O que a Igreja diz sobre a virtude
Ana Paula Paiva – Todos nós buscamos a felicidade, não é mesmo? E ainda que fique claro, desde Santo Tomás de Aquino, que ela não será, contudo, plenamente alcançada nessa vida, só seremos felizes buscando-a.
E é essa finalidade (busca da felicidade) que molda as nossas ações, que são direcionadas a Deus. Como? Por meio da virtude.
Nosso Catecismo nos diz que “A virtude é uma disposição habitual e firme para praticar o bem. Permite a pessoa não somente praticar atos bons, mas dar o melhor de si mesma. A pessoa virtuosa tende para o bem com todas as suas forças sensíveis e espirituais; procura o bem e opta por ele em atos concretos” (CIC 1803).
Por sua vez, nossa Igreja conceitua as virtudes cardeais como sendo aquelas que abrem a porta para todas as outras virtudes – como os polos cardeais, norte, sul, leste e oeste, que nos indicam o caminho, as virtudes cardeais nos indicam as demais virtudes. São classificadas cardeais (pelo nosso Catecismo) a prudência, a justiça, a fortaleza e a temperança.
A prudência é a reta razão do agir, isto é, dispõe a razão e o discernimento para a escolha do bem e como melhor realizá-lo. A justiça denomina toda retidão que ajusta os atos humanos, desta maneira, estabelece harmonia e promove a igualdade em prol das pessoas e do bem comum. A fortaleza é toda constância da alma que assegura ao homem praticante do bem contra o ataque de qualquer mal. Por último, a temperança é a virtude que modera a fascinação pelos prazeres e procura o equilíbrio no uso dos bens criados.
Por que cultivar as virtudes?
As virtudes são hábitos estáveis, que têm como finalidade demonstrar nosso amor a Deus. Elas regulam os nossos atos – do latim, virtude é virtus e significa força, potência – regular nossos atos para mostrar o melhor de nós, tudo o que podemos fazer por Graça, que não é nossa, mas que vem de Deus. As virtudes são, por fim, domínio que nos dá alegria – quem não luta pela santidade, quem se contenta com o improviso, com o mais ou menos, com aquela insatisfação de nunca vencer a si mesmo, é dominado pelo sabor dos ventos, pela vida que sempre terá seus dissabores, dominado pelas contrariedades que sempre vão acometer a vida de nós, adultos – ou seja, quem não luta para alcançar a virtude engessa sua caminhada até o céu, vive uma vida sempre imatura e infantil.
Santo Tomás deixa isso muito claro quando diz que a plena felicidade só será encontrada quando contemplarmos Deus face-a-face. Buscar as virtudes é sempre se deparar com essa verdade: queremos amar mais a Deus em nossas vidas. Queremos ser melhores, queremos ser santos, queremos chegar ao céu – e nossa, como é difícil! Não o caminho de Deus, não a misericórdia infinita e incompreensível, como é difícil vencer a nossa própria tendência, fruto do pecado original, que nos arrasta para baixo.
Como cultivar as virtudes?
Como é difícil vencer, como diz São Paulo, a nossa carne – aliás, toda vez que São Paulo usa esse termo, carne, ele se refere às nossas paixões, às nossas tendências ao pecado – como é difícil vencer a carne e amar a Deus em espírito e verdade!
O Pe. José Kentenich, no livro “Santidade de Todos os Dias”, dedica um longo trecho às formas de se cultivar as pequenas virtudes: “As virtudes a que nos referimos chamam-se pequenas, porque passam quase despercebidas, são pouco apreciadas e valorizadas aos olhos do mundo. Todavia, o cristão dispensa particular atenção a estas virtudes, porque são boas auxiliares na santificação”, diz ele. Vale a pena consultar o livro e, caso você não o tenha, pode encontrar uma síntese sobre as virtudes neste artigo.
Sabemos que nossa sede de felicidade nunca será saciada pelas alegrias vazias deste mundo, então, a busca sincera pela virtude adquire um motor que nos anima e nos dá força: porque vencer essa tendência que arrasta para baixo é decidir, com liberdade de filhos de Deus, a amar mais, a amar melhor, a vencer os vícios, a dizer não aos nossos pecados de estimação, a nos aproximar mais e mais de Deus, Ele sim, a verdadeira felicidade.
Dica:
O podcast Ignis Mariae, em sua quinta temporada, fala sobre as virtudes. Acompanhe o primeiro episódio:
Quantos Santos e quanta coisa bonita acontece no mundo e muitas vezes não tomamos conhecimento!
Portanto minha gratidão a Schoenstattpor por compartilhar destas maravilhas e nos impulsionar para sermos filhos e filhas que buscam a santidade do dia a dia e assim possam dar alegria ao Pai.