Em nossa pequenez se reconhece a misericórdia de Deus.
É Natal. Celebrando o nascimento de Jesus, muitos trocam presentes entre si. Mas, o que podemos presentear a essa criança que é Deus todo poderoso? Sente ele falta de alguma coisa? A história de São Jerônimo ajuda a refletir e pensar num presente bem pessoal e bonito para oferecer ao Menino Jesus. Acompanhe:
A história de São Jerônimo:
São Jerônimo, Doutor da Igreja dos primeiros tempos, viveu no século IV e é conhecido pela tradução da Bíblia e por seus muitos escritos pastorais, que foram transmitidos às gerações futuras. Ele morou dois anos em Belém, perto da Igreja do Nascimento de Jesus. Nesta Igreja, no local onde hoje se encontra a grande estrela no chão, indicando o lugar que Jesus nasceu, havia naquele tempo uma manjedoura com uma imagem do Menino Jesus.
São Jerônimo ia muitas vezes nessa Igreja para meditar. Numa dessas meditações pouco antes do Natal, ele contemplou, por muito tempo, o Menino Jesus na manjedoura. Ele viu que a imagem tornou-se viva e sorria. Então, São Jerônimo lhe disse: “Menino Jesus, logo farás aniversário e eu gostaria de dar-te um presente!”. O Menino Jesus lhe respondeu então:
“Se queres presentear-me algo, então, deve ser uma coisa pessoal!”
São Jerônimo encheu-se de alegria e disse: “Quero presentear-te todos os livros que já escrevi sobre tua pessoa”. O Menino Jesus respondeu: “Jerônimo, isso não é pessoal. De quem recebeste os pensamentos para escreveres tanto? Esses pensamentos te foram dados por meu Pai!”.
Jerônimo refletiu e reconheceu que era verdade. Depois de um tempo, disse: “Então, quero presentear-te a minha alegria em poder visitar-te aqui”. O Menino Jesus disse: “A tua alegria é amor de meu Pai. Foi ele quem te deu a alegria e o amor!”.
Como ainda não tivesse acertado, Jerônimo disse: “Então, quero dar-te minha amabilidade para com os outros”. Mas nem com isto o Menino Jesus estava contente. Ele disse: “Ser amável é uma graça que meu Pai te concedeu. Nada disso quero receber de ti!”.
Por fim, Jerônimo disse: “Menino Jesus, então, vou presentear-te as minhas doenças e todas as dificuldades da vida diária!”. Ele olhou, seriamente, e respondeu: “Reflete se teus cuidados, doenças e sofrimentos não são permissões e disposições que te conduzem mais profundamente no amor e na bênção de meu Pai!”.
E Jerônimo refletiu, refletiu para acertar. Se tudo isso é um dom de Deus, o que me pertence pessoalmente, o que não pertence a Deus e aos outros? De repente, lembrou-se: “Sim, tenho uma vontade livre, posso decidir-me livremente”. Então, ele disse: “Presenteio-te a minha liberdade!”. Mas o Menino Jesus ainda não estava contente: “A vontade livre também foi meu Pai que te deu, mas estás perto para reconhecer o que o meu Pai não te deu!”.
O que darei então?
Jerônimo disse, em voz baixa: “Mas eu me sinto envergonhado em dizer que nem sempre causei alegria com a decisão da minha vontade livre!”. O Menino Jesus sorriu e exclamou: “O fato de sentires vergonha também é uma graça de Deus. Mas atrás da vergonha existe algo que não queres mostrar e é isto que pertence a ti!”.
Jerônimo enrubesceu e perguntou:
“Mas, minhas culpas e pecados podem causar-te alegria?”.
E o Menino Jesus respondeu: “A maior alegria que podes causar a mim e ao meu Pai é presentear-me todos os teus pecados, pois o amor misericordioso de meu Pai é tão grande que ele me mandou ao mundo para libertar todos os pecadores da sua culpa. Foi dado a mim fazer expiação, pelo sofrimento e morte na cruz, para que teu coração se tornasse mais aberto e amplo para o amor de meu Pai. Lembra-te que “na cruz está a salvação!”.
Então, Jerônimo escreveu esta meditação a todos os que querem alegrar o Menino Jesus com seus presentes.
A Palavra de Deus em Exemplos, G. Mortarino J. C. Edições Paulinas, SP. 1ª edição, 1961, p. 95