.
Ela é a grande missionária que, a exemplo dos primeiros Apóstolos, é enviada por seu Filho para estabelecer mora no Santuário a fim de “pregar o Reino de Deus e curar os enfermos.” (Lucas 9, 2) Jesus a envia, em primeiro lugar, para anunciar o amor de Deus, a cura vem como uma das formas de experiência concreta desse amor.
Maria também é enviada para curar e nunca nos decepciona.
Nós é que às vezes reduzimos os milagres aos nossos desejos e vontades, achando que Deus é obrigado a provar seu poder curando uma doença física e nos esquecemos que há enfermidades muito piores, que fazem perecer a alma (Mateus 28,10). Com fé ou sem fé, devemos ir ao Santuário e pedir à Saúde dos Enfermos e Refúgio dos Pecadores, os milagres que necessitamos. Muitas vezes, o primeiro milagre de cura que ela concede é dar-nos o dom de crer. Seu coração é o Santuário onde Deus habita, nele nos aconchegamos nas horas difíceis e pedimos: “Senhor, se queres, podes curar-me”. (Mateus 8, 2) Ela é Mãe e sempre intercede por nós: “Ouvi a tua oração e vi as tuas lágrimas, por isso, vou curar-te.” (II Reis 20, 5)
Aprendamos também a ouvir o que Maria nos diz.
Rezar é dialogar, não é somente falar. Pe. Kentenich tem uma oração que pede: “Ensina-nos a rezar! Zela para que nos seja devolvida a fala e aprendamos a rezar de modo correto e singelo; aprendamos a falar com Deus! Cuida para que saibamos ouvir o que nos sussurras por meio as inspirações interiores e pelos acontecimentos da vida cotidiana, bem como pelas grandes provações do nosso tempo.”[2]
Reflete bem: Se os serventes em Caná, não tivessem ouvido Maria, o milagre da transformação da água em vinho não teria acontecido. O que Maria está a falar por meio das dificuldades dessa pandemia? Deus já provou o suficiente que é capaz de curar e que o faz por meio de seu Filho, que Maria trouxe ao mundo, e por meio dela, que pede ao Filho por nós: “Quem me acha encontra a vida e alcança o favor do Senhor.” (Prov 8,35) Continuemos a peregrinar física ou espiritualmente ao Santuário e vivamos a Aliança de Amor, ouçamos também o pedido de Maria: “Fazei o que meu Filho vos disser!” (Jo 2,5)
[1] http://www.vatican.va/content/francesco/pt/messages/pont-messages/2020/documents/papa-francesco_20200925_videomessaggio-onu.html
[2] Homilia em Sermão de 18 de agosto de 1963 – Livro: Ensina-nos a rezar