Jesus se “esconde” no marido, na esposa, no vizinho, em um sacerdote…
Pe. Nicolás Schwizer – Às vezes invejamos a sorte dos contemporâneos de Jesus. Cremos que, se tivéssemos tido o privilégio de viver no tempo de Cristo, o reconheceríamos e, consequentemente, teríamos modificado realmente nossa vida. Entretanto, provavelmente não perceberíamos que Ele estava presente, e mesmo que Ele nos dissesse, não acreditaríamos.
Pensemos, por exemplo, nos donos de pousadas de Belém. Se tivessem sabido que Deus estava ali, lhe abririam a porta, o acolheriam, porque eram pessoas religiosas, como nós. Mas pensavam que eram refugiados, não se sabe de onde, um par de desconhecidos. E não os quiseram receber. Nós os receberíamos? Como crer que Deus poderia se apresentar dessa maneira?
Provavelmente nem sequer seus milagres nos convenceriam. Porque creram em seus milagres apenas aqueles que já acreditavam nele. E, sobretudo, somos tão informais e esquecidos que nem sequer um milagre produziria em nós uma impressão duradoura. Seria possível, por isso, que Jesus estivesse muitos anos a nosso lado e que não o reconhecêssemos.
Sob que condições nós reconheceríamos Cristo? No fundo, compreendemos e apreciamos nos demais principalmente o que desejamos e ansiamos em nós mesmos. Só encontramos aquilo que buscamos, é só para os que chamam que a porta se abrirá. É nossa própria condenação, se não temos vida interior, nem apetite religioso, é porque não somos sensíveis mais que às aparências exteriores.
Apenas os que tinham um pouco de fé viva, de vida espiritual, reparavam em Jesus, sentiam-se atraídos por Ele, sem poder dizer muitas vezes o porquê. Sentiam que ao aproximar-se d’Ele se despertavam as mais profundas e as mais vivas regiões de seu ser. Não precisavam perguntar quem era, porque estavam certos de que era o Senhor. Que outro poderia cegar ao mais íntimo se suas almas?
Os que reconheceram o Senhor, naquele tempo, são os mesmos que também hoje em dia reconheceriam Cristo, porque hoje Cristo segue presente entre nós. Ele não nos deixou órfãos: “Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo” (Mt 28, 20).
A verdade da Encarnação consiste em que Deus se solidariza com os homens. O que se faz aos homens se faz a Deus. Estamos tão perto dele, como estamos perto de nossos irmãos. Ele aparece a todo mundo: em um pobre; num sacerdote; em um santo; na hóstia…Debaixo de todas essas aparências, Cristo mesmo vive, trabalha e nos fala. Parece-nos que a nosso redor nada há mais que homens, cheios de defeitos e faltas. Mas, em verdade, é Deus mesmo que está no meio de nós, mesmo que não o reconheçamos.
Assim, Deus vive em cada ser humano, esperando que o descubramos para começar a crer nele e em sua presença. E, permanentemente, Cristo sai a nosso encontro, em cada irmão. Não esperemos até o último dia para saber que é Cristo mesmo quem tem fome no irmão, que tem sede, que está sozinho ou enfermo, que tem necessidade de nós.
Que nossa fé se antecipe ao juízo final, no qual todos compreenderemos que Deus era Homem e habitava precisamente ao nosso lado!
Perguntas para a reflexão
1. Já pensei ver Jesus no meu cônjuge?
2. Respeito meu cônjuge e familiares como a Jesus?
3. Que ajuda dou aos mais necessitados?
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