A fim de reconhecer os planos de Deus e realizá-los
Karen Bueno – Logo pela manhã, você abre um site de notícias e encontra manchetes variadas sobre a sua cidade, o país e o mundo. Em seguida, vai para o trabalho e se vê diante de novos desafios para resolver. Ao voltar para casa, qual momento vive sua família? Podem estar em busca de uma casa nova, podem estar pensando em ter outro filho, ou talvez estejam enfrentado uma situação de enfermidade. Parando sozinho para refletir, mais tarde, você pensa sobre seu mundo interior e exterior, naquilo que é e que gostaria ser.
O que esses momentos todos têm em comum?
Em cada uma dessas situações, Deus está falando com você: “É o bom Deus que fala. Como nos fala? Por meio de todas as situações de nossa vida, de todos os acontecimentos da história. Prestem atenção: ele fala a mim, não a qualquer outra pessoa”, ressalta o Pe. José Kentenich [1].
O grande desafio, no entanto, é conseguir ouvir e compreender a voz de Deus no cotidiano, a fim de aplicá-la na vida. Para tornar isso mais simples, o Pe. Kentenich utilizava um método próprio. Ele aprimorou muito, ao longo da vida, sua capacidade de enxergar a Deus por trás de todas as situações. O seu método se resume em quatro etapas, vejamos.
Os 4 passos para estudar os sinais de Deus
1º Passo: Observar
Não importa se você está refletindo, por exemplo, sobre a fome na África ou se deve ou não mudar os filhos de escola; nos dois casos, vale a mesma receita: é necessário observar e conhecer a realidade. Procurar se informar, saber os pontos positivos e negativos de cada situação, pesquisar, conversar com quem sabe mais do que você sobre o assunto, buscar fontes confiáveis. Isso leva a ter profundidade, aprender mais, ter a cabeça aberta a novas ideias.
2º Passo: Comparar
A outra etapa é analisar a situação comparando com outros fatos e momentos que você já viveu ou com o que a ciência autêntica já verificou e que tem relação com o caso; quais são os princípios da filosofia que se aplicariam aqui? Comparar também com as palavras do evangelho: O que Jesus falou sobre isso? Quais são os fatos bíblicos relacionados a isso? Que relação isso tem com os dez mandamentos? Relacionar com documentos e a tradição da Igreja: O que os Papas refletiram sobre isso, quais são as orientações da Igreja a esse respeito? E comparar com aquilo que aprendemos em Schoenstatt: quais são os princípios schoenstattianos que se poderiam aplicar aqui? Como se aplica, neste caso em questão, a pedagogia de Schoenstatt? Há algum fato da vida do Fundador ou de nossos heróis que se relaciona com isso?
3º Passo: Sintetizar
Com todas as análises feitas, é importante resumir em poucas ideias aquilo tudo que foi estudado. Você pode fazer uma frase aplicando as respostas acima num resumo da situação. Isso ajuda a ter um olhar mais focado naquilo que é essencial.
4º Passo: Aplicar
O quarto passo consiste em buscar uma lição prática de tudo o que você descobriu, para que a análise não fique apenas no mundo das ideias. A lição tem que ser aplicável à vida diária: Que tipo de comportamento posso ter para que essa conclusão seja prática na vida e ajude na transformação dessa situação?
“Deus fala-me, quer desprender-me interiormente de todas as coisas terrenas e orientar meu coração inteiramente para si. Através de tudo isto, ele quer conduzir a minha inteligência e o meu coração ao seu coração de Pai” [2].
Esse método parece ainda confuso? Vamos então para a prática!
Estudo de um caso concreto
Para mostrar como funciona a interpretação das vozes do tempo e enxergar a realidade pela luz da fé, vamos ver como o Pe. José Kentenich fazia isso. No ano de 1961 ele menciona três exemplos de vozes do tempo e faz uma interpretação, junto com um grupo de casais. Vejamos um resumo desse processo aplicado numa situação concreta da época [3]:
Situação: Em 1961, pela primeira vez o homem viajou ao espaço.
1º Passo – Observar
O Pe. Kentenich, como primeiro passo, analisa a situação, olhando os lados positivos e negativos. Entre outras coisas, ele observa que, na conquista do espaço: Há nesse fato grandes avanços tecnológicos que podem trazer benefícios à humanidade; por outro lado, sem religião, os russos acreditavam que conquistaram tudo sem Deus e que não precisavam de Deus para alcançar o universo (a análise, obviamente, é mais extensa que isso).
2º Passo – Comparar
Comparando a situação com fatos conhecidos na época e documentos da Igreja, ele faz essa análise:
“Que se pensa hoje do mundo? A terra, sobre a qual vivemos, é pequena, é minúscula. Ouve-se dizer muitas vezes que além dela existe um número infinito de espaços celestes. … O que nos chama a atenção nesta infinidade, nesta grandeza do mundo? Se o mundo é tão grande, como será grande aquele que o chamou à vida, que tudo criou e tudo conserva! A grandeza do mundo não é uma prova contra Deus, mas sim da grandeza de Deus. Gravem esta palavra, que pode ajudá-los muitas vezes a resolver problemas: Deus sempre é maior. Deus é sempre maior do que tudo o que ele criou. Estas conquistas, e tudo o que as precedeu, também fazem cair luz sobre a grandeza do ser humano. Se pensamos, por exemplo, no que vemos na televisão, temos que nos inclinar profundamente diante das atuais descobertas e conquistas da razão humana”.3º Passo – Sintetizar
A terceira etapa é tentar resumir e retirar uma conclusão, baseada na análise geral. No caso estudado, contemplando com o olhar da fé, o Pe. Kentenich faz esse resumo: “O que nos revelou (a conquista do espaço)? Duas realidades: a grandeza de Deus e a grandeza do ser humano”.
4º Passo – Escolher um princípio e aplicar
Depois de todas essas etapas, o desafio é encontrar um ponto prático e aplica-lo à vida, como explica nosso Fundador: “Não devemos deixar as grandes ideias de que falamos apenas na cabeça. Precisamos aplicá-las a tudo o que atualmente nos pode tocar na vida. Que devo dizer de mim, resumindo o que já mencionei brevemente (sobre a conquista do espaço)? Devo respeitar minha grandeza, não só como ser espiritual, mas porque participo da vida intratrinitária da Santíssima Trindade”.
[1] KENTENICH, Pe. José. Às Segundas-feiras ao Anoitecer, vol 21 – Nossa vida à luz da fé. Sociedade Mãe e Rainha, 2008. Texto de 29 de maio de 1961.
[2] KENTENICH, Pe. José. Às Segundas-Feiras ao Anoitecer, vol 21 – Nossa vida à luz da fé. Sociedade Mãe e Rainha, 2008. Texto de 1º de maio de 1961
[3] Exemplo retirado de: KENTENICH, Pe. José. Às Segundas-Feiras ao Anoitecer, vol 21 – Nossa vida à luz da fé. Sociedade Mãe e Rainha, 2008. Texto de 1º de maio de 1961
Parabéns à Karen Bruno!
Sempre nos esclarecendo um pouco mais sobre o nosso movimento de schoenstatt e a vida do pai e fundador José Kentenich!
Sou muito feliz por fazer parte deste movimento!!!