Quem serão os santos do novo século?
Karen Bueno – O refrão de uma conhecida música schoenstattiana, traduzida do espanhol, diz assim: “Quero ser santo Senhor, ainda que me custe, ainda que não possa, ainda que me esgote, ainda que eu morra”. As fortes palavras são pontuais: todo esforço é valido na busca pela santidade, até mesmo a morte. Ser santo é o desejo de todo cristão e uma busca constante da Igreja; agora, quando se fala de Schoenstatt, a aspiração à santidade toma um tom ainda mais concreto e decisivo, é essencial, pois determina o futuro do carisma e da Obra – a Aliança de Amor somente permanece válida enquanto a Família se esforça por sua santificação.
A explicação para isso é simples: a Aliança é um contrato de amor que tem, em sua natureza, direitos e deveres, as chamadas promessas e exigências. No Santuário de Schoenstatt não houve uma “aparição” de Nossa Senhora, sua origem é diferente de muitos outros centros marianos. Ali Maria foi convidada a se estabelecer, caso ela se sentisse atraída, para isso os filhos se esforçariam ao máximo por sua santificação, isso se chama Aliança de Amor – não esforçar-se pela santidade significa romper com esta Aliança.
“Esta santificação eu EXIJO de vós”, diz o texto do Documento de Fundação, de 18 de outubro. Não é um simples pedido da Mãe de Deus, mas uma “clausula”, uma condição que consta nesse contrato de amor, na troca mútua de corações entre ambos os contraentes.
O Pai e Fundador sempre reforça este imperativo: “Schoenstatt vive e morre segundo nosso sério esforço pela santidade. Outros lugares de peregrinação existem sem esta condição. Schoenstatt, ao contrário, depende de pessoas que realmente se esforcem pela santidade e que unam esse esforço pela santidade a nosso Santuário”.
Um pedido muito especial
Na audiência com a Família de Schoenstatt em 2014, o Papa Francisco deixa seu pedido: “O primeiro favor que vos peço, como ajuda, é a santidade. Santidade. Não ter medo da vida de santidade. Isso é renovar a Igreja”. O Santo Padre ressalta que a renovação da Igreja depende primeiramente da renovação interior, da santificação de seus membros.
O texto do Catecismo da Igreja Católica também convida: “Todos os fiéis cristãos, de qualquer estado ou ordem, são chamados à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade. Todos são chamados à santidade: ‘Deveis ser perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito’ (Mt 5,48)” (2013). Porém não deixa de recordar uma realidade dura, mas necessária: “O caminho da perfeição passa pela cruz. Não existe santidade sem renúncia e sem combate espiritual” (2015).
Nada sem nós
Em sua pedagogia, Pe. Kentenich mostra de maneira bem prática que os santo não são somente aqueles que fazem feitos extraordinários, que são canais de milagres inexplicáveis, mas que os santos são todos os que colocam Deus como centro de suas vidas no dia a dia, nas pequenas coisas cotidianas, e realizam o que Deus deseja.
Algo muito importante é deixar de lado a ideia de que os santos são somente aqueles que estão expostos nos altares das Igrejas, geralmente religiosos e consagrados, que passaram a vida somente rezando e fazendo caridade. Os santos foram de carne e osso, enfrentaram os mesmo desafios que qualquer outro ser humano comum: trabalhavam, estudavam, realizavam serviços domésticos, iam ao médico, às compras; tudo isso, claro, dentro dos padrões de cada época, mas sempre realizando o que Deus deseja, tendo Deus no centro. E como mostra o Fundador, não é algo inalcançável, mas que requer prática constante – “andar se aprende andando, amar se aprende amando”.
O caminho para ser santo
No texto do Documento de Pré-Fundação, em 1912, o Pai aponta a autoeducação como meio para alcançar a santidade, para formar sólidos e livres caracteres sacerdotais. É essa mesma “receita” de santificação que ele reitera em 18 de outubro de 1914 na fundação de Schoenstatt. Assim, todo o esforço para autoeducar-se, colocado nas mãos de Maria como contribuição ao Capital de Graças, torna-se base e sustentação para a Aliança de Amor.
Uma grande ajuda na auto formação vem do Santuário: a Mãe de Deus exige, mas também ajuda, colabora na formação do homem novo – “Atrairei a mim os corações juvenis e os educarei a serem instrumentos aptos em minhas mãos”. Maria forma cada pessoa que se coloca em suas mãos da mesma forma que educou o Menino Jesus, para isso basta estar aberto à graça e se colocar como pequeno filho aos cuidados da Mãe, estando atento em cumprir os propósitos a que se propôs.
Schoenstatt oferece alguns meios pedagógicos na busca pela autoeducação e santidade, dentre eles se destaca o horário espiritual, que é um controle diário de determinado propósito assumido. Clique para saber mais. A autoeducação contempla o ser humano de forma integral, deve ser aplicada à vida de oração, física, intelectual, afetiva, profissional, social – a cada situação pode ser aplicado um ponto concreto de melhoria, mas, para isso, é preciso autoconhecimento.
Sou lançado à aventura de seu amor
Muitos assumiram o desafio da santidade, lançando-se a essa aventura, tornando incontável o número de santos no céu. Em Schoenstatt se destacam, além do Fundador, muitos herois, como José Engling, Ir. M. Emílie Engel, Mario Hiriart, João Luiz Pozzobon e tantos outros.
O Papa Francisco diz que “quando o Senhor nos convida a ser santos, não nos chama para algo pesado, triste… Ao contrário! É o convite a compartilhar a sua alegria, a viver e a oferecer com júbilo cada momento da nossa vida, levando-o a tornar-se ao mesmo tempo um dom de amor pelas pessoas que estão ao nosso lado. Se entendermos isto, tudo mudará, adquirindo um significado novo, bonito, um significado a começar pelas pequenas coisas de cada dia”.
Dica: Para o Pe. Kentenich, um aspecto importante da santidade está na vinculação orgânica com Deus, com os homens e com o trabalho. Ele dedica 380 páginas para explicar como funciona esse organismo de vinculações no livro Santidade de Todos os Dias (Dra. M. A. Nailis, Editora Pallotti, 2010).