Ter a plena confiança dos filhos de Deus
Pe. Nicolás Schwizer – Jesus nos revela o rosto de Deus Pai: seu amor paternal que se manifesta na providência para com cada homem.
Sabemos que o Pai tem um plano de vida, que é um plano de amor, para cada um de seus filhos, para cada um de nós. Por meio desse plano providente quer nos conduzir e levar para seu reino, rumo a sua casa paterna. Não apenas nos criou, mas também nos provê e cuida de todos nossos passos.
E se já vela com cuidado sobre criaturas insignificantes como “os pássaros do céu” e “os lírios do campo”, mesmo quando não fazem nada – quanto mais cuidado terá conosco, suas criaturas mais dignas e preferidas.
Por isso, Jesus nos exorta: Não se angustiem! Não se preocupem!
Mas isto não nos impede, não nos libera de trabalhar, muito pelo contrário: o Evangelho dá ânimo para trabalhar. Cristo louva o criado que, quando chega seu dono, está ocupado (Lc 12,43). Cristo não quer gente ociosa. Ele condena, na parábola dos talentos, ao criado infiel por não haver frutificado seu talento.
A verdadeira fé não tem nada que ver com a ociosidade, com a passividade. O cristão não tem nada que ver com o fatalista. Deus nos dá a capacidade para o trabalho. Esse é o primeiro de seus dons, o primeiro sinal de sua providência.
Cristo não nos deixa em alerta contra a ocupação, mas contra a preocupação – nem contra o trabalho, mas contra a intranquilidade. “Não se preocupem dizendo: o que comeremos, o que beberemos, ou, com o que nos vestiremos?”.
Devemos nos ocupar, razoavelmente, com tudo isso, mas sem nos intranquilizar, porque a intranquilidade é precisamente o que paralisa a ação, o que impede realizar como se deve.
O que Cristo nos pede é a coisa mais natural do mundo: a confiança. É a mesma confiança que, aqui na terra, o filho dá a seus pais, o marido à sua esposa, o aluno a seu mestre.
O que é indispensável nas relações sociais, Deus Pai espera também de nós: que tenhamos confiança Nele.
Quando estamos inquietos, angustiados, nervosos, é provável que isso aconteça porque nos falta confiança em Deus. É o medo que paralisa e torna ineficaz o esforço. Quando melhor se trabalha é quando há confiança.
Deus está conosco em nossa vida, em cada momento, hoje e também amanhã. Contamos cada dia com Ele! A inquietude pelo amanhã prejudica o trabalho de hoje: “Não se inquietem pelo dia de amanhã; o amanhã se inquietará por si mesmo. A cada dia lhe basta sua aflição”.
Cristo não condena a previsão nem a economia. Temos que saber prever, razoavelmente, as coisas e estamos obrigados a economizar.
Mas não exijamos uma segurança total, porque não a teremos nunca. É preciso aceitar certa insegurança necessária. Temos que nos assegurar, mas não é possível que nos asseguremos contra tudo. Não há que buscar o meio de poder prescindir da Providência.
Inclusive com os filhos: temos que saber pensar neles, mas não protegê-los contra a Providência. Não devemos ensinar que podem prescindir do Pai. Claro que temos de amá-los, educá-los bem, instrui-los, fazer tudo o que for possível, dar-lhes as melhores possibilidades para o porvir. Mas, principalmente, devemos ensinar-lhes a alegria e a tranquilidade de que têm um Pai no céu, e que – como nós – podem depositar Nele toda sua confiança.
Perguntas para a reflexão
1. Transmitimos tranquilidade e confiança a nossos filhos?
2. Fazemos diante deles queixas sobre “os problemas da vida”?
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