Falando sobre o sacramento do Batismo, o Pe. José Kentenich o compara com um barco:
Conhecemos a vida divina que recebemos pelo santo Batismo, ou seja, a nova vida sobrenatural ou graça santificante. É, de certo modo, uma realidade nova na nossa alma. É como se tivéssemos construído um barco para avançarmos mais rapidamente.
O barco é a vida divina que recebemos com a graça santificante. Ele tem remos e tem uma vela… Compreendem a imagem?
Os remos são as virtudes teologais infusas da fé, da esperança e da caridade que recebemos com o santo Batismo: a capacidade de crer, de esperar e de amar. Os remos servem para remar – e remar contra a corrente exige esforço, exatamente como acontece aos filhos de ferro [1]. Eles têm dificuldade em acreditar que Deus existe, que Deus enviou isto ou aquilo. Precisam fazer um esforço, não o conseguem de uma só vez.
Do ponto de vista da dogmática, podemos perguntar: por que é tão difícil ver o bom Deus por trás de todas as coisas terrenas? A resposta é, antes de tudo: porque as coisas terrenas despertam, provocam, atraem demais. Nós percebemos apenas o aspecto exterior das coisas, não conseguimos ver Deus à sua transparência. E por que motivo não o vemos? Aqui têm a decisiva e significativa resposta: porque os dons do Espírito Santo não se desdobraram na nossa alma.
Que significam para nós os dons do Espírito Santo? Continuemos a servir-nos da comparação que já usamos. Suponham que não utilizo apenas os remos, mas ergo a vela. Qual é o efeito? Não preciso fazer grande esforço [para avançar com o barco], porque o vento impele a vela. O Espírito Santo é a vela levantada em nossa alma. Quando é impelida, conseguimos realizar facilmente, naturalmente, os atos mais difíceis. Por isso é importante pedirmos: Vem, Espírito Santo! Melhor ainda é pedirmos à Mãe de Deus que diga: Vem, Espírito Santo, preenche o coração de teus fiéis! Igualmente, rezamos: Envia o teu Espírito e tudo será renovado!
Para o filho de Deus, para o filho do Pai, isto quer dizer, concretamente: se o Espírito Santo vier habitar em nós com seus sete dons, torna-se fácil descobrir Deus Pai em meio ao turbilhão da vida.
Fonte: KENTENICH, Às Segundas-feiras ao Anoitecer – Diálogos com famílias. Vol 3, Reflexo do Pai. Palestras para casais em Milwaukee/EUA. Sociedade Mãe e Rainha. Santa Maria/RS, 2010.
[1] Expressão usada para indicar os filhos que se afastam de Deus. Pe. Kentenich usa como imagem a figura dos filhos de ferro, de prata e de ouro: os filhos de ferro estão voltados para si próprios e para o mundo; os filhos de prata colocam em primeiro plano o próprio eu; os filhos de ouro estão inteiramente voltados para o Pai.