Celebração dos 90 anos do Cristo Redentor
Fátima Salgado / Melissa Salgado – É com profunda alegria que a Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro se encontra em festa pelos 90 anos do Cristo Redentor, que tem o seu ápice no dia 12 de outubro, dia da padroeira do Brasil.
O Cristo Redentor não pertence apenas à cidade do Rio de Janeiro, ou ao seu estado, ele pertence ao Brasil e ao mundo. Isso é concretizado quando, em 2007, ele foi eleito como sendo uma das novas Sete Maravilhas Modernas.
Assim como afirmou o cardeal Dom Orani João Tempesta, arcebispo da cidade São Sebastião do Rio de Janeiro: “O que não falta são motivos para comemorar os 90 anos de um monumento que, mesmo diante dos grandes desafios impostos pela pandemia, continuou de ‘braços abertos’ e nos ensinando que podemos ter um mundo de irmãos”.
Como a Arquidiocese do Rio de Janeiro está em festa, assim também acontece com a nossa Família de Schoenstatt do Brasil, que está caminhando para abertura das comemorações dos 75 do nosso ideal nacional, o Brasil Tabor. O Pai e Fundador, Pe. José Kentenich, teve uma ideia ousada quando vislumbrou esse ideal tão magnânimo para nosso país, uma nação cheia de problemas, misérias e dificuldades, mas que possui a luz brilhosa da transfiguração.
Assim como no Tabor histórico foram reveladas aos apóstolos as glórias de Cristo, no Brasil, que tem como ideal o Tabor, devem manifestar-se as glórias de Maria. Nós somos o seu presente e, como filhos do Tabor, devemos sempre nos lembrar o que o Pe. José Kentenich nos disse na sua visita ao Brasil, em 1947: “A Mãe de Deus quer construir aqui de modo singular o seu Tabor. Ela deve estabelecer o seu Tabor em seu Santuário e manifestar suas glórias ao mundo. Suas glórias são as glórias de Jesus. Sua tarefa consiste principalmente em conduzir o mundo a Cristo” (Santa Maria/RS – 10/09/1947).
Ao pensarmos nos montes e montanhas – como é o caso do Corcovado –, recordamos os momentos de Tabor, da transfiguração, da luz e da alegria. Significam que aspiramos subir à montanha com o Cristo Redentor ao encontro de Deus Pai, numa escalada espiritual a cada dia, vencendo os desafios e obstáculos com sacrifícios, orações, lutas, perseverança, renúncias e, assim, caminharmos numa busca incessante para alcançar o mais alto grau imaginável de perfeição e de santidade.
O Cristo Redentor nos acolhe e aponta para o alto. Ele é o Filho heroico do Pai, que viveu inteiramente abrigado em seu coração e assim também nós queremos viver. Ele é o caminho, a verdade e a vida.
Ao unirmos esses dois jubileus, vemos claramente que Cristo está diante de nós, como “nosso ideal de vida”, assim também ele está diante de nós no alto do Morro do Corcovado nos indicando o Tabor, para chegarmos ao Pai. Como o Filho, queremos nos tornar filhos amados, heroicos e transfigurados. Ambos têm o perfume do Tabor, onde nos sentimos acolhidos e abraçados. Afinal de contas, aqui é bom estar!
90 anos do Cristo Redentor: Um pouco de sua história
O Cristo Redentor é o símbolo mais marcante do estado do Rio de Janeiro – e por que não dizer, também, do Brasil?! Seus braços abertos nos lembram que a nossa história se fundamenta na cruz de Cristo.
Para mergulharmos de coração aberto nas suas festividades de 90 anos, faz-se necessário conhecer sua história e porque o Brasil, especificamente o Rio de Janeiro, foi agraciado com esse presente.
A inauguração da imagem do Cristo Redentor ocorreu no ano de 1931, no dia 12 de outubro, pelo cardeal Dom Sebastião Leme. A ideia de se ter uma escultura religiosa no coração da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro foi idealizada pelo sacerdote francês Pe. Pedro Maria Boss. Ele defendia, desde os tempos do Império, que a cidade precisava de uma bênção especial – e nada mais marcante do que se ter um monumento de Cristo.
Antes de ter a imagem que conhecemos, foram feitos vários esboços do mesmo. O primeiro foi um Cristo segurando uma cruz em uma das mãos e a outra com o globo terrestre, mas essa ideia ficou apenas no papel, pois se chegou à conclusão de que ela seria difícil de se observar ao longe. Sendo assim, foi-se criada a imagem do Cristo Redentor, que teria os seus braços abertos parecendo uma cruz e, ao mesmo tempo, sugerindo que ele estaria abraçando a todos. Para se concretizar esse monumento foram necessários cinco anos entre etapas na França e no Brasil.
O arquiteto e engenheiro Heitor da Silva Costa foi o criador do projeto que venceu o concurso feito pela Igreja Católica em 1921, ele teve como inspiração as ilustrações do pintor ítalo-brasileiro Carlos Oswald. Por causa da grandiosidade e complexidade, suas partes não foram confeccionadas juntas: as suas mãos foram feitas pelo escultor polonês-francês Paul Landowsky e a cabeça foi trabalhada pelo escultor romeno Gheorghe Leonida.
O engenheiro especialista em concreto armado Albert Caquot foi quem fez os cálculos estruturais para a escultura e em sua composição foram esculpidos muitos triângulos de pedra-sabão que foram colados em um tecido e aplicados na imagem. Essas pequenas peças triangulares são conhecidas como tesselas, que têm o objetivo proteger a estrutura.
Outro personagem importante para a concretização do Cristo Redentor foi o cardeal Dom Sebastião Leme, que ficou responsável em promover campanhas de arrecadação de doações e buscou fundos para que o monumento fosse efetivamente erguido. Por esse motivo até os dias de hoje a Arquidiocese do Rio é a única detentora dos direitos patrimoniais.
O “gigante de pedra”, assim como era carinhosamente chamada a escultura pelo Pe. Pedro Maria Boss, possui 30 metros de altura, mais o pedestal, que tem 8 metros, e pesa em torno de mil toneladas. Sua altura pode comparada a um prédio de 13 andares. É considerada a segunda maior escultura do Cristo feita no mundo, sendo a primeira a imagem de Cristo Rei na Polônia. Como ele se encontra no alto do Morro do Corcovado, ele foi projetado para resistir a ventos fortes e os raios oriundos de tempestades.
Assim, após passarmos por sua história e construção, caminhamos para a profunda alegria da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, que se encontra com a festividade dos 90 do Cristo Redentor. Será realizada uma grande comemoração que ocorrerá nos dias 9 e 17 de outubro de 2021. Seu enfoque principal é a consciência da sustentabilidade, com várias ações que abrangem os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, da Organização das Nações Unidas (ONU), e tem como objetivo estimular um grande mutirão de limpeza da cidade que envolverá toda a sociedade civil, contando com apoio das paróquias da Arquidiocese do Rio de Janeiro e várias instituições.