Confiança, atividades e partilha
Karen Bueno – Os últimos dados apresentados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) indicam que o número de desempregados no Brasil, em dezembro de 2021, é de 12,9 milhões de pessoas. Os números trouxeram uma melhora significativa em relação aos últimos anos de pandemia, no entanto, a realidade é ainda complexa. Como cristãos, o importante é não olhar para esse cálculo e ficar paralisado, em estado de desânimo, mas retirar daí um impulso para o pensar criativo, a ousadia da confiança e o protagonismo do recomeço. Isso porque, segundo o olhar do Pe. José Kentenich, “as dificuldades econômicas não conseguem roubar ao verdadeiro cristão seu contentamento interior”.
O Pe. Kentenich compreende o trabalho como uma fonte insubstituível de felicidade, pois permite que, por ele, o homem participe na ação criadora de Deus. Ele escreve: “A ociosidade é mãe de todos os vícios, diz um provérbio. Se isso já sucede na vida particular, quão devastador deve ser o desemprego quando se apresenta como um fenômeno das massas. A sociedade humana prospera mais, sente-se mais feliz e satisfeita, antes com o excesso do que com a falta de trabalho”.
Ele fala aos desempregados…
Sabendo a importância que o trabalho tem na realização do ser humano, o Pe. Kentenich se preocupava com aqueles que perderam seus postos. Por isso, ele orienta: “Se, porém, ficar desempregado e sem salário, como em todas as outras situações da vida, deposita inabalável confiança ‘naquele que alimenta as aves do céu e veste os lírios do campo, sem cuja permissão não cai um pardal do telhado’, e que nos admoesta: ‘Buscai primeiramente o reino de Deus e sua justiça, e tudo o mais vos será dado por acréscimo’ (Mt 6, 33)”.
Ele também aconselha a não passar muito tempo ocioso, mas aproveitar esse tempo de crise para outras atividades criadoras. Assim escreve aos desempregados: “Onde for possível, nunca deixe de providenciar a si mesmo trabalhos que satisfaçam e libertem, ou ao menos estimulem, procurando os meios indicados para dar sentido ao trabalho. Conheço a situação de um jovem pai de família que estava desempregado e sofria muito com certas dificuldades de ordem moral. Apesar de toda a boa vontade, os recursos naturais e sobrenaturais costumeiros não bastavam para superá-las. Um sacerdote muito experiente deu-lhe o conselho de arranjar material adequado e tentar confeccionar brinquedos para seus filhos, em casa. Ele seguiu a orientação recebida. A consequência foi uma grande libertação interior. Esta nova ocupação que ele experimentou como atividade criadora e comunicativa atuou beneficamente em toda sua vida”.
Um terceiro ponto que ele coloca é manter vivo o espírito de caridade, mesmo em período de crise: “O amor de Deus também não o deixa tranquilo enquanto não tenha cumprido o último desejo de Jesus: ‘Dai e vos será dado; uma boa medida, calcada, plena e transbordante, será derramada em vosso seio’ (Lc 6, 38). Compartilha generosamente com o próximo o escasso pão de sua pobreza e assim observa as palavras de João Batista: ‘Quem tem duas túnicas, dê uma ao que nada tem. E quem tiver mantimentos, faça o mesmo’ (Lc 3, 11). [O cristão] Está consciente de que ‘quem auxiliar a um irmão necessitado, estende a mão a Jesus’, o primogênito entre muitos irmãos (Tomás de Kempis). E pode repetir com o apóstolo São Paulo: ‘Sei viver na penúria e sei viver na abundância; estou acostumado com tudo e preparado com o que vier: a ter fortuna e a passar fome, a ter abundância e padecer necessidade. Tudo posso naquele que me dá força’ (FIp 4,12-13)”.
O Pai e Fundador diz tudo isso porque “nas situações difíceis de sua vida, o cristão encontra seu refúgio em Deus. Em verdade, Deus é tudo para ele: Pão, quando tem fome; água, quando tem sede; luz, em meio às trevas; manto, quando está despido”.
Recordando os três pontos:
– Confiar
– Ocupar-se com atividades produtivas
– Ser caridoso (partilhar o que for possível com os irmãos: alimentos, roupas ou mesmo o próprio tempo)
O Pe. Kentenich sempre se preocupava com os seus filhos espirituais e procurava ajudá-los. Peçamos que ele interceda a Deus por todos os que precisam de um novo trabalho:
Oração pela beatificação do Pe. Kentenich
Deus Pai todo-poderoso, és o amor e a misericórdia.
Somente tu, como Pai Onisciente, compreendes tudo o que se passa em mim. Ajuda-me, Pai de Bondade, nesta minha grande aflição. Atende-me por intermédio do Padre José Kentenich. Como fiel sacerdote, ele amou tanto a tua Igreja peregrina e procurou conduzir todos os que dele se aproximavam a um amor pessoal a ti. Foi sábio e humilde conselheiro para todos os que dele precisaram. Concede-me, Pai Eterno, por intercessão do Padre José Kentenich, especialmente a graça (colocar suas intenções e pedidos). Em sinal de gratidão, eu te ofereço o precioso sangue de Cristo, nas intenções da Santa Igreja e por todos os que se encontram em grandes aflições. Querida Mãe, Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Schoenstatt, roga ao Pai Eterno que conceda ao Padre José Kentenich a honra dos altares, como recompensa por todo o bem que fez á Igreja, para o teu louvor e a glória da Santíssima Trindade. Amém.Rezar três vezes o Glória ao Pai…
Fonte das citações:
Pe. José Kentenich. Santidade de Todos os Dias.
Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Schoenstatt passou pela minha casa por uma semana e agora voltou ao terço dos homens e vai para a casa de outro.
Alcançai-nos trabalhos novos aos brasileiros bons cristãos de valores morais fortes e fortalecei-nos nesses valores