“Torna-nos semelhantes à tua imagem”.
Karen Bueno / Ir. M. Nilza P. Silva – Pessoas no mundo todo já viram essas faces, esses olhares, essa unidade filial entre Cristo e Maria. Mensalmente, a imagem da Mãe e Rainha visita milhões de lares e em muitos deles há uma estampa ou um quadro semelhante. A pintura conhecida é mais do que uma simples representação de Maria, trata-se da imagem da Aliança, é a transcrição visual do contrato de amor que deu origem ao Movimento Apostólico de Schoenstatt.
No dia 11 de abril de 1915 [1], a imagem da Mãe, Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Schoenstatt é introduzida no Santuário Original. Este é o “rosto” que Nossa Senhora tem em Schoenstatt, é o rosto ao qual toda a Obra fundada pelo Pe. Kentenich quer se assemelhar.
Ao contrário do que muitos pensam, no momento da fundação da Obra, quando se selou a Aliança de Amor no dia 18 de outubro de 1914, não há uma imagem de Maria no Santuário Original. O quadro foi introduzido somente seis meses depois. Mas, então, com qual imagem de Maria os jovens selaram a Aliança de Amor? Certa vez fizeram essa pergunta a um dos congregados, e sua resposta surpreende: “Nós selamos a Aliança de Amor com a imagem de Maria que vivia no coração do Fundador!”.
Esta resposta deixa claro que o coração do Pe. Kentenich é o primeiro Santuário que a Mãe de Deus quis habitar e nele os congregados já se encontravam com Ela.
E como escolheram esta imagem?
Depois da Aliança de Amor, com o tempo, surge o anseio de ter uma imagem de Maria na capelinha da Congregação. Os jovens pensam, então, em encomendar uma escultura a um artista, porém o valor pelo trabalho é muito alto. Os comentários sobre a busca por uma imagem circulam.
Como em todos os momentos da história de Schoenstatt, a Divina Providência guia os passos da Família. Em uma conversa, Pe. Kentenich comenta sobre a necessidade da imagem com um professor do seminário, Pe. Eugene Huggle. Ele, então, se lembra de um quadro que tinha visto em um antiquário de Freiburg. Pe. Kentenich conta:
“Havia um professor no colégio, o Pe. Huggle, que tinha sido Jesuíta. Ficamos sentados juntos à mesa e conversamos sobre isso uma vez. Ele disse: Cruzei-me em algum lugar com uma imagem, talvez a possamos comprar. E assim ficou combinado. A imagem foi um presente dele. O embrulho chegou. Mal o abrimos, me recordo ainda hoje que logo no início, de fato, a imagem não nos agradou muito. Mas, como não tínhamos outra escolha, decidimos pendurá-la (no Santuário). Porém, aos poucos, fomos nos deixando conquistar por ela, porque em cada fala que dizia, eu me dirigia àquela imagem… Aproveitei a oportunidade para atribuir a esta imagem tudo o que tinha para dizer sobre Nossa Senhora. E desta forma (os rapazes) foram associando gradualmente os seus sentimentos pessoais e interiores a esta imagem” (The founding of Schoenstatt, Pe. Jonathan Niehaus).
É numa Sexta-Feira Santa, dia 2 de abril de 1915, que a imagem desembarca na estação de trem de Vallendar. Os Irmãos José e Christian vão buscar o enorme embrulho endereçado ao seminário. A imagem desconhecida custou aproximadamente 23 Marcos e foi adquirida pelo Pe. Eugene Huggle numa loja de antiguidades em Freiburg, no sudoeste da Alemanha, numa das suas viagens da Suíça para Schoenstatt.
Qual título lhe dar?
Como o próprio Fundador conta, aos poucos a imagem vai conquistando o coração dos congregados – este torna-se o rosto de Maria para eles. Porém, o quadro não tinha um “nome”, eles não determinaram um título oficial para esta representação da Mãe de Deus.
Em meados de 1916, movidos pela Divina Providência, escolhem o título de Mater Ter Admirabilis para a imagem – Mãe Três Vezes Admirável. Ali surge um paralelo entre eles e a Congregação Mariana de Ingolstadt, no sul da Alemanha, que está exposto na frontal luminosa do Santuário: Ingolstadt-Schoenstatt.
Veja mais sobre o título da Mãe e Rainha
Mais tarde descobriram que o nome original da estampa é Refugium Peccatorum (Refúgio dos Pecadores) e que foi pintada pelo italiano Luigi Crosio, no ano de 1898, para a família Kuenzli, da Suíça. Esta mesma estampa é a que está até os dias de hoje no Santuário Original, nunca foi substituída.
É minha Mãe!
A artista plástica María Jesús Ortiz analisou a pintura do ponto de vista técnico, para o jubileu dos cem anos da Aliança de Amor, em 2014. Ela comenta: “O quadro tem uma estrutura da escola renascentista. As cores são muito, muito puras. Sua pigmentação é feita com óleo de altíssimo nível. No caso deste quadro, o que sempre me chama a atenção é sua frontal rígida, mas isso não produz uma tensão, ou seja, é realmente um fenômeno. Para mim especialmente, independente do conhecimento digamos histórico, ele tem um valor, antes de qualquer coisa, muito pessoal. É como a foto de uma mamãe, e a foto de minha mãe eu não posso analisar artisticamente, nem anatomicamente, nem historicamente, é minha mãe. Portanto, eu a quero e lhe tenho um contato muito pessoal”.
O mesmo podem dizer milhões de pessoas: “Ela é minha Mãe, ela visita minha casa, eu a quero”. Olhando seu rosto, sua relação íntima com Jesus, surge o desejo de pedir-lhe: “Torna-nos semelhantes à tua imagem, como tu, passemos pela vida fortes e dignos, simples e bondosos, espalhando amor, paz e alegria. Em nós percorre o nosso tempo, preparando-o para Cristo” (Rumo ao Céu, 609).
[1] Há divergências sobre esta data, podendo ser no dia 8 ou 19, mas é certo que foi no mês de abril de 1915.
Santuário simples e muito belo como Maria Santíssima, local muito aconchegante de muita paz, as irmãs que conheci e todos os colaboradores, muito acolhedores. Estou estremamente apaixonada pelo Santuário de Schoenstatt que hoje obtive a graça de conhecer. Obrigada Mãe Santíssima, obrigada Sagrado Coração de Jesus que por meio do Apostolado da Oração me proporcionam tamanha felicidade.