O Natal se aproxima: vamos preparar um abrigo para o Senhor.
Karen Bueno – Desde o começo de sua missão com a Mãe Peregrina, o Diác. João Luiz Pozzobon dedicou um carinho especial aos pobres e visitava muitas famílias carentes e necessitadas, levando a Mãe e Rainha até elas. Ele costumava conversar bastante e compartilhava o que podia, principalmente sua atenção de pai e amigo, também oferecia alimentos, bens materiais e a força de trabalho quando era possível.
Neste Advento, vejamos uma história que ocorreu no início da Campanha da Mãe Peregrina e que pode nos ajudar a preparar o Natal com mais carinho e cuidado; são fatos singelos, mas que trazem lições preciosas de um homem sábio e apostólico:
Havia uma família muito simples, uma avó e duas meninas, que morava num ranchinho. Elas não dispunham de um lugar para colocar a imagem da Mãe e Rainha que iria visitá-las, então a avó disse às netas: “Hoje de noite a ‘Santa’ (a Mãe Peregrina) vem para cá. Vamos dormir no curral com os cabritos para que eu possa colocar a Imagem no quarto de vocês”. Isso aconteceu no mês de julho, um mês de frio, bem gelado na região sul do país.
O senhor João Pozzobon soube dessa história um pouco antes do Natal, no dia 17 de dezembro de 1952. Quando a avó das meninas lhe contou sobre isso, ele ficou muito comovido e teve uma inspiração:
Perguntou-lhe: “Vamos construir uma capelinha?”
“Com que dinheiro?”, disse a avó, “Somos pobres”
“Também não tenho nada”, respondeu o Sr. João. E acrescentou: “Não existirá capim seco para cobrir a capela?”
Três dias depois, voltou o Sr. João e, com as pessoas que moravam nas redondezas, resolveram que os pais, as mães e as crianças arrancariam capim seco e outras plantas. Surgiu, assim, a primeira capela construída por ele, a “Capelinha de Capim”. Mais tarde foi coberta com telhas e passou a ser a “Capelinha Azul”, devido à sua cor. Com o passar dos anos, o Sr. João construiu a “Capelinha Branca” e a “Capelinha Rosa”, também situadas em regiões de gente humilde, onde mais tarde ele ergueria a Vila Nobre da Caridade para acolher famílias carentes.
Na preparação para o Natal, a Sagrada Família necessita de um lugar para abrigar-se. Assim como em Belém, a “Capelinha de Capim” está longe de ser um lugar digno para acolher o Menino Jesus e as condições nada favoráveis. Mas, em ambos os lugares, o que determina seu valor não são as riquezas ou o conforto, mas todo o amor que está envolvido ao redor.
Junto com o Diác. Pozzobon, as famílias foram tomadas de alegria e entusiasmo para construir uma nova capelinha e abrigar a imagem de Maria com o Menino nos braços. A cena aponta a singeleza do Natal, a simplicidade movida pelo amor, assim como aconteceu em Belém, quando os pastores ouviram a mensagem do anjo e partiram com rapidez para descobrir qual era a “boa nova” que ele falava, certamente cheios de alegria pela notícia: “Voltaram glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham ouvido e visto” (Lc 2, 20).
Na preparação para o Natal, o Menino Jesus deseja encontrar um abrigo em cada coração, bem acolhedor e quentinho. Preparar uma “Capelinha de Capim” hoje bem pode se traduzir em gestos concretos de amor, de entrega, de contribuições ao Capital de Graças. Cada “palhinha” deixa a manjedoura mais macia e acolhedora para receber o Menino, mesmo que seja toda preparada em capim ou com aquilo que tivermos em mãos. Que gestos oferecer como presente de Natal ao Menino Jesus?
Nessa preparação, podemos nos inspirar na Mãe de Deus, como reflete o Papa Francisco: “Maria é aquela que sabe transformar um curral de animais na casa de Jesus, com uns pobres paninhos e uma montanha de ternura. Ela é a serva humilde do Pai, que transborda de alegria no louvor. É a amiga sempre solícita para que não falte o vinho na nossa vida. É aquela que tem o coração trespassado pela espada, que compreende todas as penas. Como Mãe de todos, é sinal de esperança para os povos que sofrem as dores do parto até que germine a justiça. Ela é a missionária que se aproxima de nós, para nos acompanhar ao longo da vida, abrindo os corações à fé com o seu afeto materno” (Evangelii Gaudium, 286).
“Nossa Senhora deve abençoar-nos, levantar o braço, abençoar-nos com seu Filho, colocar este seu Filho em nosso coração. Ela quer dar-nos este Filho, tão grande, necessitado de ajuda e cheio de graça, tal como Ele é” (Pe. José Kentenich).
Texto base para o texto: Heroi Hoje, Não Amanhã. Esteban J. Uriburu, Cap. 4 – Sentir o que o outro sente (1952-1956) – Especial atenção aos pobres.
2 Comentários