“Nossa família toda é privilegiada”
Ir. M. Nilza P. da Silva / Karen Bueno – Acompanhe a segunda parte da entrevista com Humberto Pozzobon, filho do Diác. João Luiz Pozzobon. Ele conta as recordações e impressões sobre aquele que iniciou a Campanha da Mãe Peregrina de Schoenstatt, a partir do interior da família:
O que o senhor mais admira no seu pai?
O que eu mais admiro é o fato de ele ser uma pessoa honesta, íntegra, que não deixava nada a desejar. A gente dizia, por exemplo: “Pai, vamos no centro fazer tal coisa?” Ele já saia, nem esperava, era decidido. E a gente fazia o melhor possível para acompanhar ele.
É natural, às vezes, que na adolescência os filhos fiquem rebeldes, que não sigam a orientação dos pais. Como o seu pai reagia quando os filhos tinham essas atitudes típicas dos adolescentes, como teimosia, etc.?
Ele tinha um caderninho onde colocava os nomes de todos os filhos e ali tinha uma cruzinha ou outro sinal. Então, por exemplo, se eu desobedecia, ele marcava uma cruzinha no meu nome. Isso a cada dia. E se fazíamos uma boa ação, ele riscava uma cruzinha. Quando chegava ao fim do mês, ele dava umas moedinhas, uma recompensa para estimular a pessoa a ser boazinha.
Ele fazia esse controle diário de cada filho, estava sempre controlando. Mas não assim, bravo, era tudo numa delicadeza muito boa.
O senhor se lembra de algo que ele tenha feito para sua mãe que te marcou, algo que tenha gostado de ver?
Temos lembranças das coisas boas que ele fazia: preparava um cafezinho, pegava lenha, fazia de tudo para agradar e deixar as pessoas contentes.
Na sua casa, o seu pai ajudava a sua mãe durante o dia? Como era? Temos uma imagem do seu pai sempre rezando, mas no cotidiano, qual era a rotina?
O meu pai levantava todos os dias às 5 horas. A primeira coisa era escrever no diário. Ele registrava tudo o que fez, quilômetro por quilômetro. Por isso que se diz que ele caminhou 140.000 quilômetros. Ele andava um pouco até uma casa, depois mais um pouco até outra casa e dava quase dez quilômetros para ir e depois para voltar. Quando ele não estava com a Campanha, e somente rezava a noite nas famílias, ele tinha uma horta, então ia capinar, plantar alface, repolho, cenoura – tínhamos tudo em casa. Ele estava sempre plantando. Gostava de plantar frutas, pés de laranja, bergamota, maçã – tinha pé de tudo quanto era coisa na horta dele. Era bem ativo nessa parte. E também ele cuidava dos pobres; tinha um canto com um armário onde guardava mantimento, quando chegava um pobre dizendo que estava mal, sem comida, ele dava arroz, açúcar, feijão, ou remédio quando precisava.
Quando o senhor começou a perceber a grandeza do seu pai?
Quase que no fim da vida dele, porque no início eu viajava bastante e não tinha muito tempo para ficar conversando. E quando eu estava em casa, a gente estava sempre junto e conversava sobre tudo o que tinha acontecido. A gente acompanhava tudo, mas não tinha noção da grandeza. Depois, quando a Campanha ficou grande, bonita, que todo mundo viu que ela tinha fundamento, então a gente também começou a perceber junto. E depois que ele faleceu, mais ainda, porque a gente não sabia de muita coisa que ele fazia. Depois que ele faleceu, foram abertos os seus diários, as coisas todas que ele escrevia, e a gente não sabia, pois não acompanhava o dia a dia dele. Ele era um homem que não fazia as coisas para aparecer, ele fazia porque gostava, era para Deus, não para as pessoas. Então depois que ele faleceu, começaram a aparecer as coisas. As pessoas diziam: “Nossa, mas ele fez tudo isso? Como pode?”. Eu que era filho ficava impressionado e fico até hoje com a grandeza dele.
O que significa para o senhor ter um pai tão especial?
Não tem explicação de tão grande que é. É glorioso, a gente se sente feliz, muito feliz, é uma grandeza que não tem tamanho. Nós nos sentimos gratos, agradecemos a Deus por ter um pai assim, é um privilégio, nossa família toda é privilegiada.
Veja também: Primeira parte da entrevista
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