“Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o Reino de Deus! Bem-aventurados vós que agora tendes fome, porque sereis saciados! Bem-aventurados vós, que agora chorais, porque havereis de rir! Bem-aventurados, sereis, quando os homens vos odiarem, vos expulsarem, vos insultarem e amaldiçoarem o vosso nome, por causa do Filho do Homem! Alegrai-vos, nesse dia, e exultai, pois será grande a vossa recompensa no céu” (Lc 6, 20-23)
Pe. Afonso Wosny – As bem-aventuranças são a versão neo-testamentária dos dez mandamentos que Moisés nos deixou no Antigo Testamento. Elas são um caminho de vida presenteado por Jesus, uma “chave”, falando em categoria de felicidade, de plenitude de vida, para viver a aliança com Deus e colocar em prática a lei que o Pai nos deixou.
Nesse sentido, as bem-aventuranças são uma oportunidade de crescer a partir da fragilidade, da pequenez, da limitação, da contingência, para uma vida cada vez mais plena, de acordo ao que Cristo chama – e não de acordo com as categorias humanas. Como Jesus diz, ser pobre, chorar, padecer pela fome… são categorias do reino de Deus e não categorias simplesmente humanas.
E, o mais importante: as bem-aventuranças são um caminho de vida, assim como a vida em Aliança de Amor com Maria também é. Um caminho que determina sair da comodidade, da zona de conforto de uma fé instalada para uma vida de liderança cada vez maior na Igreja, de uma vida como instrumentos de Maria na construção de um mundo que seja cada vez melhor. É sair de uma situação cômoda, parada, acomodada, para colocar-se a caminho. E em diversos aspectos…
Colocar-se a caminho no trabalho consigo mesmo. Lembrando sempre que no autoconhecimento, na autoeducação, na autossantificação, a primazia é da graça. Ou seja, é abrindo-se cada vez mais a Deus, à ação de Deus, à ação de Maria que a gente vai ser cada vez mais autoeducado, mais santo, mais cheio de amor. E esse é um paralelo muito claro com a primeira das bem-aventuranças, que é a pobreza de espírito. Não é à toa que ela é a primeira. O papa Bento XVI explica que ela é a primeira bem-aventurança porque o pobre de espírito é o que está mais aberto para acolher o reino. É a condição prévia, uma atitude de abertura, acolhida, são mãos abertas para receber o que Deus mesmo quer entregar.
Nesse sentido, a santidade também não é fruto somente do trabalho humano, mas é um presente da ação de Deus, da graça de Deus, da ação da Mãe no Santuário. A nossa espiritualidade de Schoenstatt, pela Aliança de Amor, também nos chama a sair do conformismo, a trocar essa “cultura da indiferença” pela “cultura da aliança”, da fraternidade, como o Papa Francisco já nos chamou. Isso significa viver com o coração um pouco inquieto: inquieto pela pobreza que existe no mundo, pela tristeza que existe, pelas injustiças… inquieto com a vontade de trabalhar para que tudo o que é ruim deixe de existir. Ao acontecer isso, saindo do comodismo, aí sim a Aliança de Amor estará exercendo toda a sua força transformadora da realidade, transformando, transfigurando a vida a partir dos Santuários.
Um sadio, um santo inconformismo é o caminho que leva da indiferença para o comprometimento. Motiva a colocar-se a caminho. Gera uma peregrinação do pensamento “o que acontece com o outro não me importa”, para um olhar sobre a vida pelo qual eu busco que aconteça cada vez mais uma nova sociedade, uma nova ordem social com os critérios que vêm do evangelho, com os valores que o Pe. Kentenich nos deixou.
Leituras deste domingo:
1ª Leitura – Jr 17, 5-8
Salmo – Sl 1
2ª Leitura – 1Cor 15, 12.16-20
Evangelho – Lc 6, 17.20-26