A autoeducação encaminha para o equilíbrio no uso dos bens materiais
Gerson Figueiredo – Os tempos de estabilidade e “fartura” são sempre incríveis, mas também permitem que muitos erros passem despercebidos na hora de poupar e economizar. E quando falamos sobre dinheiro e administração de bens pessoais, muitas vezes esses erros podem ser percebidos quando já é tarde demais. É como dizem: “Mar calmo não faz bom marinheiro”! É neste tempo de crise em que vivemos que surgem os bons marinheiros e, para os que ainda não são, é o momento oportuno para se preparar melhor.
A intenção do texto é provocar reflexão e esclarecer sobre os primeiros passos para uma boa gestão financeira pessoal. Não entrarei em detalhes específicos, pois não é o objetivo ser consultor financeiro, mas sim partilhar os primeiros passos da longa e permanente caminhada que é gerir seus recursos.
Na espiritualidade de Schoenstatt tratamos muito do autoconhecimento, da autoeducação e ao falar de gestão financeira, não podemos pensar de outro modo. E, para começar, trago a frase de William Edwards Deming, que diz: “Não se gerencia o que não se mede, não se mede o que não se define, não se define o que não se entende e não há sucesso no que não se gerencia”. Aprofundarei o tema sobre essa ótica, fazendo uso de 4 etapas: Entender, Definir, Mensurar e Gerenciar.
Entender
Embora pareça redundante, por vezes na vida, o óbvio precisa ser dito. Precisa ser dito que nossa missão de vida só é alcançada à medida em que sabemos nos relacionar com os recursos que garantem não somente nossa sobrevivência, mas também nossas possiblidades. O dinheiro não deve ser para nós finalidade, mas sim meio, algo que viabiliza que alcancemos determinado objetivo. Sendo bem direto, se quero dar alimento aos pobres, se quero ajudar alguma comunidade religiosa, se quero ajudar crianças na África ou simplesmente participar de alguma atividade de Schoenstatt (que inclua deslocamento, hospedagem, materiais, etc) o dinheiro será parte necessária nessas experiências.
Por isso, é necessário entender o papel que os recursos financeiros têm em minha vida e, principalmente, a minha posição diante deles.
Definir
Este passo é amplo, pois deve variar de acordo com cada realidade. Compreendendo a relação com os recursos, que são meio para algo, e não finalidade em si, é o momento de você definir aquilo que deseja. O que você quer alcançar a partir dos seus recursos? Intercâmbio, imóvel, carro, reserva? Esta pergunta somente VOCÊ poderá responder. Não tenha medo de ousar. Sugiro apenas que trabalhe com curto (3 a 6 meses), médio (1 a 3 anos) e longo prazo (5 anos em diante).
Mensurar
Trata-se de ter o devido registro sobre tudo o que entra e sai da sua conta e carteira. E ouso afirmar que os equívocos acontecem nos detalhes. Muitos acreditam ter controle sobre suas finanças, mantendo tudo guardado na cabeça, mas nunca vi alguém saber na ponta da língua quanto gastou em feiras de hortifruti (quem tem o hábito semanal) ou quanto gastou de pães para o café ao longo do mês. Isso porque são valores relativamente baixos e considerados irrelevantes. O que de fato são, se isolados, mas como um todo, impactam nas contas, sim!
Não tenho pretensão de fazer propaganda, mas existem aplicativos para controle pessoal de finanças, como o Mobills (para Android, iOS e web desktop – versão gratuita e paga). Nele é possível registrar os mínimos detalhes e personalizar suas categorias para melhor te atender. Há quem prefira o uso de planilhas também. Não tem problema! São várias as opções encontradas na internet. O mais importante nesta etapa é você registrar tudo o que foi gasto, mesmo que seja numa caderneta com tudo feito à mão. Isso se faz importante para você ter dimensão do “para onde” está indo o seu dinheiro e, na próxima etapa, poder compreender onde deve atuar com mais energia.
Gerenciar
Por fim, compreendendo, definindo e mensurando, somos capazes de gerenciar nossos recursos. Por vezes, ao analisar os dados registrados, as pessoas se surpreendem com o tanto que gastam em coisas desnecessárias. Tem, pela web, um “meme” que diz: “Não sabia que de 10 em 10 dava 1.000 reais no cartão”. Pois é, analisando o que se acabou de mensurar, você mesmo chegará às diversas conclusões sobre sua saúde financeira. Com tudo registrado, caberá a você optar sobre qual a melhor forma de gerenciar seus recursos.
Lembre-se que cuidar das finanças pessoais é hábito e não ato esporádico. Fique atento, pois a cada dia teremos novas oportunidades de “escorregar” em nossas metas e gastar com coisas não tão necessárias e assim também poderão surgir emergências que bagunçarão nossos planos. Não podemos procrastinar, como com as dietas, que sempre são postergadas para a próxima segunda-feira e esse dia nunca chega.